Modelo elétrico da BYD promete transformar o transporte de cargas no Brasil, combinando baixo custo operacional, zero emissão de poluentes e tecnologia avançada desenvolvida para reduzir gastos e aumentar a eficiência das frotas comerciais.
Durante décadas, o transporte de cargas no Brasil esteve fortemente atrelado ao diesel, combustível que ainda domina o setor e define boa parte da economia logística nacional.
A ideia de um caminhão elétrico parecia inviável diante das grandes distâncias, da falta de infraestrutura de recarga e dos altos custos tecnológicos.
Mas essa percepção começou a mudar com a chegada da BYD, fabricante chinesa que vem ampliando sua presença silenciosamente no país.
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Enquanto a atenção do público se voltava aos carros elétricos, a marca passou a operar caminhões sem emissões e com funcionamento quase silencioso em diversas cidades brasileiras.
Esses veículos começaram em operações urbanas discretas e hoje fazem parte de frotas comerciais, marcando uma mudança significativa no setor de transporte.
Da bateria de celular à liderança em mobilidade elétrica
Nos anos 1990 e 2000, a China era conhecida por copiar produtos estrangeiros, mas um jovem químico, Wang Chuanfu, decidiu seguir outro caminho.
Fundou a BYD (Build Your Dreams) em Shenzhen, com o objetivo de desenvolver baterias de íon-lítio, ainda caras e pouco dominadas à época.
Essas baterias se tornaram fundamentais para a expansão global dos celulares, permitindo que a BYD crescesse como fornecedora de marcas como Motorola e Nokia.
Em 2003, a empresa deu um salto estratégico ao comprar a montadora Xi’an King Xuan Automobile, unindo o conhecimento em baterias à produção automotiva.

Dois anos depois, lançou o F3DM, um dos primeiros híbridos plug-in do mundo, que podia rodar com eletricidade ou gasolina.
A virada definitiva ocorreu em 2008, quando o investidor Warren Buffett adquiriu 10% da companhia, impulsionando sua valorização e consolidando a marca no mercado global.
A era dos veículos comerciais elétricos
Com o avanço da tecnologia, a BYD passou a investir na eletrificação de ônibus e caminhões.
A criação da Blade Battery, lançada em 2020, representou um marco ao oferecer mais segurança, durabilidade e eficiência.
Essa inovação tornou possível fabricar caminhões elétricos com autonomia e força suficientes para competir com modelos a diesel.
Antes de chegar ao Brasil, a BYD testou suas soluções em Israel e na Tailândia, países que rapidamente adotaram os modelos elétricos pela vantagem de custo e simplicidade de manutenção.
Em seguida, a marca expandiu sua estratégia para a América Latina, com o Brasil como foco principal.
A chegada ao Brasil e os primeiros testes
A entrada oficial da BYD no país ocorreu em 2015, com uma fábrica de chassis de ônibus elétricos em Campinas (SP).
Dois anos depois, a empresa inaugurou uma unidade voltada a módulos fotovoltaicos, reforçando o plano de criar um ecossistema completo de energia limpa.
A estreia dos caminhões elétricos aconteceu com uma parceria com a Corpus Saneamento, em Indaiatuba (SP), para coleta de lixo noturna.
O projeto, iniciado em 2016, demonstrou eficiência e silêncio nas operações urbanas.
O modelo ET8A, lançado em 2018, consolidou o sucesso ao processar até 16 toneladas de resíduos por turno, sem ruído e sem emissão de gases.
Além da coleta, a BYD implementou o conceito “Nights and Day”, em que a energia restante das baterias após o uso noturno é reaproveitada para abastecer os sistemas internos das garagens.
A experiência positiva atraiu novas empresas e inspirou o desenvolvimento de veículos mais robustos.
ET5 e ET18: a nova geração elétrica
A expansão da linha elétrica trouxe o ET5, voltado a entregas urbanas leves, e o ET18, para operações pesadas.
O ET5 possui motor de 197 cavalos, autonomia de 185 km e recarga completa em menos de duas horas.

Com peso bruto total de 7 toneladas e capacidade de carga de até 3,9 mil kg, ele se tornou popular em operações de última milha e logística refrigerada.
Já o ET18 é o destaque entre os caminhões elétricos da marca.
Com 21 toneladas de PBT e capacidade para 13,3 toneladas de carga útil, ele é projetado para distribuição de bebidas e coleta de lixo de grande volume.
O motor entrega 245 cavalos, com autonomia média de 165 km e carregamento rápido em aproximadamente uma hora.
Cada unidade do ET18 evita mais de 130 toneladas de CO₂ por ano, o que equivale ao trabalho de cerca de mil árvores ao longo de duas décadas.
O ET5 também apresenta números expressivos, reduzindo cerca de 107 toneladas anuais de emissões.
Esses índices demonstram o impacto direto da eletrificação no setor de transporte urbano.
Economia e custo operacional
O principal diferencial dos caminhões elétricos da BYD está no baixo custo por quilômetro rodado.
De acordo com a empresa, o ET5 consome cerca de R$ 0,46 por km, considerando a tarifa média de energia elétrica nacional.
Um caminhão leve a diesel, em operação semelhante, ultrapassa R$ 1,00 por km, sem contar a volatilidade do combustível.
Com uma média de 70 mil km anuais, a economia chega a R$ 38 mil por ano e ultrapassa R$ 200 mil em cinco anos, apenas em combustível.
O custo de manutenção é significativamente menor, já que motores elétricos não exigem troca de óleo, embreagem ou sistemas complexos de arrefecimento.
A redução de peças móveis também aumenta o tempo de operação e reduz paradas na oficina.
A BYD prevê que a produção nacional da Blade Battery em Manaus reduza ainda mais os custos logísticos e de importação.

Novas versões do ET18 com autonomia ampliada para 350 km e redução de peso de 100 kg estão em desenvolvimento.
Desafios e próximos passos no país
Apesar dos avanços, o principal obstáculo para a expansão dos caminhões elétricos no Brasil é a infraestrutura de recarga.
Postos compatíveis ainda estão concentrados em grandes centros, dificultando operações intermunicipais e interestaduais.
Mesmo assim, a BYD continua a investir no país e prepara novos lançamentos, como o ET23, voltado à distribuição de bebidas.
O modelo já opera no México em parceria com a Coca-Cola FEMSA e deve chegar ao mercado brasileiro em 2025, após a homologação local.
A fábrica de Camaçari (BA), construída no antigo complexo da Ford, será o maior centro de produção da BYD fora da China, com investimento estimado em R$ 5 bilhões.
O projeto deve gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos e abrigará também um centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador, voltado à adaptação tecnológica ao mercado nacional.
Enquanto o país avança lentamente na eletrificação de frotas, a BYD consolida seu papel como referência em mobilidade sustentável, integrando veículos, baterias e geração de energia limpa.
Com consumo reduzido, operação silenciosa e manutenção simplificada, o ET18 surge como um marco na transição energética brasileira.



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