Calotes de empresas na Argentina disparam com mudanças no câmbio de Milei. Fim dos controles cambiais aumenta custo de captação e provoca maior onda de inadimplência corporativa desde a pandemia
Segundo a Bloomberg, as recentes reformas cambiais do presidente Javier Milei estabilizaram o mercado de moedas na Argentina, mas também resultaram na pior sequência de calotes de empresas na Argentina desde 2020. A flexibilização das regras, que eliminou a maioria dos controles para pessoas físicas, encareceu o financiamento e reduziu o acesso a crédito, empurrando diversas companhias para a inadimplência.
Setores como energia, agricultura e manufatura já registram atrasos em pagamentos de títulos e empréstimos. Desde novembro, foram contabilizados oito casos de default, segundo a Moody’s Ratings, incluindo a concessionária de energia Grupo Albanesi, que já estava em situação financeira delicada antes das mudanças.
Endividamento em alta e fluxo de caixa no limite
O aumento dos calotes de empresas na Argentina está diretamente ligado a um modelo de financiamento que deixou de ser viável. Antes da atual política cambial, companhias se beneficiavam de títulos indexados ao dólar, liquidados em pesos, garantindo taxas mais baixas. Com o estreitamento da diferença entre câmbio oficial e paralelo, o interesse por esses papéis despencou, enquanto o custo de emissão subiu.
-
Aprovada no Senado em tempo recorde, PEC 81/2015 promete mudar a Constituição e blindar milhões de idosos contra fraudes digitais e financeiras
-
Por que um país simplesmente não liga as impressoras do Banco Central para imprimir mais dinheiro e salvar a economia? Isso, na verdade, pode gerar inflação brutal e até colapso total
-
BC revela ranking dos países investidores no Brasil: EUA lideram com US$ 232,8 bi; Países Baixos caem para 5º por serem rota do dinheiro
-
Tarifaço de 50% dos EUA atinge carne, café, frutas e máquinas, mas Alckmin diz que aceno de Trump a Lula abre chance de acordo histórico
As taxas médias de juros desses títulos saltaram de 5% para 11% em um ano. Isso reduziu drasticamente a emissão: de US$ 165 milhões no primeiro trimestre de 2024 para apenas US$ 2 milhões no mesmo período de 2025. Sem alternativas baratas, empresas estão migrando para títulos denominados em dólar, que mantêm juros próximos de 6%, mas exigem capacidade de pagamento mais robusta.
Setores mais afetados e riscos à frente
Agronegócio, energia elétrica e indústria de transformação são os segmentos mais impactados pela nova política. O encarecimento do crédito e a valorização do peso comprimiram margens de lucro, aumentaram custos e reduziram competitividade frente a importados. Para empresas de médio e pequeno porte, a situação é ainda mais crítica, já que o acesso a financiamento local secou.
Segundo José Antonio Molino, da Moody’s Argentina, os riscos de refinanciamento continuarão elevados nos próximos 12 a 18 meses, devido à baixa liquidez no mercado doméstico. Muitas companhias já renegociam dívidas ou recorrem a acionistas para injetar capital e evitar um default formal.
Perspectiva econômica
Embora Milei defenda que parte desse cenário faça parte de uma “destruição criativa” para reestruturar a economia, a inadimplência elevada gera preocupação. Analistas afirmam que, se não houver melhora no fluxo de caixa das empresas, o número de calotes de empresas na Argentina pode crescer, dificultando a recuperação econômica e afastando novos investimentos.
E você? Acredita que essa estratégia de Milei vai fortalecer a economia no longo prazo ou os calotes vão frear a recuperação argentina? Deixe sua opinião nos comentários.