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Caiu em golpe ou transferiu Pix errado? Entenda como funciona o MED, o sistema que pode devolver seu dinheiro

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 26/06/2025 às 10:34
Caiu em golpe ou transferiu Pix errado? Entenda como funciona o MED, o sistema que pode devolver seu dinheiro
Créditos: YT – Nando Cardoso
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Saiba como o MED – sistema de devolução do Banco Central – pode ajudar vítimas de fraudes ou falhas em transferências via Pix. Veja prazos, regras e quando é possível recuperar o dinheiro após uma transferência Pix errada

O MED (Mecanismo Especial de Devolução) é uma ferramenta criada pelo Banco Central para aumentar a segurança nas transações feitas via Pix. Em vigor desde novembro de 2021, o sistema tem o objetivo de permitir o bloqueio e possível devolução de valores em casos de fraudes ou falhas operacionais.

Ou seja, se você foi vítima de um golpe ou houve algum erro técnico durante uma transferência, o MED pode ser acionado para tentar recuperar o dinheiro. O recurso é obrigatório para todas as instituições financeiras que oferecem Pix, e segue regras e prazos definidos pelo próprio Banco Central. O sistema surgiu como resposta ao aumento dos golpes envolvendo transferências instantâneas e tem ajudado, ainda que com limitações, a proteger os usuários.

Em quais casos o MED pode ser usado

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O MED pode ser utilizado principalmente em dois contextos:

Quando há fraude ou golpe, como, por exemplo:

  • Engenharia social (fraudes emocionais, sequestro-relâmpago ou extorsão via aplicativos de mensagem);
  • QR Code adulterado;
  • Clonagem de perfis em redes sociais;
  • Links falsos.

Em erros operacionais, como:

  • Pagamentos duplicados por falhas do sistema do banco;
  • Falhas técnicas que causam lançamentos indevidos.

Importante destacar que o MED não se aplica em casos de erro humano, como digitar a chave Pix errada ou enviar para o contato errado. Nesses casos, a devolução depende exclusivamente da boa vontade de quem recebeu o valor.

Como funciona o MED na prática?

O acionamento do MED deve ser feito diretamente no banco ou instituição financeira onde foi realizada a transferência Pix errada, ou fraudulenta. A solicitação pode ser feita pelo aplicativo, internet banking ou pelos canais de atendimento.

O passo a passo é o seguinte:

  • Ao perceber o golpe ou erro, o cliente deve solicitar a abertura do processo de devolução imediatamente.
  • O banco envia a solicitação ao banco do recebedor, que pode bloquear imediatamente os valores da conta suspeita, caso ainda estejam disponíveis.
  • Após isso, começa o processo de análise, que pode levar até 7 dias úteis.
  • Se confirmada a fraude ou falha, o dinheiro é devolvido em até 96 horas.
  • Caso o valor já tenha sido sacado ou transferido, a conta do recebedor fica sob observação por até 90 dias, à espera de novos créditos que possam ser retidos para posterior devolução.

Prazo para acionar o sistema de devolução Pix

O pedido para ativar o MED deve ser feito em até 80 dias corridos após a realização da transferência via Pix. Depois desse período, o sistema não permite mais a solicitação, mesmo em casos de golpe comprovado.

Por isso, a agilidade do usuário é essencial. Quanto mais cedo o banco for comunicado, maiores as chances de bloquear o valor antes que ele seja movimentado pelo golpista.

Efetividade e estatísticas do MED

Apesar de ser uma ferramenta importante, o MED ainda enfrenta desafios em termos de efetividade. Segundo dados divulgados pelo Banco Central e pela Febraban:

  • Apenas cerca de 9% das solicitações de devolução via MED são concluídas com sucesso.
  • A maioria dos casos é inviabilizada pela ausência de saldo na conta do destinatário ou pelo encerramento da conta antes da análise.
  • Um levantamento da empresa de segurança Silverguard aponta que 89% dos casos não resultam em recuperação de valores por esses motivos.

Esses números mostram que, embora o sistema exista e funcione, recuperar o dinheiro não é garantido. A rapidez no acionamento é o fator mais determinante para o sucesso do processo.

O que muda com o MED 2.0

Em desenvolvimento desde 2024, o chamado MED 2.0 promete ampliar as capacidades do sistema atual. A ideia é incluir novas camadas de proteção, permitindo o bloqueio em cadeias de transações que envolvam múltiplas contas — uma prática comum entre golpistas que rapidamente espalham o valor recebido por várias contas.

A nova versão do sistema está sendo elaborada pelo Banco Central em parceria com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e deve ser lançada entre o final de 2025 e o início de 2026.

A expectativa é de que o MED 2.0 aumente a efetividade da recuperação de valores em casos de golpes, já que hoje muitos criminosos conseguem driblar o sistema atual com movimentações rápidas e múltiplas contas.

O que fazer em caso de transferência Pix errada

Como o MED não cobre todos os tipos de erro, é essencial saber como agir caso você tenha enviado dinheiro para a pessoa errada por engano:

  • Entre em contato com o recebedor e peça educadamente a devolução do valor.
  • Guarde comprovantes da transação.
  • Caso o recebedor se recuse a devolver, você pode registrar um boletim de ocorrência e buscar a Justiça.

Alguns bancos já oferecem ferramentas que facilitam esse processo, como botões de solicitação de estorno dentro do próprio aplicativo. No entanto, o retorno do valor não é obrigatório por lei nesses casos.

Por isso, atenção máxima antes de confirmar qualquer envio é a melhor forma de se proteger.

Dicas de segurança para evitar golpes no Pix

A melhor forma de não depender do MED é prevenir situações de golpe. Veja algumas recomendações essenciais:

  • Verifique os dados antes de confirmar qualquer transferência.
  • Desconfie de mensagens com tom de urgência ou apelos emocionais.
  • Não compartilhe dados sensíveis, como senhas ou tokens de segurança.
  • Cuidado ao escanear QR Codes em ambientes públicos ou compartilhados via redes sociais.
  • Utilize autenticação em dois fatores (2FA) no aplicativo do banco e em aplicativos de mensagens.

Essas ações simples ajudam a reduzir consideravelmente o risco de cair em fraudes digitais.

Por que o MED é relevante para o usuário comum?

Mesmo com suas limitações, o MED representa um avanço importante na proteção dos consumidores brasileiros que usam o sistema Pix diariamente. Com o crescimento exponencial do Pix no Brasil — que já superou 160 milhões de usuários cadastrados até o início de 2025 —, a preocupação com segurança e confiança nas transações é cada vez maior.

O sistema ainda está em evolução, mas oferece um caminho formal e institucionalizado para tentar recuperar o dinheiro perdido em situações de golpe ou erro técnico.

Com a chegada do MED 2.0, espera-se que esse caminho fique mais eficaz e abrangente. Para o usuário comum, entender como o MED funciona é uma forma de se proteger e agir rapidamente, caso algo saia do controle.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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