Montadora anuncia acordo inédito em Camaçari com reajustes escalonados que impactam diretamente metade da força de trabalho, trazendo retroativos e abrindo nova fase de negociações sobre salários internos.
A BYD Auto do Brasil firmou em 18 de setembro de 2025 seu primeiro acordo salarial com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, aprovado em assembleia dos trabalhadores.
O entendimento vale exclusivamente para operadores logísticos e operadores de produção da unidade em implantação no município baiano e reajusta o piso de R$ 1.950,00 para R$ 2.067,00 já em setembro, com pagamento retroativo a julho e agosto.
O acordo tem vigência de 12 meses.
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Acordo aprovado em assembleia
Segundo a empresa, a proposta foi construída para garantir ganhos imediatos às funções de entrada na linha de produção e no fluxo de peças.
“Propusemos este primeiro acordo salarial, com ganhos diretos para os trabalhadores, e o sindicato aceitou a nossa proposta, que foi levada para aprovação em assembleia”, afirmou Rodrigo Rosseto, gerente sênior de Recursos Humanos da BYD.
Reajustes escalonados definidos
O texto aprovado estabelece dois aumentos adicionais por escalas de tempo.
Após três meses de trabalho, o piso para operadores logísticos e de produção passa a R$ 2.273,00.
Outros três meses depois, o piso sobe a R$ 2.500,00, o que representa 28,2% a mais em relação ao valor original de R$ 1.950,00.
A estrutura escalonada cria uma trajetória de remuneração definida para quem inicia nessas posições e permanece no posto durante os períodos previstos.
Impacto no complexo de Camaçari
A BYD informa que o complexo industrial em Camaçari conta atualmente com cerca de 1,5 mil trabalhadores em atividade, número que inclui áreas de construção, montagem e apoio.
Os operadores de logística e de produção, público diretamente coberto pelo acordo, correspondem a aproximadamente 50% dessa força de trabalho.
Outras funções seguirão o dissídio
Para as demais posições da fábrica, a BYD diz que os reajustes seguirão o dissídio coletivo da categoria.
A companhia não detalhou prazos ou índices aplicáveis a áreas como qualidade, manutenção e liderança, que têm estruturas salariais próprias e, em geral, são ajustadas em negociações específicas ou por acordos setoriais.
Sindicato valoriza mobilização
A direção sindical associou o resultado à mobilização no chão de fábrica.
“Esse aumento expressivo é fruto da organização e da luta junto ao sindicato. Só com unidade conquistamos resultados dessa grandeza”, declarou Julio Bonfim, representante do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari.
Para o dirigente, o desfecho cria uma referência para a sequência de negociações ao longo do ciclo anual do acordo.
Equalização salarial em debate
O sindicato informou que a próxima reivindicação tratará da equalização interna.
A entidade cita áreas como qualidade, manutenção, operação de empilhadeira, liderança, funilaria, estamparia, ajuste e solda, nas quais vê discrepâncias em relação à remuneração.
Na avaliação de Bonfim, a elevação do piso de produção e logística torna necessária uma revisão dos salários desses outros grupos para “garantir justiça e equilíbrio”.
A BYD não comentou, até o momento, parâmetros ou cronogramas para eventuais readequações internas além do que já foi anunciado.
Retroativo e folha de pagamento
O primeiro efeito prático para quem está nas funções contempladas é o crédito do retroativo referente a julho e agosto, além do novo piso em setembro.
Em seguida, a evolução para R$ 2.273,00 e, posteriormente, para R$ 2.500,00 ocorrerá conforme os marcos de tempo definidos no acordo.
A abrangência restrita a operadores e a duração de 12 meses indicam que a revisão das demais carreiras seguirá outro rito, ligado ao dissídio e a negociações específicas.
Projeto industrial em expansão
O pacto trabalhista chega enquanto a BYD acelera a instalação do seu complexo industrial em Camaçari, que ainda está em fase de implantação.
O esforço de contratação para logística e produção explica a ênfase nessas posições e o desenho de um piso progressivo, usual em fases de rampa operacional.
Além de uniformizar a remuneração de entrada, o acordo busca reduzir a rotatividade em funções críticas para abastecimento, montagem e estabilização dos processos fabris.
Expectativas para novas negociações
A interlocução entre BYD e sindicato permanece aberta para tratar de pontos adjacentes, como a estrutura de carreiras, possíveis gratificações por função e compensações associadas a turnos e metas.
Embora o título da negociação destaque o impacto do reajuste no setor, a própria dinâmica industrial indica que outras montadoras e sistemistas podem adotar agendas próprias ao longo do ano, conforme seus acordos coletivos e condições regionais.
Próximos passos do diálogo
Enquanto os trabalhadores contemplados aguardam os lançamentos retroativos e as elevações previstas, o sindicato sinaliza que deve intensificar as conversas sobre equiparações internas.
A empresa, por sua vez, registra que seguirá o dissídio para os demais cargos.
O estágio atual consolida um piso mais alto para a base produtiva e, ao mesmo tempo, abre uma frente de discussão sobre coerência remuneratória entre áreas técnicas e de apoio.
Na sua avaliação, quais critérios devem orientar a equalização salarial dentro de um parque fabril em expansão?