Um estúdio no Niemeyer 360, na Barra da Tijuca, foi vendido por R$ 740 mil pagos integralmente em USDT (Tether), via plataforma TokenHaus (HausBank), em uma operação inédita no Brasil que liquidou “on chain” e distribuiu os valores “off chain” em reais aos envolvidos.
Um investidor russo comprou um imóvel no Rio usando criptomoeda do começo ao fim, sem as conversões tradicionais de câmbio. O pagamento foi feito em USDT, stablecoin atrelada ao dólar, e a vendedora recebeu reais de forma automática.
A negociação ocorreu no Niemeyer 360 (antiga Torre H), na Barra da Tijuca, e foi processada pela TokenHaus, do HausBank, que afirma ter usado um protocolo autoexecutável para automatizar liquidação e divisão entre vendedora, imobiliária e prestadores.
Para o mercado, o caso sinaliza avanço da tokenização imobiliária e pode abrir portas a compradores estrangeiros que já operam com cripto, reduzindo custos e prazos de transferência internacional.
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A operação foi noticiada por veículos locais e setoriais na semana de 9 a 18 de setembro de 2025, reforçando o caráter pioneiro, compra integral em cripto, com liquidação em blockchain e liquidez em reais.
Como funcionou a compra com cripto no Brasil
O pagamento em USDT foi liquidado “on chain”, garantindo rastreabilidade e registro imutável. Na sequência, a distribuição “off chain” converteu os valores para reais e os repassou automaticamente para vendedora, imobiliária e demais profissionais. Esse desenho reduz etapas manuais e custo operacional.
Segundo reportagens, o modelo mitigou barreiras como spread cambial, ordens internacionais e prazos bancários. Ao mesmo tempo, preservou o ambiente regulado na ponta em reais, alinhando inovação tecnológica a práticas de mercado.
A TokenHaus, ligada ao HausBank, se apresenta como infraestrutura para operações tokenizadas e pagamentos setoriais. O banco, lançado em 2025, afirma foco exclusivo no ecossistema imobiliário (corretores, incorporadoras, imobiliárias) e oferta soluções de comissões, boletos inteligentes e pagamentos.
O ativo comprado fica no Niemeyer 360, retrofit da antiga Torre H na Avenida das Américas, com tipologia de studios e áreas de lazer — um alvo típico de investidor em locação de curto ou médio prazo.
Por que o caso é chamado de “inédito” e o que muda
No Brasil, já havia iniciativas de tokenização e testes de blockchain no mercado financeiro, mas a venda integralmente paga em cripto com liquidação on chain e distribuição em reais para todos os participantes é destacada como marco operacional no segmento imobiliário residencial.
Especialistas ouvidos por veículos do setor afirmam que o mecanismo atrai capital estrangeiro, acelera prazos e reduz fricções de câmbio e compliance quando as trilhas de auditoria on chain são bem implementadas. Em mercados como EUA, Portugal e Emirados Árabes, transações imobiliárias em cripto já avançam, sobretudo em luxo.
Para corretores e incorporadoras, a automação de comissões e repasse de honorários dentro do fluxo de pagamento pode diminuir erros e disputas, além de dar previsibilidade ao caixa.
O movimento dialoga com a tendência mais ampla de tokenização de ativos, que vem ganhando tração global para reduzir custos, agilizar liquidações e modernizar infraestrutura de investimentos.
Riscos, regulação e próximos passos do mercado
Apesar do ganho de eficiência, riscos permanecem: volatilidade (mitigada no caso por uso de stablecoin), fraudes, lavagem de dinheiro e falhas operacionais exigem KYC/AML robusto, política de custódia bem definida e contratualização alinhada ao Código Civil e aos órgãos de registro de imóveis.
A execução “on chain” não elimina obrigações tributárias e cartorárias; ela documenta e acelera etapas financeiras. Em paralelo, cresce o interesse em fatiar economicamente imóveis via tokens (sem ferir regras de condomínio ou valores mobiliários), ampliando o acesso de investidores a tickets menores.
Se casos como o da Barra se multiplicarem, bancos, cartórios e reguladores deverão clarificar normas, padrões de interoperabilidade e governança — condição crítica para que o capital internacional veja o Brasil como destino seguro e eficiente para transações imobiliárias em cripto.
No curto prazo, a expectativa é de mais pilotos com stablecoins, integração com sistemas de pagamento locais e educação do mercado para corretores e compradores sobre riscos e boas práticas.
O que este caso revela sobre o Brasil de 2025
A venda no Niemeyer 360 coloca o Rio de Janeiro no mapa global de experiências que unem blockchain e real estate. Ao permitir que o comprador pague em cripto e a vendedora receba em reais de forma automatizada, o modelo reduz atritos e abre portas a novos perfis — de investidores estrangeiros a nômades digitais.
Para o HausBank/TokenHaus, o negócio serve como prova de conceito pública de que a tecnologia funciona no mundo real. Para o mercado, é um sinal de que a tokenização saiu do discurso e começou a mudar processos — mesmo sem uma grande reforma regulatória.
Se houver escala e padrões claros, o Brasil pode ganhar competitividade para captar poupança global e financiar projetos com menos custo e tempo. O desafio é equilibrar inovação e segurança jurídica.
Quer ver mais negócios assim no Brasil ou teme risco e opacidade com cripto? Deixe seu comentário: você prefere velocidade e automação com blockchain ou acha que o país deveria endurecer regras antes de ampliar o uso de stablecoins no mercado imobiliário?