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Briga de gigantes: Entenda por que Jeff Bezos, fundador da Amazon, pode não ser mais a principal AMEAÇA espacial de Elon Musk

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 28/09/2024 às 16:00
Jeff Bezos, Elon Musk, Amazon,
Foto: Reprodução

Jeff Bezos pode estar perdendo o posto de maior ameaça a Elon Musk na corrida espacial. Descubra quem pode tomar esse lugar e o que está por trás dessa mudança

A crescente rivalidade entre os principais players da indústria espacial, Elon Musk e Jeff Bezos, domina os holofotes nos últimos anos. No entanto, à medida que a outro player avança em suas ambições aeroespaciais, Jeff Bezos pode deixar de ser visto como a principal ameaça ao domínio espacial de Musk.

Em artigo publicado recentemente, a Bloomberg destacou que a China está se posicionando estrategicamente para ser um adversário à altura, investindo em startups aeroespaciais e empresas estatais visando criar foguetes reutilizáveis que possam levar satélites à órbita da Terra com maior frequência e a um custo reduzido.

O despertar da concorrência da China – Jeff Bezos ficou para trás?

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 foguete de teste reutilizável Zhuque-3 desenvolvido pela empresa privada chinesa de foguetes LandSpace – (Xinhua)

O avanço da China em foguetes reutilizáveis está sendo liderado por empresas como a LandSpace Technology Corp. e a Deep Blue Aerospace Technology Co., ambas desempenhando um papel crucial na transformação do país em uma potência espacial competitiva.

Recentemente, o foguete Zhuque-3 da LandSpace completou um teste de decolagem e pouso vertical bem-sucedido, demonstrando um significativo progresso no desenvolvimento de tecnologia de reutilização. Para Huo Liang, CEO da Deep Blue, a SpaceX de Musk ainda é o principal modelo a ser seguido, mas ele enfatiza que a China está próxima de alcançar avanços igualmente notáveis.

Esse cenário é reforçado pelo sucesso da SpaceX em transformar a reutilização de foguetes em um padrão da indústria. Desde 2017, a empresa de Elon Musk tem reutilizado os propulsores de seus foguetes, o que lhe permitiu reduzir os custos de lançamentos e aumentar a frequência de missões.

Esse modelo também tem sido crucial para o crescimento do projeto Starlink, com mais de 6.000 satélites já lançados. A reutilização não só garante uma vantagem econômica à SpaceX, como também consolida sua liderança no mercado de lançamentos comerciais, algo que Pequim almeja replicar.

Desafios para a Blue Origin e a corrida de Jeff Bezos

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Jeff Bezos na plataforma de lançamento da Blue Origin (Crédito da imagem: Blue Origin)

A empresa de Jeff Bezos, Blue Origin, tem buscado rivalizar com a SpaceX, mas os progressos têm sido mais lentos. Enquanto a SpaceX já realiza lançamentos comerciais frequentes com o Falcon 9, a empresa de Jeff Bezos ainda enfrenta desafios para consolidar o desenvolvimento do New Glenn, foguete projetado para competir diretamente com Musk no mercado de lançamentos orbitais.

O New Glenn, prometido para realizar ao menos 25 voos reutilizáveis, está com sua estreia prevista para novembro, quatro anos após o cronograma inicial.

Embora a Blue Origin de Jeff Bezos tenha alcançado avanços com o New Shepard, que realiza voos suborbitais levando passageiros ao espaço por alguns minutos, a empresa ainda está distante da rotina de lançamentos orbitais que a SpaceX já domina. Isso coloca Jeff Bezos em uma posição menos competitiva, enquanto a China surge como um novo e potencial rival capaz de desafiar Musk.

As ambições chinesas no espaço

A estratégia da China não se limita à competição comercial. Para o governo chinês, a conquista do espaço tem um valor simbólico e estratégico, refletindo o orgulho nacional e a segurança do país.

O presidente Xi Jinping enxerga uma indústria espacial comercial robusto como essencial para o desenvolvimento do país e para sua posição global.

Foguetes reutilizáveis são fundamentais para que Pequim possa competir com os EUA e a SpaceX no fornecimento de serviços espaciais ao redor do mundo, além de construir uma rede de satélites orbitais para seus próprios projetos, como uma base lunar e uma estação de energia solar orbital.

A busca por foguetes reutilizáveis já levou a China a conduzir testes importantes. Empresas estatais como a China Aerospace Science and Technology Corp. (CASC) e a China Aerospace Science and Industry Corp. (CASIC) realizaram experimentos semelhantes, destacando-se o teste no deserto de Gobi, em junho deste ano.

O país planeja realizar voos comerciais de foguetes reutilizáveis até 2025, com o objetivo de reduzir custos e aumentar a frequência de lançamentos, o que permitiria a construção de uma infraestrutura espacial sólida.

A corrida pelo domínio dos foguetes reutilizáveis

Embora as startups chinesas estejam conquistando avanços importantes, a transição para uma rotina de lançamentos com foguetes reutilizáveis pode levar tempo.

O processo envolve inúmeros ciclos de teste e desenvolvimento de tecnologias, como evidenciado por contratempos recentes. Em um teste realizado em junho, um foguete da Beijing Tianbing Technology Co. se chocou contra uma montanha, demonstrando que, embora os progressos sejam significativos, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a SpaceX.

A competição com a SpaceX também não está restrita à China. Empresas europeias e japonesas estão enfrentando desafios semelhantes. A ArianeGroup, uma joint venture entre a Airbus e a Safran, e a Mitsubishi Heavy Industries estão desenvolvendo suas próprias estratégias para foguetes reutilizáveis. Entretanto, essas iniciativas ainda estão em fases preliminares, com o CEO da Mitsubishi Heavy afirmando que a empresa não está desenvolvendo nada concreto no momento.

O papel da SpaceX no cenário global

A vantagem da SpaceX em reutilização de foguetes tem sido crucial para seu domínio. A capacidade de lançar satélites com frequência e a um custo relativamente baixo tem permitido à empresa conquistar uma fatia considerável do mercado global, praticamente monopolizando os serviços de lançamento espacial.

A Starlink, rede de internet global da SpaceX, está desempenhando um papel crucial em zonas de conflito, como a Ucrânia, além de fornecer conectividade para regiões carentes ao redor do mundo.

A presença da Starlink também é vista como uma ameaça estratégica pela China. Pequim reconhece a importância de competir diretamente com Musk, tanto no desenvolvimento de foguetes reutilizáveis quanto na criação de redes próprias de satélites.

Peter Garretson, especialista em estudos de defesa, ressalta que a China precisa dessas tecnologias para realizar seus ambiciosos projetos espaciais e econômicos, como a construção de uma base de pesquisa na Lua.

O financiamento estatal e o futuro da competição

Uma das grandes vantagens da China é o suporte estatal massivo ao seu programa espacial. Em 2023, o governo chinês investiu cerca de US$ 14 bilhões em seu programa espacial, grande parte direcionada a empresas estatais.

Além disso, empresas privadas chinesas são amplamente subsidiadas por fundos governamentais, o que lhes permite acesso a tecnologias e infraestruturas cruciais para o desenvolvimento de foguetes reutilizáveis.

A Deep Blue, por exemplo, levantou US$ 141 milhões de investidores locais em julho, enquanto a rival Orienspace captou cerca de US$ 82 milhões no início do ano. Esses recursos são essenciais para que as startups chinesas continuem seus avanços e possam, eventualmente, rivalizar com a SpaceX.

No entanto, o caminho para que a China forme um “campeão nacional” capaz de derrotar Elon Musk ainda é incerto.

Embora Jeff Bezos e sua Blue Origin continuem sendo uma ameaça importante para a SpaceX de Elon Musk, o verdadeiro adversário pode vir da China.

Com um governo disposto a investir massivamente no desenvolvimento de foguetes reutilizáveis e startups ávidas por imitar — e superar — os feitos da SpaceX, Pequim está posicionada para redefinir a indústria espacial nas próximas décadas.

O mundo está de olho para ver se as ambições aeroespaciais da China conseguirão enfrentar e, quem sabe, vencer o desafio lançado por Musk.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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