BRICS Pay promete reduzir o uso do dólar no comércio internacional, baratear transações e fortalecer o bloco no cenário global.
O BRICS está acelerando a implementação de um sistema de pagamentos que pode transformar o comércio global e reduzir a dependência histórica do dólar. Chamado de BRICS Pay, o projeto é descrito por alguns especialistas como um “Pix internacional” entre países que juntos concentram mais de 40% da população mundial e respondem por cerca de 26% do PIB global.
A ideia é simples no papel, mas complexa na execução: criar uma plataforma que permita que transações comerciais entre os membros do BRICS sejam liquidadas diretamente nas moedas nacionais, evitando a conversão para dólares ou euros. Na prática, isso diminuiria custos de transação, reduziria exposição a sanções financeiras e daria mais autonomia econômica ao bloco.
O que é o BRICS Pay e como ele funciona
O BRICS Pay é um sistema de mensagens e liquidação financeira descentralizado, inspirado em soluções já existentes como o CIPS (da China) e o SPFS (da Rússia), mas com a proposta de interligar todos os membros do bloco.
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Ele funcionaria como um canal seguro para que bancos, empresas e governos realizem pagamentos internacionais usando moedas como o real, yuan, rúpia, rublo, rand ou outras moedas de países recém-ingressos como Egito e Emirados Árabes.
Não se trata, neste momento, de criar uma moeda única — projeto que continua no campo das ideias. O foco é viabilizar o uso das moedas locais de forma prática, rápida e com taxas mais competitivas. Além disso, o sistema promete integração com plataformas bancárias nacionais, permitindo que empresas exportem ou importem sem passar obrigatoriamente pelo dólar como intermediário.
Por que o BRICS quer reduzir a dependência do dólar
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o dólar se consolidou como a principal moeda de comércio internacional. Hoje, cerca de 84% das transações globais usam a moeda americana. Isso dá aos Estados Unidos uma vantagem estratégica e econômica, além do poder de aplicar sanções financeiras que isolam países de sistemas como o SWIFT.
Para o BRICS, a dependência do dólar significa vulnerabilidade. Em cenários de tensão geopolítica, como guerras ou disputas comerciais, membros do bloco podem sofrer restrições no acesso ao sistema financeiro global. Além disso, a conversão cambial para dólar aumenta custos e torna as exportações menos competitivas.
Avanços recentes e países que lideram o projeto
Durante a cúpula do BRICS em julho de 2025, líderes reafirmaram o compromisso de acelerar a implantação do BRICS Pay.
China e Rússia são as nações mais avançadas na adoção de sistemas alternativos ao dólar e vêm conduzindo testes com transações bilaterais usando moedas locais. O Brasil, por sua vez, sinalizou interesse em integrar o sistema para ampliar as exportações agrícolas e de energia para outros países do bloco.
Além disso, a recente expansão do BRICS para incluir Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã e Indonésia aumenta o alcance do sistema e o potencial de movimentar centenas de bilhões de dólares em comércio anual — só que sem usar o dólar.
Impactos para o comércio brasileiro com a chegada do sistema Brics pay
Para o Brasil, o BRICS Pay pode ser um divisor de águas, especialmente para setores como agronegócio, mineração e energia. Atualmente, grande parte das exportações para China e Índia, por exemplo, passa pelo dólar, o que gera custos adicionais. Com o BRICS Pay, exportadores poderiam receber diretamente em yuan ou rúpias, convertendo para reais com menor perda cambial.
Outro benefício seria a abertura de novas rotas comerciais com países que hoje têm pouca participação nas exportações brasileiras, mas que, dentro do BRICS, ganhariam mais relevância. Emirados Árabes e Irã, por exemplo, são grandes importadores de alimentos e combustíveis, e poderiam aumentar compras sem barreiras cambiais impostas pelo dólar.
Desafios e riscos do BRICS Pay
Apesar do potencial, a implementação do BRICS Pay enfrenta desafios significativos. Entre eles:
- Infraestrutura tecnológica: garantir que o sistema seja seguro, rápido e compatível com os diferentes sistemas bancários nacionais.
- Volatilidade cambial: moedas de países emergentes sofrem mais com flutuações, o que pode dificultar a precificação de contratos.
- Confiança e adesão: convencer empresas e bancos a adotarem um sistema novo exige tempo e resultados concretos.
- Pressões geopolíticas: países fora do BRICS, especialmente os Estados Unidos e União Europeia, podem ver o projeto como uma ameaça e reagir politicamente.
Especialistas analisam o futuro do sistema do BRICS
Economistas apontam que, se o BRICS Pay for implementado com sucesso, ele pode representar a maior mudança no comércio internacional desde a criação do euro. No entanto, eles alertam que o projeto precisa ser gradual e transparente para ganhar credibilidade.
Segundo o economista russo Sergey Glazyev, “a independência financeira é um passo essencial para que países do Sul Global tenham mais voz nas decisões econômicas mundiais. O BRICS Pay é mais do que um sistema de pagamentos; é uma ferramenta de soberania”.
Um cenário de futuro: 2030
Em um cenário otimista, até 2030 o BRICS Pay poderia movimentar centenas de bilhões de dólares por ano em transações sem dólar, tornando-se o principal canal de comércio entre economias emergentes. Isso reduziria custos, aumentaria a competitividade e enfraqueceria a hegemonia do dólar em alguns mercados.
Por outro lado, se enfrentar resistência interna ou dificuldades técnicas, o sistema pode acabar restrito a acordos bilaterais entre poucos membros, perdendo força como alternativa global.
O BRICS Pay surge como um projeto ambicioso que, se implementado com sucesso, pode mudar as regras do comércio internacional. Mas ele também enfrenta obstáculos que exigem cooperação e confiança entre países com interesses nem sempre alinhados.
A pergunta que fica é: o Brasil está pronto para adotar um sistema que rompe com décadas de dependência do dólar e abre caminho para um comércio mais independente?
Dólar está com seus dias contados.
Grande parte do poder econômico dos EUA vem de sua moeda ser hegemônica no comercio mundial.
Brics pay quebra essa hegemonia.
Próximo passo: como o fim da hegemonia do dolar, as commodity exchanges:
• NYMEX (Nova York) → petróleo, gás natural
• CBOT (Chicago Board of Trade) → milho, soja, trigo
• COMEX → ouro, prata, cobre
• ICE (Intercontinental Exchange) → café, açúcar, algodão
Deixarão de “ditar” os preços internacionais e provavelmente os Brics fixarão, principalmente os agrícolas.
O que está por trás desse novo meio de pagamento? Só tentar minar a força do dólar? Com tão poucos países? O Euro tinha muito mais cacife e não conseguiu