A retomada da exigência de visto para turistas americanos, baseada no princípio da reciprocidade, contribuiu para que o documento dos EUA perdesse posições no ranking global de mobilidade.
Pela primeira vez em 20 anos, o passaporte americano não figura entre os dez mais poderosos do mundo. O documento agora ocupa a 12ª posição no Henley Passport Index, um dos mais respeitados rankings globais de liberdade de viagem. A queda foi influenciada, entre outros fatores, pela decisão do Brasil de voltar a exigir visto e passaporte com autorização de entrada para turistas vindos dos Estados Unidos a partir de abril deste ano.
De acordo com o portal do G1, a medida do governo brasileiro segue o princípio da reciprocidade, uma vez que cidadãos brasileiros também precisam de visto para entrar em território americano. A consequência direta dessa mudança diplomática foi sentida no cenário global, com o passaporte dos EUA, que garante acesso a 180 destinos sem visto prévio, perdendo força em comparação com nações asiáticas e europeias, que agora dominam o topo da lista.
O impacto da reciprocidade no ranking global
O Henley Passport Index, criado pela consultoria Henley & Partners, analisa 199 passaportes e 227 destinos de viagem, classificando-os pelo número de países que seus portadores podem entrar sem a necessidade de um visto.
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Na mais recente atualização, divulgada no dia 7 de outubro, o passaporte de Singapura foi classificado como o mais poderoso, permitindo acesso a 193 destinos.
A saída dos EUA do top 10 foi um marco significativo, e a consultoria apontou diretamente a mudança na política brasileira como um dos motivos para essa reclassificação.
A decisão do Brasil, embora soberana e baseada em uma prática comum nas relações internacionais, ilustra como as políticas migratórias de um país podem ter um efeito cascata.
Ao restabelecer a exigência de visto e passaporte autorizado para americanos, o Brasil reduziu o número de destinos “livres” para os cidadãos dos EUA, impactando diretamente sua pontuação no índice.
A mudança reflete um cenário geopolítico onde a mobilidade se tornou uma ferramenta de soft power.
Uma década de perda de poder para o passaporte americano
A queda do documento americano não é um evento isolado, mas sim parte de uma tendência observada na última década. Em 2014, os Estados Unidos ocupavam o primeiro lugar no ranking.
Segundo Christian H. Kaelin, criador do Henley Passport Index, a perda de posições está relacionada a uma “mudança fundamental na mobilidade global e na dinâmica do soft power”.
Ele afirma que “nações que abraçam a abertura e a cooperação estão avançando rapidamente, enquanto aquelas que se apoiam em privilégios do passado estão sendo deixadas para trás.”
Enquanto os EUA perdem terreno, países asiáticos e europeus consolidam seu domínio.
Depois de Singapura, Coreia do Sul (190 destinos) e Japão (189) aparecem no topo. Nações europeias como Alemanha, Itália, Espanha e Suíça também se destacam, com acesso a 188 países.
Essa reconfiguração do poder de mobilidade mostra que a força de um passaporte não é mais um privilégio garantido, mas sim o resultado de contínuas negociações e políticas de abertura.
E como fica o passaporte brasileiro nesse cenário?
A mudança na exigência de visto e passaporte não afetou apenas os americanos. O documento brasileiro também perdeu posições no ranking.
Em julho, o Brasil ocupava o 16º lugar, com entrada liberada em 170 países. Agora, caiu para a 19ª posição, garantindo acesso a 169 destinos, empatado com Argentina e San Marino.
A queda, embora pequena, sinaliza a complexidade das relações diplomáticas e como acordos de isenção de visto são delicados e voláteis.
Para os brasileiros, a situação reforça a importância das negociações diplomáticas para ampliar a liberdade de viagem.