Projeto inédito pode abastecer milhões de famílias e reduzir drasticamente as emissões de carbono no país
O Brasil iniciou, em 2024, a implantação da primeira usina termelétrica em larga escala movida a etanol do mundo. O investimento de R$ 60 milhões é liderado pela Savana Holding em parceria com a Suape Energia e a finlandesa Wärtsilä.
O projeto-piloto está em andamento na Usina Térmica Suape 2, em Pernambuco, e já desperta atenção internacional. O primeiro motogerador de 4 MW está em instalação. Entretanto, o potencial é muito maior: a planta pode alcançar 600 MW, energia suficiente para atender mais de 2 milhões de famílias brasileiras.
Estrutura do projeto e cronograma definido
A Savana Holding possui 80% do empreendimento, enquanto a Petrobras detém 20% e atua também como financiadora. Além disso, a Wärtsilä forneceu metade dos equipamentos necessários, e a Suape Energia assumiu a responsabilidade pela montagem e infraestrutura.
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O cronograma já está estabelecido. A montagem deve ser concluída até dezembro de 2025, e os testes estão programados para janeiro e fevereiro de 2026. Durante essa fase, haverá consumo de 6 milhões de litros de etanol em uma operação de 4.000 horas.
Eficiência energética e redução de emissões
Em entrevista ao Poder360 em agosto de 2024, José Faustino, CTO da Suape Energia, ressaltou que a usina coloca o Brasil na vanguarda da transição energética mundial.
Segundo ele, a eficiência do motor a etanol chega a 40%, próxima à dos motores a diesel, que variam entre 46% e 48%. No entanto, a grande diferença está no impacto ambiental: o motor a etanol emite apenas 10% do CO₂ liberado por um motor a diesel.
Além disso, a termelétrica garante resposta mais rápida ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Enquanto usinas a óleo combustível precisam de aquecimento e filtragem, a unidade a etanol poderá operar em menos de 30 minutos, oferecendo agilidade ao sistema elétrico.
Fornecimento de combustível e mercado de etanol
O combustível ficará sob responsabilidade da Vibra Energia. A Savana Holding reforçou que não há risco de competição com o setor automotivo, pois a demanda de uma termelétrica é muito menor em comparação à dos veículos.
“Esse projeto fortalece o mercado da cana-de-açúcar e do etanol, setores que ainda enfrentam dificuldades financeiras”, declarou Faustino.
Já o vice-presidente da Savana, Carlos Mansur, destacou que, atualmente, o etanol só pode ser comercializado por meio de distribuidoras. Entretanto, ele acredita que futuros leilões de capacidade poderão estimular ajustes na legislação, permitindo novas formas de fornecimento e ampliando o acesso ao mercado.
Impactos econômicos e sociais
A implantação da usina em Pernambuco fortalece a economia local, gera empregos e diminui a dependência de combustíveis importados. Além disso, o projeto aproveita a cadeia de suprimento de etanol já consolidada no Brasil para estimular investimentos e impulsionar inovação no setor energético.
De acordo com os executivos envolvidos, o marco experimental previsto para 2026 pode transformar o Brasil em referência internacional no uso do etanol para geração elétrica. Esse modelo, se consolidado, poderá abrir espaço para novas usinas no território nacional e também no exterior.
Marcos técnicos e estratégicos do projeto
- Investimento inicial: R$ 60 milhões em 2024.
- Local: Usina Térmica Suape 2, Pernambuco.
- Primeira etapa: motogerador de 4 MW.
- Potencial total: 600 MW, suficientes para 2 milhões de famílias.
- Testes: 6 milhões de litros de etanol, duração de 4.000 horas.
- Previsão de montagem: até dezembro de 2025.
- Início dos testes: janeiro de 2026.
- Eficiência: até 40% no etanol contra até 48% no diesel.
- Redução de emissões: apenas 10% do CO₂ em relação ao diesel.
- Fornecimento: Vibra Energia.
Um marco global na transição energética
O pioneirismo da usina a etanol mostra como o Brasil pode assumir a liderança na transição energética ao apostar em uma fonte renovável, sustentável e já integrada à sua economia.
Enquanto outros países ainda buscam alternativas, o projeto pernambucano coloca o etanol como vetor estratégico para reduzir emissões e ampliar a segurança energética nacional.
O que você considera mais importante para o futuro do setor energético brasileiro: expandir rapidamente esse modelo para outros estados ou avançar de forma gradual, garantindo estabilidade e sustentabilidade?