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Brasil, Rússia e China se unem nos bastidores do BRICS e acendem alerta global com acordos bilionários para dominar infraestrutura, controlar o meio ambiente e desafiar a hegemonia dos EUA

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 13/08/2025 às 14:46
Brasil fecha acordos com Rússia e China para ampliar cooperação no BRICS, investir em infraestrutura e proteger o meio ambiente.
Brasil fecha acordos com Rússia e China para ampliar cooperação no BRICS, investir em infraestrutura e proteger o meio ambiente.
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Brasil firma acordos estratégicos com Rússia e China para ampliar cooperação em infraestrutura, finanças e meio ambiente, fortalecendo a atuação conjunta no BRICS e no G20 e sinalizando movimentos diplomáticos com impacto global.

O governo brasileiro oficializou, no Diário Oficial da União desta segunda-feira (11), dois memorandos de entendimento com Rússia e China para criar mecanismos permanentes de diálogo econômico e financeiro.

Os documentos estabelecem canais estáveis de cooperação em fóruns multilaterais como Brics e G20 e abrem espaço para projetos conjuntos em infraestrutura e meio ambiente. Não há criação de obrigações jurídicas ou compromissos financeiros automáticos.

Brasil fecha acordos com Rússia e China para ampliar cooperação no BRICS, investir em infraestrutura e proteger o meio ambiente. (Foto: oglobo)
Brasil fecha acordos com Rússia e China para ampliar cooperação no BRICS, investir em infraestrutura e proteger o meio ambiente. (Foto: oglobo)

O que foi formalizado

Pelo lado russo, o memorando, assinado por Fernando Haddad e Anton Siluanov, institui um Diálogo Econômico e Financeiro bilateral.

A coordenação ficará a cargo de representantes seniores dos dois ministérios, com reuniões presenciais ou virtuais e pauta definida de comum acordo.

O objetivo é reunir especialistas, trocar informações técnicas e integrar o debate às atividades já conduzidas pela Comissão Intergovernamental Brasil–Rússia de Cooperação Econômica, Comercial, Científica e Tecnológica.

No caso chinês, o memorando aprofunda entendimentos de 2024 e maio de 2025 para aproximar estratégias nacionais de desenvolvimento.

Do lado brasileiro, entram na agenda a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Plano de Transformação Ecológica e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana; do lado chinês, a Iniciativa Cinturão e Rota.

A Cosban permanece como instância principal de coordenação bilateral.

Eixos de trabalho e confidencialidade

Os memorandos elencam áreas prioritárias de cooperação que abrangem políticas macroeconômicas em níveis nacional, regional e global; enfrentamento de desafios econômicos e discussão de reformas; cooperação tributária; financiamento de infraestrutura; novas frentes de cooperação bilateral; e atuação coordenada em fóruns como Brics, G20 e instituições financeiras internacionais, além de outros temas de interesse comum.

As partes comprometem-se a custear as próprias despesas e a manter confidenciais as informações trocadas, salvo autorização expressa.

Diálogo Brasil–Rússia: canal técnico permanente

O arranjo com Moscou cria um canal técnico para acompanhamento contínuo da conjuntura, intercâmbio de experiências e desenho de potenciais iniciativas conjuntas.

A proposta é que as reuniões sirvam para ouvir especialistas e alimentar as discussões já em curso no mecanismo intergovernamental Brasil–Rússia, de forma a acelerar encaminhamentos práticos em temas econômicos e financeiros.

Trata-se de um marco político voltado à coordenação e não de um tratado com obrigações compulsórias.

Além de reforçar a cooperação tributária e o debate sobre financiamento de projetos, o diálogo pretende alinhar posições em organismos multilaterais e aprofundar a cooperação no âmbito financeiro do Brics.

A diretriz é manter a comunicação aberta e previsível entre os ministérios, com flexibilidade de formato e periodicidade.

Eixo Brasil–China: integração de estratégias e finanças

O memorando com Pequim enfatiza a cooperação em finanças e explicita o apoio chinês ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa brasileira com expectativa de ganhar tração como entrega central da COP30, que será realizada em Belém (PA).

O texto também ressalta a importância de que países desenvolvidos contribuam para mecanismos internacionais de proteção das florestas tropicais.

A sinalização de aporte da China ao fundo, reportada em julho, reforça o esforço brasileiro de diversificar as fontes de financiamento climático, atraindo também economias emergentes para além das contribuições tradicionais.

A arquitetura do mecanismo, apresentada por Brasília em 2023, prevê incentivos financeiros vinculados à preservação de áreas de floresta, com governança multilateral.

BRICS e G20: coordenação em fóruns multilaterais

Os documentos reiteram a intenção de coordenar políticas e posições em debates críticos no Brics e no G20, a partir de uma agenda que inclui estabilidade macroeconômica, financiamento ao desenvolvimento e reforma da governança financeira internacional.

Em 2025, o Brasil tem papel de destaque na articulação do pilar financeiro do Brics, o que ajuda a explicar a priorização de canais técnicos com parceiros estratégicos.

Ainda que os memorandos não detalhem projetos específicos nem definam metas quantitativas, a ênfase em infraestrutura e integração regional sinaliza interesse de longo prazo.

A coordenação poderá, por exemplo, acelerar estudos e modelagens para iniciativas que se encaixem nos planos nacionais de investimento, respeitando as salvaguardas e as regras de cada país.

Os dois entendimentos deixam claro que não criam obrigações jurídicas ou compromissos financeiros automáticos.

Cada parte assume seus próprios custos nas atividades conjuntas e a troca de informações seguirá regras de confidencialidade.

Essas cláusulas são recorrentes em memorandos desenhados para abrir portas e organizar o diálogo antes da negociação de instrumentos vinculantes ou de contratos específicos.

Na prática, o efeito imediato é institucional: criar rotinas de trabalho e pontos focais para acelerar a tomada de decisão quando surgirem oportunidades, seja em obras de infraestrutura, seja em cooperação tributária, seja em iniciativas ambientais com impacto regional.

O detalhamento de projetos, orçamentos e cronogramas dependerá de etapas futuras.

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Brasil fecha acordos com Rússia e China para ampliar cooperação no BRICS, investir em infraestrutura e proteger o meio ambiente.

Próximos passos e expectativa ambiental

Com a COP30 no horizonte e a pauta climática no centro das prioridades diplomáticas brasileiras, a confirmação de apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre ganha relevo.

A parceria com a China pode ampliar o leque de financiadores, ao mesmo tempo em que o Brasil tenta construir convergência com outras economias, emergentes e desenvolvidas, para viabilizar aportes e regras de desembolso focadas em resultados de conservação.

Enquanto isso, o canal com a Rússia oferece previsibilidade para temas sensíveis da agenda econômica, do acompanhamento do quadro macro às alternativas de financiamento.

A evolução concreta dependerá da capacidade de transformar o diálogo técnico em iniciativas negociadas caso a caso, compatíveis com as legislações e as prioridades nacionais.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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