Com produção de 2,03 bilhões de dúzias e exportações que cresceram 174%, o setor brasileiro de ovos registra desempenho histórico em 2025, mesmo após desafios sanitários e tarifas impostas pelos Estados Unidos
O setor brasileiro de ovos vive um ano histórico em 2025. Mesmo antes do encerramento do calendário, a produção e as exportações atingiram níveis sem precedentes, consolidando o país como um dos principais fornecedores globais da proteína.
A combinação de alta demanda externa, superação de desafios sanitários e ampliação da capacidade produtiva resultou em um cenário de recordes consecutivos e crescimento expressivo.
Exportações em ritmo acelerado
De janeiro a junho, o Brasil exportou 24,9 mil toneladas de ovos in natura e processados, quase três vezes mais que no mesmo período de 2024.
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O volume representa o melhor desempenho já registrado desde o início da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 1997.
Esse avanço foi impulsionado principalmente pelos embarques para os Estados Unidos, que enfrentaram um surto de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), afetando o abastecimento interno e ampliando as importações. Outros países também registraram casos da doença, o que elevou ainda mais a procura por ovos brasileiros.
No Brasil, o único registro de IAAP em granja comercial ocorreu em 15 de maio, em Montenegro (RS). Apesar das restrições impostas por vários países após o episódio, o setor reagiu com força: em maio, as exportações atingiram 5,36 mil toneladas — o maior volume mensal da série da Secex. Desse total, 77,8% foram destinados aos Estados Unidos, evidenciando o peso do mercado norte-americano.
Após o cumprimento rigoroso dos protocolos internacionais, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) devolveu ao Brasil, em junho, o status de país livre da doença, restabelecendo a confiança internacional e reforçando a imagem sanitária do país.
Produção recorde e alta resiliência
O mercado interno também seguiu aquecido. A produção de ovos para consumo alcançou 2,03 bilhões de dúzias no primeiro semestre de 2025, alta de 9,2% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em maio, o setor atingiu um recorde histórico: 349,5 milhões de dúzias produzidas, 7% acima do mesmo mês do ano anterior.
O desempenho confirma a resiliência dos produtores brasileiros, que mantiveram o ritmo de expansão mesmo diante de incertezas sanitárias e oscilações nas exportações.
Tradicionalmente, o mercado doméstico absorve cerca de 99% da produção nacional. Entretanto, em junho, a fatia destinada ao exterior subiu de 1% para 3%, conforme estimativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Nesse mês, os embarques registraram novo recorde, alcançando 6,56 mil toneladas.
Recuo no segundo semestre
A tendência positiva se inverteu a partir de julho, quando os embarques começaram a recuar. A queda de 31% nas vendas para os Estados Unidos coincidiu com o anúncio da tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano às exportações brasileiras, em vigor desde 6 de agosto.
Como resultado, os EUA perderam a liderança entre os principais destinos da proteína brasileira, ultrapassados pelo Japão. Em setembro, o setor registrou o terceiro mês consecutivo de retração, alcançando o menor volume exportado do ano.
Mesmo com o enfraquecimento no terceiro trimestre, o acumulado de janeiro a setembro manteve números expressivos: 34,4 mil toneladas embarcadas, um crescimento de 174% sobre o mesmo intervalo de 2024 (12,54 mil toneladas) e 86% superior a todo o volume exportado no ano anterior (18,47 mil toneladas).
Pressão sobre os preços internos
O aumento da produção nacional e a desaceleração nas exportações geraram reflexos diretos nos preços internos. Apesar do bom desempenho no mercado externo, a oferta doméstica elevada manteve pressão sobre as cotações.
Depois de alcançarem recordes históricos entre fevereiro e março, os preços dos ovos começaram a cair em abril e seguiram em baixa nas principais regiões monitoradas pelo Cepea, com exceção de agosto.
O cenário mostra que, mesmo em um ano de recordes, o setor enfrenta o desafio de equilibrar oferta e demanda em um ambiente dinâmico, onde fatores sanitários, tarifas comerciais e variações cambiais exercem influência direta sobre o desempenho da avicultura brasileira.



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