Com foco no Atlântico Sul, Marinha do Brasil aposta na compra de navios britânicos e no desenvolvimento de um porta-aviões nuclear para reforçar sua presença global
Enquanto o noticiário gira em torno da política e da economia, a Marinha do Brasil avança com um projeto ambicioso. Com investimentos bilionários e acordos internacionais, o país se prepara para um novo salto no setor de defesa. O objetivo é claro: ganhar protagonismo no Atlântico Sul e alcançar um status de potência militar inédito na América Latina.
Dois movimentos estão no centro dessa estratégia. O primeiro é a negociação para aquisição de dois navios britânicos de grande porte. O segundo é ainda mais ousado: a construção do primeiro porta-aviões nuclear 100% brasileiro, com previsão de conclusão até 2040.
Investimentos para modernização da Marinha
A Marinha do Brasil está conduzindo um processo amplo de modernização. O foco está na expansão da capacidade de atuação em águas distantes e na participação em missões internacionais.
-
Conheça o novo navio de Guerra da Marinha do Brasil: 710 militares, convés para helicópteros, 176 metros, 12.800 km de alcance e 18.500 toneladas
-
Petrobras investe US$ 278 milhões na construção de quatro navios da classe Handy no Estaleiro Rio Grande e projeta geração de 1,5 mil empregos até 2026
-
Fragatas da Classe Tamandaré: cada navio é capaz de gerar mais de 23 mil empregos no Brasil
-
O programa que multiplicou a indústria naval da Coreia do Sul e colocou o país no topo da construção de navios no mundo
Para isso, aposta em dois caminhos principais: a compra de embarcações anfíbias do Reino Unido e o desenvolvimento de um porta-aviões nacional com propulsão nuclear.
Essas duas frentes somam esforços para transformar a estrutura naval brasileira. Segundo os planos apresentados, a expectativa é ampliar a presença do país em áreas estratégicas, como o Atlântico Sul, e garantir maior autonomia nas operações de defesa e socorro.
Negociação com o Reino Unido
Segundo o portal O Globo, o Brasil é atualmente o principal interessado na compra de dois navios da classe Albion, da Marinha Real britânica. As embarcações são o HMS Albion e o HMS Bulwark, ambas com mais de 20 mil toneladas.
Os navios têm capacidade para transportar até 400 soldados e operar helicópteros pesados como o CH-47 Chinook.
A Marinha do Brasil confirmou as negociações em fevereiro de 2025. Já em abril, foi assinada uma carta de intenções entre os Ministérios da Defesa do Brasil e do Reino Unido. O documento abriu caminho para avaliações técnicas e futuras etapas de negociação financeira.
A expectativa é que esses navios reforcem missões humanitárias, ações de presença e respostas rápidas em emergências. Eles também devem substituir embarcações antigas, elevando o padrão operacional da frota brasileira.
Porta-aviões nuclear até 2040
Paralelamente à negociação com os britânicos, o Brasil aposta em um projeto próprio: um porta-aviões nuclear construído inteiramente em território nacional. A proposta foi anunciada pelo portal Estadão, com base no Plano Estratégico da Marinha (PEM 2040).
O novo navio deverá estar pronto até 2040 e será o primeiro do tipo na América Latina. O investimento total está estimado em R$ 28 bilhões. Os recursos serão aplicados no desenvolvimento de tecnologia, testes, infraestrutura e construção da embarcação.
O projeto inclui parcerias com universidades, centros de pesquisa e empresas brasileiras. A ideia é garantir que o conhecimento gerado permaneça no país e possa ser usado em futuras gerações de navios de guerra.
Esse modelo de cooperação reforça o objetivo de independência tecnológica, considerado essencial pela Marinha. O porta-aviões nuclear deve se tornar símbolo de um novo momento da indústria naval nacional.
Objetivos estratégicos e reposicionamento internacional
O plano da Marinha tem uma dimensão que vai além da modernização de equipamentos. Ao buscar uma presença mais sólida no Atlântico Sul, o Brasil pretende proteger melhor seus interesses em uma região rica em recursos naturais e rotas comerciais.
Com os novos navios, a Marinha poderá realizar missões mais complexas, com maior alcance e capacidade de resposta. Isso pode aproximar o país de potências navais tradicionais, como os Estados Unidos, França e Reino Unido.
O reposicionamento também pode influenciar a imagem do Brasil no cenário internacional de defesa. O país passaria a ser visto como um ator com capacidade real de projeção de poder naval, algo inédito na América Latina.
Se os planos forem concretizados, o Brasil entrará em uma nova fase da sua história militar. A combinação entre a compra de embarcações de ponta e a construção do porta-aviões nuclear marca uma ruptura com décadas de limitações.
A Marinha do Brasil quer deixar claro que está preparada para proteger seus interesses com autonomia e tecnologia própria.
Com informações de Sociedade Militar.