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Brasil perdeu território maior que a Bolívia em áreas naturais desde 1985 e vê agropecuária dominar 59% dos municípios

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 13/08/2025 às 08:33
Brasil perdeu território maior que a Bolívia e Pampa registrou a maior perda proporcional: 30% da cobertura original
Brasil perdeu território maior que a Bolívia e Pampa registrou a maior perda proporcional: 30% da cobertura original
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Brasil perdeu território maior que a Bolívia de áreas naturais em 40 anos. Estudo do MapBiomas revela que o país perdeu 111,7 milhões de hectares entre 1985 e 2024, o equivalente a 13% do território nacional

Segundo dados do MapBiomas, o Brasil perdeu território maior que a Bolívia em áreas naturais ao longo das últimas quatro décadas. Entre 1985 e 2024, foram 111,7 milhões de hectares a menos, representando 13% da extensão do país. Essa redução foi impulsionada principalmente pelo avanço da agropecuária, que passou a dominar a maior parte da área de 59% dos municípios brasileiros.

O levantamento mostra que a perda foi acompanhada de transformações profundas no uso da terra. A conversão de vegetação nativa para pastagens e lavouras foi mais intensa nas décadas de 1990 e 2000, consolidando regiões como o arco do desmatamento na Amazônia e o Matopiba no Cerrado.

Como o Brasil perdeu território natural

No início da série histórica, em 1985, 80% do país era coberto por áreas naturais. Dez anos depois, esse índice já havia caído para 76%, com a substituição de 36,5 milhões de hectares por áreas de uso humano, sobretudo pastagens e zonas urbanizadas. O auge do desmatamento ocorreu entre 1995 e 2004, quando 44,8 milhões de hectares foram convertidos para agropecuária, dos quais 21,1 milhões apenas na Amazônia.

A partir de 2005, houve desaceleração no ritmo de perda, mas a década mais recente (2015–2024) trouxe novos fatores de pressão, como o avanço da mineração e a supressão de campos no Pampa. O surgimento da nova fronteira agrícola conhecida como Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) também elevou a preocupação ambiental.

Impactos por bioma

Os números mostram que todos os biomas brasileiros sofreram perdas significativas. Na Amazônia, a redução foi de 52,1 milhões de hectares. No Cerrado, foram 40,5 milhões — quase um terço da vegetação nativa. A Caatinga perdeu 9,2 milhões, a Mata Atlântica encolheu em 4,4 milhões, o Pantanal perdeu 1,7 milhão e o Pampa teve a maior perda proporcional: 30% da sua vegetação nativa.

Além do desmatamento, os ciclos de inundação no Pantanal estão cada vez menores, e a Amazônia enfrentou secas severas, com oito dos dez anos mais secos da série registrados desde 2015. No total, o Brasil chega a 2024 com 65% de cobertura vegetal nativa e 32% de áreas destinadas à agropecuária.

Avanço da agropecuária e uso da terra

A pastagem foi o uso que mais cresceu no período, com um salto de 62,7 milhões de hectares (+68%). A agricultura também avançou de forma expressiva, somando 44 milhões de hectares (+236%). Em 1985, apenas 420 municípios tinham predomínio agrícola; em 2024, já são 1.037.

A silvicultura — cultivo de florestas plantadas — também cresceu 472%, ocupando 7,4 milhões de hectares, com maior presença na Mata Atlântica e no Cerrado. Grande parte da conversão de áreas para pastagem e agricultura ocorreu sobre formações florestais e savânicas.

Desafios e oportunidades

Para Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, o país precisa evitar retrocessos nas leis ambientais e controlar queimadas agravadas pelas mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, ele aponta oportunidades na melhoria do manejo de pastagens, que pode aumentar a produtividade e preservar o solo.

A tendência atual mostra que, embora o ritmo do desmatamento tenha desacelerado em alguns biomas, novas frentes de expansão seguem pressionando ecossistemas frágeis. O equilíbrio entre produção agrícola e conservação ambiental será o maior desafio das próximas décadas.

E você? Acredita que o Brasil conseguirá reverter essa perda e preservar o que resta das áreas naturais? Ou o avanço agropecuário continuará predominando? Deixe sua opinião nos comentários.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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