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Brasil, o país mais desigual do mundo, também lidera em milionários na América Latina: conheça o paradoxo revelado pelo UBS

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 18/06/2025 às 19:44
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Relatório do UBS escancara: o Brasil tem a maior desigualdade e uma das maiores concentrações de riqueza do mundo

O Brasil pode até ser o novo paraíso dos milionários na América Latina, mas essa abundância de riqueza escancara um contraste brutal: somos também, segundo o UBS Global Wealth Report 2024, o país mais desigual do planeta entre os 56 analisados. Enquanto uma pequena elite acumula cifras milionárias em dólar, a maioria da população continua longe de qualquer perspectiva de ascensão social real.

Uma elite crescente em meio ao abismo social

De acordo com o relatório publicado pelo banco suíço UBS, hoje existem 433 mil brasileiros com fortunas acima de US$ 1 milhão — o equivalente a R$ 5,5 milhões por pessoa. Isso coloca o Brasil na 19ª posição global em número de milionários, à frente de países como Rússia, México e Dinamarca. No topo do ranking, os Estados Unidos lideram com 23,8 milhões de milionários, seguidos por China (6,3 milhões), França (2,8 milhões) e Japão (2,7 milhões).

Nos EUA, o crescimento é impressionante: só em 2024, mais de mil pessoas por dia se tornaram milionárias em dólar. Segundo os analistas do UBS, isso se deve à força do mercado financeiro e à estabilidade do dólar, fatores que impulsionaram fortemente o crescimento patrimonial dos americanos. Hoje, os EUA concentram quase 40% de todos os milionários do planeta.

Brasil é vice-campeão mundial na herança de fortunas

Outro dado que chama atenção: o Brasil é o segundo país no mundo com maior volume de fortunas prestes a ser herdadas nos próximos 25 anos. A estimativa do UBS é que cerca de US$ 9 trilhões (R$ 49,5 trilhões) serão transferidos entre gerações por aqui — ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que devem movimentar mais de US$ 29 trilhões (R$ 159 trilhões).

Esse dado coloca o Brasil à frente de potências como China (US$ 5,6 trilhões) e Alemanha (US$ 4,1 trilhões). Uma das razões para isso está no perfil etário dos detentores de grandes fortunas: o país tem uma proporção significativa de indivíduos com mais de 75 anos, o que indica que uma onda de transferência de patrimônio está prestes a acontecer.

Milionários do “dia a dia” aumentam, mas desigualdade explode

Apesar da multiplicação dos chamados “milionários do cotidiano” — pessoas que conquistaram fortuna principalmente via valorização de ativos e imóveis — o Brasil continua figurando como o campeão da desigualdade mundial, segundo o Índice de Gini apresentado no relatório. Com índice 0,82, o país divide o topo com a Rússia, muito à frente de economias como Alemanha (0,68), China (0,62) e Suíça (0,67).

O Índice de Gini vai de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda nas mãos de poucos. O caso brasileiro revela uma estrutura social profundamente desequilibrada: um pequeno grupo detém uma fatia desproporcional do capital nacional, enquanto o grosso da população permanece com rendimentos muito abaixo da média.

“A forma como a riqueza é distribuída e transferida moldará as oportunidades, as políticas e o progresso”, alerta Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Wealth Management, no documento.

Para onde vai a concentração da riqueza?

Mesmo com a presença de grandes fortunas no Brasil, mais de 80% da população mundial ainda vive com patrimônio abaixo de US$ 100 mil. Já os que ultrapassam o milhão em dólares representam apenas 1,6% dos adultos analisados pelo estudo.

A Grande China (que inclui China continental, Hong Kong e Taiwan) foi destaque entre os indivíduos com patrimônio entre US$ 100 mil e US$ 1 milhão, respondendo por 28,2% desse grupo globalmente. A Europa Ocidental aparece logo atrás, com 25,4%, seguida da América do Norte com 20,9%.

Nos próximos cinco anos, a projeção do UBS é que a riqueza média por adulto aumente ainda mais, impulsionada especialmente pelos Estados Unidos, com participação crescente da Grande China.

Brasil rico para poucos — e desigual para a maioria

A conclusão é dura: o Brasil continua sendo um país de extremos. De um lado, um grupo cada vez maior de milionários, herdeiros e investidores de alta renda. Do outro, um cenário social onde a desigualdade é estrutural e crônica, sem sinais de reversão significativa no curto prazo.

O Relatório Global de Riqueza do UBS, publicado há mais de 16 anos, se tornou referência para entender como o capital é acumulado e redistribuído no mundo. A edição de 2024 analisou dados de 56 países, representando 92% da riqueza global.

Se os números não mentem, o Brasil caminha para ser um dos maiores centros de herança de fortunas do planeta, mas também um símbolo de como a riqueza pode ser, ao mesmo tempo, abundante e inacessível.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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