Brasil e Bolívia iniciam ponte histórica de 1,2 km sobre o rio Mamoré: promessa feita há 122 anos finalmente começa a sair do papel
Megaestrutura sobre o rio Mamoré terá 1,2 km de extensão, investimento de R$ 430 milhões e simboliza uma nova era de integração entre os países, 122 anos após o Tratado de Petrópolis
A espera de mais de um século está chegando ao fim. Os governos do Brasil e da Bolívia iniciaram oficialmente a construção da ponte binacional de Guajará-Mirim, no estado de Rondônia, que ligará o município brasileiro à cidade boliviana de Guayaramerín, no departamento de Beni. A obra, que atravessará o rio Mamoré com 1.220 metros de extensão e 17,3 metros de largura, faz parte do Novo PAC e representa o cumprimento de uma das cláusulas mais simbólicas do Tratado de Petrópolis, assinado em 1903.
O projeto está orçado em R$ 430 milhões e será executado em até 36 meses, com recursos do governo brasileiro. O lançamento do edital e da ordem de serviço aconteceu em dois momentos: um evento em Brasília, no Ministério dos Transportes, com a presença de autoridades dos dois países, e outro em Porto Velho (RO), com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro boliviano de Obras Públicas, Édgar Montaño.
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Um projeto histórico com impacto geopolítico e logístico
A construção da ponte sela uma antiga promessa feita pelo Brasil à Bolívia, no contexto da cessão de território que hoje forma o estado do Acre. O Tratado de Petrópolis previa compensações pela perda de mais de 190 mil km² de território boliviano, incluindo o compromisso de facilitar a integração entre os países.
Agora, mais de 120 anos depois, a nova travessia assume papel central em dois projetos estratégicos para os países vizinhos: para o Brasil, a ponte viabiliza a chamada “Saída para o Pacífico”, permitindo o escoamento de produtos brasileiros por meio de rodovias bolivianas até portos chilenos, com custos logísticos menores. Para a Bolívia, a infraestrutura garante acesso direto ao oceano Atlântico via o porto de Porto Velho, consolidando sua conexão marítima com o mercado internacional.
Acessos viários em ambos os lados da fronteira
A estrutura da ponte será complementada por acessos viários robustos. Do lado brasileiro, está prevista a construção de um trecho de 3,7 km ligando a cabeceira da ponte até o km 142,7 da BR-425/RO, principal rodovia da região. A BR-425/RO tem papel fundamental na logística amazônica: com 148 km de extensão, conecta a BR-364/RO, em Abunã, à fronteira com a Bolívia, passando pelos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim. A rodovia conta com pistas pavimentadas e acostamentos variáveis, atendendo ao tráfego regional e internacional.
Já do lado boliviano, o acesso à ponte terá aproximadamente 6 km de extensão, sendo a ligação final definida pelas autoridades do país. Para isso, a Bolívia já garantiu financiamento da CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe) para realizar os estudos necessários e deverá investir cerca de 2,8 milhões de bolivianos em projetos de infraestrutura viária.
Cerimônia e participação internacional
O lançamento oficial da obra foi marcado por um evento em Brasília, no Ministério dos Transportes, que contou com a presença do ministro Renan Filho, da secretária nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse, do diretor do Departamento de América do Sul, João Marcelo Galvão de Queiroz, e do governador de Rondônia, Marcos Rocha.
Também participaram o diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão, o superintendente do DNIT em Rondônia, André Santos, parlamentares da bancada federal do estado, e representantes das embaixadas da Bolívia no Brasil e do Brasil em La Paz. A prefeita de Guajará-Mirim, Raissa Paes, e o prefeito de Guayaramerín, Angel Freddy Maimura Reina, também estiveram presentes.
Durante a cerimônia, foi ainda assinado o contrato para a construção de um viaduto na interseção da BR-364/435, no acesso à cidade de Colorado do Oeste, também em Rondônia. O valor estimado dessa obra é de R$ 28,7 milhões.
Integração regional, empregos e desenvolvimento
A construção da ponte binacional representa mais que uma promessa histórica: trata-se de um marco na integração física, econômica e política da América do Sul. Além de facilitar o fluxo de pessoas e mercadorias, a estrutura deve gerar centenas de empregos diretos e indiretos, impulsionar o turismo e fortalecer a produção agrícola e comercial na região amazônica dos dois países.
“A obra simboliza não apenas a união entre dois povos, mas também uma nova era de oportunidades, com mais empregos, acesso a mercados internacionais e desenvolvimento logístico”, destacou a Governación del Beni, em comunicado oficial.
Para o ministro boliviano Édgar Montaño, o início das obras é “uma vitória da diplomacia, da integração e da visão de futuro que une os dois países por meio de infraestrutura concreta e transformadora”.