Brasil e Estados Unidos reforçam a cooperação internacional em biocombustíveis em 2025. Líderes mundiais em etanol, os dois países buscam abrir novos mercados e ampliar o uso sustentável na aviação
O Brasil reafirmou sua posição como protagonista no setor de biocombustíveis ao defender a manutenção da tarifa de 18% sobre o etanol importado dos Estados Unidos, classificando a medida como justa diante da necessidade de equilíbrio no mercado internacional. Paralelamente, propôs uma parceria estratégica com os norte-americanos para abrir novos mercados globais, incluindo a aviação, que busca alternativas sustentáveis para reduzir emissões de carbono.
A iniciativa surge em um momento de tensões comerciais, após os EUA abrirem investigação sobre a política brasileira de biocombustíveis. No entanto, a resposta do governo brasileiro aponta para cooperação, não confronto: unir forças para consolidar a posição de ambos os países como líderes mundiais em etanol.
Brasil e Estados Unidos na defesa da cooperação internacional em biocombustíveis
O Brasil e os Estados Unidos concentram mais de 80% da produção mundial de etanol, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). Essa liderança compartilhada os coloca em posição privilegiada para influenciar os rumos do setor.
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Enquanto os norte-americanos dominam a produção a partir do milho, o Brasil se destaca pelo etanol de cana-de-açúcar, reconhecido por sua alta eficiência energética e menor impacto ambiental.
A proposta brasileira vai além da simples defesa da tarifa de 18%. Trata-se de um convite à cooperação internacional em biocombustíveis, com vistas a transformar a disputa comercial em uma estratégia conjunta para abrir mercados, impulsionar inovações tecnológicas e consolidar o etanol como pilar da transição energética global.
A tarifa de 18% e a visão brasileira sobre justiça no mercado
O governo brasileiro argumenta que a tarifa aplicada sobre o etanol importado dos EUA não representa uma barreira protecionista, mas sim um mecanismo de equilíbrio para proteger a competitividade local.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reforça que o etanol de cana produzido no país possui menor custo de produção e maior eficiência energética em comparação ao de milho, justificando a necessidade de uma regulação que evite distorções de mercado.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a medida garante condições justas de competição, preservando investimentos na cadeia produtiva nacional e fortalecendo o setor sucroenergético. Essa visão sustenta que, em vez de gerar atritos, a manutenção da tarifa pode ser um ponto de partida para uma parceria Brasil EUA mais ampla.
Cooperação Brasil EUA: abrindo novos mercados estratégicos
A proposta brasileira de cooperação busca abrir portas para mercados estratégicos ainda pouco explorados pelo etanol. Entre eles, destaca-se a aviação, setor responsável por cerca de 2% das emissões globais de CO₂, segundo a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO).
Com o avanço das metas globais de descarbonização, cresce a demanda por combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês).
O etanol pode desempenhar papel central nesse movimento, especialmente a partir da rota tecnológica conhecida como Alcohol-to-Jet (AtJ), que converte o biocombustível em combustível de aviação. Essa alternativa já vem sendo testada por empresas aéreas e fabricantes de aeronaves.
Ao unir forças, Brasil e Estados Unidos podem não apenas expandir a presença do etanol no setor automotivo, mas também posicionar-se como protagonistas na descarbonização da aviação mundial.
Líderes mundiais em etanol: Brasil e EUA no centro da transição energética
Enquanto a Europa investe em hidrogênio verde e a China acelera na eletrificação, o Brasil e os EUA enxergam no etanol uma solução limpa, escalável e de custo competitivo para reduzir emissões no curto e médio prazo. O biocombustível já representa cerca de 50% do consumo energético da frota de veículos leves no Brasil, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Nos Estados Unidos, embora o etanol responda por uma fatia menor, ele é adicionado à gasolina em proporções variadas, compondo um mercado robusto. Essa complementaridade entre os dois gigantes reforça o argumento de que a cooperação pode potencializar ganhos mútuos, ao mesmo tempo em que contribui para a meta global de neutralidade de carbono até 2050.
Aviação como fronteira para a cooperação internacional em biocombustíveis
A aviação desponta como uma das áreas mais promissoras para a parceria Brasil EUA. Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) destaca que os combustíveis sustentáveis de aviação precisam crescer mais de dez vezes até 2030 para atender às metas climáticas estabelecidas.
O etanol, especialmente o produzido a partir da cana-de-açúcar, pode se tornar uma matéria-prima competitiva nesse segmento. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) apontam que o etanol de cana tem potencial para reduzir até 70% das emissões de gases de efeito estufa em comparação com combustíveis fósseis tradicionais.
Combinado ao know-how tecnológico dos Estados Unidos e à base produtiva consolidada do Brasil, essa cooperação pode acelerar a adoção de soluções limpas na aviação global.
Parceria Brasil EUA e os impactos na economia global de biocombustíveis
A aliança proposta não se restringe ao campo ambiental. Há impactos diretos sobre a economia global de biocombustíveis. A abertura de novos mercados fortaleceria as exportações brasileiras, ampliaria a segurança energética norte-americana e criaria oportunidades de inovação tecnológica.
Segundo a International Renewable Energy Agency (IRENA), o mercado de biocombustíveis líquidos pode movimentar mais de US$ 500 bilhões até 2050. Nesse cenário, a parceria entre Brasil e Estados Unidos, líderes mundiais em etanol, teria capacidade de influenciar preços, padrões regulatórios e cadeias de suprimento globais.
Além disso, a cooperação internacional em biocombustíveis favoreceria investimentos em pesquisa, desenvolvimento e infraestrutura, ampliando a competitividade do etanol frente a outras fontes renováveis.
Cooperação internacional em biocombustíveis como resposta às tensões comerciais
A investigação aberta pelos Estados Unidos sobre a política brasileira de etanol poderia acirrar tensões entre os dois países. No entanto, a estratégia brasileira de propor cooperação mostra-se diplomática e pragmática. Em vez de alimentar disputas, a ideia é transformar o cenário em uma oportunidade de ganhos mútuos, fortalecendo tanto o setor produtivo quanto a posição geopolítica das duas nações.
Esse reposicionamento é estratégico: Brasil e EUA podem assumir a dianteira não apenas como produtores, mas como articuladores globais de políticas sustentáveis. Ao apresentarem o etanol como uma solução limpa e economicamente viável, ambos podem atrair o interesse de países em desenvolvimento, especialmente na Ásia e na África, onde o consumo energético cresce rapidamente.
O futuro do etanol na agenda climática global
O debate em torno da parceria Brasil EUA para abrir mercados estratégicos de etanol em 2025 reflete uma mudança de paradigma. Em vez de competição pura, a cooperação aparece como caminho para ampliar a relevância do biocombustível em escala mundial.
O etanol, produzido em larga escala por líderes mundiais em etanol, já provou ser eficiente no setor de transportes e agora se apresenta como solução promissora para a aviação. O fortalecimento dessa agenda pode colocar os dois países no centro da transição energética global, reforçando seus papéis como agentes ativos no combate às mudanças climáticas.
Mais do que uma questão comercial, a união de esforços entre Brasil e Estados Unidos representa um passo estratégico em direção a um futuro energético mais limpo, inclusivo e sustentável.