1. Início
  2. / Petróleo e Gás
  3. / Brasil depende de 60% do diesel russo e agora pode sofrer novas sanções dos EUA se insistir em comprar combustível de Moscou
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 4 comentários

Brasil depende de 60% do diesel russo e agora pode sofrer novas sanções dos EUA se insistir em comprar combustível de Moscou

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 30/09/2025 às 19:28
Brasil - Diesel - Rússia
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
  • Reação
72 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo

O Brasil depende de 60% do diesel russo, mas enfrenta pressão inédita: Trump ameaça impor sanções a quem continuar comprando e Putin anunciou cortes nas exportações, deixando o país em meio a um risco energético e diplomático crescente

Nos últimos anos, o Brasil se tornou um dos principais compradores marítimos de diesel russo, ao lado da Turquia. Segundo dados da LSEG, as exportações russas de diesel para o Brasil somaram cerca de 7,4 milhões de toneladas em 2024 — um aumento de 15% em relação ao ano anterior.

Essa dependência crescente não ocorreu por acaso: o diesel russo chega ao mercado brasileiro com preços muito competitivos, pressionando importações de outros fornecedores.

Entretanto, esse cenário confortável enfrenta novas ameaças. Por um lado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, renovou recentemente sua retórica de sanções ao anunciar que está disposto a impor penalidades a países que continuem comprando petróleo russo, mas condiciona essas medidas à adesão simultânea de aliados da OTAN.

Por outro lado, a Rússia anunciou uma restrição parcial nas exportações de diesel até o fim de 2025, em resposta a ataques a refinarias e à necessidade de preservar abastecimento interno.

Tensões e ameaças: Trump, sanções secundárias e a esperança russa

Em meados de setembro de 2025, Trump afirmou que está “pronto” para impor sanções adicionais à Rússia — mas somente se todas as nações da OTAN deixarem de comprar combustíveis russos.

Essa estratégia funciona como uma espécie de “pegadinha diplomática”: ao exigir ação coletiva, ele evita agir unilateralmente contra países vulneráveis que mantêm laços comerciais.

Porto de Paranaguá (PR): em julho, o diesel russo chegou a custar cerca de R$ 110 por metro cúbico a menos que o norte-americano, consolidando a Rússia como principal fornecedora do Brasil e pressionando a participação dos EUA no mercado. (Foto: Rafael Nakamura/Portos do Paraná)

Paralelamente, Moscou decidiu impor uma restrição parcial à exportação de diesel (afetando revendedores, mas não produtores diretos), estendendo também o banimento de exportações de gasolina.

A justificativa oficial é a pressão sobre o mercado interno e a manutenção de estoques estratégicos diante dos danos sofridos por refinarias (em decorrência de ataques ucranianos). Operadores do mercado, contudo, já observam que a medida pode ter impacto limitado no fluxo de diesel russo, já que grande parte dos volumes é embarcada por produtores diretamente via oleodutos.

Impactos esperados no Brasil: preços, fornecimento e riscos estratégicos

Para o Brasil, essa confluência de pressões externas e ajustes russos lança incertezas sérias. Em primeiro lugar, o risco de que novas sanções americanas (ou secundárias) atinjam empresas, portos ou seguradoras brasileiras envolvidas em cadeias que importam diesel russo.

Tal cenário poderia tornar operações mais onerosas, dificultar seguros marítimos e alterar decisões de investimento no setor de energia.

Em segundo lugar, com as exportações russas parcialmente tolhidas, o preço desse diesel irá incorporar prêmios de risco maiores — o que pode tornar mais competitivas origens alternativas, como o Golfo do México (EUA) e o Oriente Médio.

No entanto, essas rotas têm limitações logísticas, concernentes a disponibilidade de navios, prazos de entrega e contratos já fechados.

Além disso, empresas brasileiras, tradings e a Petrobras terão de se adaptar ao novo cenário do “mix de origem” de sua matriz, possivelmente reavaliando contratos de longo prazo e estratégias de hedge.

O mercado nacional poderá sentir reajustes, principalmente nos preços ao consumidor final e no custo do transporte rodoviário e agrícola, afetando ainda o escoamento da safra.

Qual será o desfecho?

Se as ameaças de Trump se transformarem em sanções efetivas, o Brasil enfrentará uma escolha difícil: manter o abastecimento com risco político ou renegociar com fornecedores menos arriscados — possivelmente a preços mais altos.

Já sob a ótica russa, as restrições de exportação podem aumentar seu poder de barganha em negociações energéticas, forçando compradores a aceitar preços menos favoráveis.

Em última análise, o Brasil está em um ponto vulnerável: sua estratégica dependência do diesel russo e exposição geopolítica colocam o país sob risco de sofrer consequências não apenas econômicas, mas diplomáticas, caso esse jogo entre Washington e Moscou escale.

Banner quadrado em fundo preto com gradiente, destacando a frase “Acesse o CPG Click Petróleo e Gás com menos anúncios” em letras brancas e vermelhas. Abaixo, texto informativo: “App leve, notícias personalizadas, comentários, currículos e muito mais”. No rodapé, ícones da Google Play e App Store indicam a disponibilidade do aplicativo.
Inscreva-se
Notificar de
guest
4 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Edmar R.
Edmar R.(@edmar78ribeiro)
02/10/2025 18:25

Lula triplicou a compra de diesel russo, na intenção de financiar a Rússia. Nos colocou em situação vulnerável, poderia ter investido em produção no Brasil,gerado emprego e renda aos brasileiros.

Manoel Argolo
Manoel Argolo
Em resposta a  Edmar R.
02/10/2025 20:51

Primeiro vá estudar GEOPOLÍTICA antes de fazer observações empíricas e sem DADOS E FATOS, pois, comprar diesel da Rússia é uma boa opção devido ao preço bem mais baixo e nada tem a ver com ideologia… e montar refinarias e pólos petroquímicos… não se faz rapidamente. Mas estaríamos bem melhor se o MARGINAL Temer não tivesse entregue, a preço de **** o petróleo do Pré Sal e o aloprado ****, alucinado, despreparado, incompetente, mal educado, ignorante, ****, irresponsável, ****, empestiador, homofóbico, fanático religioso, ****, poluidor, incendiário, **** contumaz, desocupado e preguiçoso Bolsonaro… não tivesse PRIVATIZADO a Refinaria Landulpho Alves na Bahia.

Adolfo Carneiro
Adolfo Carneiro
Em resposta a  Manoel Argolo
03/10/2025 00:07

Que absurdo este seu comentário , que despreparo !

“Entendo seu ponto, mas precisamos trazer fatos à mesa. As refinarias que poderiam nos dar independência no refino – a Abreu e Lima, em Pernambuco, e o Comperj, no Rio – foram iniciadas nos governos Lula e Dilma. Essas obras se tornaram alvo dos maiores escândalos de corrupção revelados pela Lava Jato, com desvios bilionários e contratos superfaturados.
Só a Abreu e Lima já consumiu mais de R$ 90 bilhões, entregando menos de 50% da capacidade planejada. O Comperj, previsto para 2014, até hoje não entrou em operação plena.
Ou seja, se hoje o Brasil depende de importar diesel, parte dessa vulnerabilidade vem da má gestão e da corrupção nessas refinarias, que deveriam nos garantir autossuficiência. Essa é uma análise objetiva, baseada em fatos, não em ideologia.”

Leocampos
Leocampos(@leonocane)
01/10/2025 09:51

Petrobras só é usada pra sustento da elite politica brasileira nada mais, quando os recursos secarem e não ter como sustenta-lós ninguém mais vai querer ser politico

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, vivendo no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Escrevo artigos sobre temas complexos em uma linguagem acessível, mantendo rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x