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Brasil deixa fortuna escapar: sem investir em produção, segue refém das importações e perde espaço em setor trilionário

Publicado em 26/08/2025 às 21:53
Terras raras, Brasil, Importações
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Brasil tem reservas de terras raras, mas segue dependente da China para ímãs de neodímio, insumo vital na economia verde global

O debate sobre terras raras ganhou força após os Estados Unidos anunciarem tarifas sobre importações vindas da China. No Brasil, o movimento é para atrair investimentos externos e explorar reservas já conhecidas.

Mesmo assim, o país continua dependente de importações de ímãs de neodímio e outros insumos estratégicos.

Estudos da Agência Internacional de Energia (IEA) projetam que a demanda global por terras raras deve triplicar até 2040. A explicação está na transição energética e na eletrificação da mobilidade.

Hoje, a China domina o setor, concentrando 60% da produção e 85% da capacidade de refino. Isso coloca países como o Brasil em posição vulnerável, porque dependem de cadeias controladas por outros.

O Brasil tem reservas expressivas, mas não consegue transformar esse potencial em produção efetiva. Seguimos importando ímãs de neodímio de países como China e Mianmar, enfrentando tarifas, riscos logísticos e volatilidade cambial”, afirma Rodolfo Mídea, especialista em importação e CEO da Fácil Negócio, uma das maiores importadoras do país.

Ímãs de neodímio: peça central da economia verde

O neodímio é um mineral derivado das terras raras usado para produzir ímãs permanentes de alta potência.

Esses ímãs estão presentes em carros híbridos e elétricos, turbinas eólicas, aparelhos médicos, alto-falantes, hard disks e até sistemas militares.

Apesar de invisíveis para o consumidor, eles são considerados o coração da economia verde e digital. “Cada carro elétrico pode demandar até 2 kg de ímãs de neodímio. Uma turbina eólica de grande porte usa entre 600 kg e 1 tonelada. Isso mostra a oportunidade que o Brasil deixa passar ao não estruturar uma cadeia local de terras raras”, explica Mídea.

O mais importante é que esses números demonstram como a demanda vai crescer rapidamente. Portanto, países que dominarem a produção terão vantagem estratégica no mercado global.

Gargalos da importação e riscos para a indústria

Nos últimos anos, eventos internacionais expuseram a fragilidade da dependência brasileira. A pandemia, as restrições ambientais na China e a instabilidade política no Mianmar geraram alta nos preços e atrasos no fornecimento.

Durante a pandemia, vimos o preço do neodímio disparar mais de 100%. Muitas indústrias nacionais ficaram à beira da paralisação. A ausência de produção nacional torna o Brasil refém do mercado externo”, acrescenta Mídea.

Além disso, a falta de previsibilidade afeta o planejamento da indústria nacional. Empresas precisam lidar com custos maiores, dificuldade de estoque e insegurança sobre prazos de entrega.

Isso reduz a competitividade em setores que já enfrentam forte concorrência internacional.

Reservas no Brasil ainda pouco aproveitadas

O Brasil possui reservas relevantes em Estados como Amazonas, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Piauí e Tocantins.

No entanto, não domina a etapa do refino, responsável pelo maior valor agregado. Sem tecnologia para transformar os minerais em produtos finais, o país perde competitividade.

Especialistas avaliam que a construção de uma cadeia nacional poderia colocar o Brasil como fornecedor estratégico em um setor avaliado em mais de US$ 13 bilhões anuais.

O crescimento acelerado desse mercado reforça o caráter estratégico de desenvolver tecnologia própria.

Não basta extrair, é preciso processar e transformar em produtos finais de alto valor. O Brasil é referência em mineração, mas ainda engatinha em refino de terras raras. Isso limita nossa capacidade de competir e de reduzir a dependência da importação”, analisa Mídea.

Política industrial e futuro do setor

Na visão do especialista, o país precisa de uma política industrial consistente que incentive tanto a exploração quanto o processamento.

A indústria de tecnologia, energia e mobilidade elétrica precisa desses insumos. Se tivéssemos produção nacional, reduziríamos custos e riscos, além de abastecer outros mercados”, conclui.

O mais importante é que a estratégia poderia gerar ganhos para toda a cadeia produtiva. Desde mineração até produtos finais, a integração ajudaria a reduzir a vulnerabilidade e a consolidar o Brasil em um setor de alta demanda.

Realidade ainda distante

Enquanto o debate avança em Brasília e em fóruns internacionais, a realidade é clara: o Brasil importa praticamente todo o volume de ímãs de neodímio e terras raras que consome.

Isso garante o funcionamento da indústria no curto prazo, mas deixa o país exposto em um mercado cada vez mais estratégico e disputado.

Sem mudanças, o risco é continuar refém das importações, arcando com custos e incertezas que limitam o potencial da indústria nacional.

Com informações de SEGS.com.

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Romário Pereira de Carvalho

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