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Brasil dá um passo histórico: o primeiro trem de alta velocidade da América do Sul ligará São Paulo e Rio em apenas 1h45

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 09/11/2025 às 20:58
trem de alta velocidade brasil
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Após décadas de espera, o Brasil se prepara para inaugurar o trem de alta velocidade que conectará São Paulo e Rio e transformará o país em referência ferroviária sul-americana

O Brasil está prestes a dar um salto histórico em sua infraestrutura de transporte. Depois de duas décadas de planos adiados e projetos interrompidos, o país finalmente terá o seu primeiro trem de alta velocidade, conectando São Paulo e Rio de Janeiro.

O projeto, conduzido pela empresa privada TAV Brasil, promete transformar a mobilidade entre as duas maiores metrópoles do país e inaugurar uma nova era para o transporte ferroviário na América do Sul.

Duas décadas de tentativas frustradas

A ideia de um trem de alta velocidade no Brasil surgiu em 2004, sob o nome de “Expresso Bandeirantes”, com o objetivo de ligar São Paulo a Campinas. O plano foi arquivado em 2007, mas voltou à pauta durante o governo Lula, com a expectativa de ficar pronto para a Copa do Mundo de 2014. Quando isso não aconteceu, o cronograma foi empurrado para os Jogos Olímpicos de 2016. Mais uma vez, o projeto fracassou por falta de investimentos, dificuldades de financiamento e ausência de interesse do setor privado.

Agora, quase vinte anos depois, o cenário mudou. Em 2023, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) concedeu à empresa TAV Brasil autorização para planejar, construir e operar a linha ferroviária de alta velocidade que conectará Rio e São Paulo por 99 anos. Essa concessão representa o passo mais concreto já dado desde o início da ideia e recoloca o país no mapa dos grandes projetos de mobilidade global.

Um novo marco para o transporte brasileiro

O trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro terá cerca de 417 quilômetros de extensão e fará o trajeto completo em aproximadamente 1 hora e 45 minutos. A velocidade máxima estimada é de 320 km/h, o que coloca o projeto dentro dos padrões internacionais de alta velocidade. Atualmente, o mesmo percurso por rodovia leva, em média, seis horas.

O plano inclui estações intermediárias em São José dos Campos (SP) e Volta Redonda (RJ), duas cidades estratégicas tanto pela densidade populacional quanto pela relevância industrial. Segundo estimativas iniciais, o investimento total pode chegar a R$ 60 bilhões, com previsão de início das obras em 2027 e operação comercial em 2032. O valor médio da passagem deverá ficar em torno de R$ 500, o equivalente a cerca de 85 euros.

Além de conectar as duas maiores economias do Brasil, o projeto deve reduzir custos logísticos e emissões de carbono, além de estimular o turismo e a integração regional. A expectativa é que o empreendimento gere mais de 130 mil empregos diretos e indiretos durante a fase de construção e operação, com impacto estimado de R$ 168 bilhões no PIB até 2055.

O papel estratégico e a disputa internacional

Por trás da grandiosidade técnica e econômica do projeto, há também uma intensa disputa geopolítica e comercial. Empresas da Espanha, França, Alemanha e China demonstraram interesse em participar da construção e fornecimento dos trens. Companhias como CAF, Alstom e Siemens competem com grupos chineses que já têm forte presença em projetos ferroviários na África e na América Latina.

O envolvimento de investidores estrangeiros é visto como essencial para viabilizar o financiamento, dado o alto custo da obra. Fontes do setor afirmam que fundos árabes também demonstraram interesse em participar, reforçando o caráter internacional do empreendimento. O TAV Brasil, por sua vez, mantém diálogo aberto com diferentes parceiros, buscando garantir o equilíbrio entre tecnologia, rentabilidade e cronograma.

O desafio de transformar o sonho em realidade

Apesar do otimismo, os desafios continuam significativos. O traçado entre São Paulo e Rio de Janeiro inclui áreas montanhosas que exigirão túneis e viadutos complexos, elevando os custos e o tempo de execução. Há ainda questões ambientais e de desapropriação que precisarão ser tratadas com rigor para evitar atrasos.

Outro obstáculo é o histórico de desconfiança do setor privado em relação à rentabilidade do projeto. Experiências anteriores mostraram que, sem garantias sólidas de retorno, investidores hesitam em comprometer recursos em empreendimentos de longo prazo. Ainda assim, o contexto atual é mais favorável: o governo federal tem buscado modernizar o marco regulatório das ferrovias e atrair investimentos estrangeiros por meio de concessões e parcerias público-privadas.

Um projeto que redefine a infraestrutura do Brasil

Se o cronograma for cumprido, o Brasil poderá inaugurar em 2032 o primeiro trem-bala da América do Sul, ligando São Paulo e Rio em menos de duas horas. Mais do que um avanço no transporte de passageiros, trata-se de um salto estrutural na infraestrutura nacional, com potencial para reposicionar o país como líder em mobilidade sustentável e inovação tecnológica na região.

Para o setor de energia, petróleo e gás, o impacto também será significativo. A construção exigirá grande demanda por aço, concreto e energia, movimentando cadeias produtivas inteiras e impulsionando a economia. Além disso, a operação elétrica do trem contribui para reduzir emissões e reforça o compromisso do país com uma matriz energética mais limpa.

O Brasil, portanto, entra em um novo capítulo de sua história ferroviária. Depois de décadas de tentativas frustradas, o trem de alta velocidade deixa de ser apenas uma promessa e começa a se tornar uma realidade. O desafio agora é garantir que essa ambição não pare nos trilhos da burocracia, mas avance rumo ao futuro que o país há tanto tempo espera.

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Vanderlei
Vanderlei
09/11/2025 21:37

500 reais a passagem é cara
de avião é mais rápido ( 59 minutos) e mais barato cerca de 250 reais o trecho

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, vivendo no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Escrevo artigos sobre temas complexos em uma linguagem acessível, mantendo rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico

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