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Brasil aposta em algodão com fibra longa com 2 variedades resistentes a doenças e alcança alta produtividade em 12 estados do país

Escrito por Rodrigo Souza
Publicado em 22/09/2025 às 11:59
Brasil lança algodão com fibra longa de alta qualidade e resistência a doenças
Brasil lança algodão com fibra longa de alta qualidade e resistência a doenças (Foto: Embrapa)
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O Brasil lança algodão com fibra longa de alta qualidade e resistência a doenças. Novas cultivares da Embrapa prometem produtividade e sustentabilidade, atendendo diferentes regiões

O algodão com fibra longa chega ao Brasil em uma nova fase. Pesquisadores da Embrapa, em parceria com a Lyntera, desenvolveram duas cultivares que prometem mudar a forma como o algodão é cultivado no país.

Segundo uma matéria publicada no portal desse órgão público, a primeira, chamada BRS 700FL B3RF, foca na qualidade da fibra, próxima ao algodão egípcio e pima, muito usado em tecidos finos e roupas de alto padrão.

Já a BRS 800 B3RF é voltada para a resistência a doenças e pragas que afetam a produção, como a ramulária e o nematoide de galhas.

Essas cultivares combinam produtividade e tecnologia. Ambas têm proteção contra lagartas e tolerância ao herbicida glifosato. O objetivo é reduzir custos e tornar o cultivo mais sustentável, atendendo produtores de diferentes regiões do Brasil.

O lançamento representa uma oportunidade para o país diminuir a dependência de algodão importado de alta qualidade e ao mesmo tempo oferecer alternativas mais seguras contra problemas que reduzem a produção.

Fibra de excelência para mercados exigentes

A cultivar BRS 700FL B3RF, que representa o algodão com fibra longa, foi desenvolvida pensando na qualidade da fibra. O comprimento médio alcança 33,5 milímetros e pode ultrapassar 34 milímetros em mais da metade das regiões onde é cultivada.

Essa fibra é fina e resistente, ideal para a confecção de tecidos finos, com desempenho próximo ao algodão importado do tipo egípcio ou pima.

A resistência da fibra é de 32,8 gf/tex e o micronaire chega a 3,7, o que significa que ela é fácil de fiar e finalizar em tecidos. A produtividade média da BRS 700FL B3RF é de 4.524 quilos por hectare, com rendimento de fibra de 38%.

O porte da planta é alto e o ciclo longo, permitindo adaptação às condições dos biomas Cerrado e Caatinga.

Entre os estados indicados estão Bahia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Paraíba e Ceará.

O pesquisador Camilo Morello, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro da Embrapa Algodão (PB), destaca que essa cultivar oferece uma fibra de alta qualidade, agregando valor à produção nacional e aproximando o Brasil do mercado de algodão de luxo.

Redução de perdas e economia com defensivos

A cultivar BRS 800 B3RF é outra opção de algodão com fibra longa, mas com foco na resistência a doenças e pragas. Ela protege contra a mancha de ramulária, a doença azul, a bacteriose e o nematoide de galhas, praga capaz de inviabilizar lavouras inteiras.

Segundo o pesquisador Nelson Suassuna, da Embrapa, a ramulária é a doença que mais exige aplicação de fungicidas no país, podendo chegar a oito vezes durante o ciclo em variedades suscetíveis.

Já o nematoide de galhas prejudica a produção, especialmente no Mato Grosso e na Bahia, onde afeta cerca de 25% e 37% das áreas, respectivamente.

A BRS 800 B3RF oferece produtividade média de 5 mil quilos por hectare, rendimento de fibra de 42% e comprimento de 29,5 milímetros. Com ciclo precoce, ela é adequada para segunda safra, comum no Mato Grosso, e para cultivos tardios com pivô na Bahia.

A cultivar se adapta a Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rondônia, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

Com essa resistência, o produtor pode reduzir o número de defensivos aplicados, diminuir custos e manter a produção mesmo em áreas com histórico de doenças e pragas, garantindo maior segurança econômica.

Tecnologia genética que ajuda o produtor

Ambas as cultivares de algodão com fibra longa utilizam a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, desenvolvida pela Bayer.

Essa tecnologia protege contra as principais lagartas do algodoeiro, como Heliothis e Spodoptera, e permite o uso do herbicida glifosato, facilitando o manejo de plantas daninhas.

Outro ponto importante é a adaptação regional. A BRS 700FL B3RF, de ciclo mais longo, exige manejo mais técnico, indicado para áreas com maior controle ambiental. Já a BRS 800 B3RF, com ciclo curto, adapta-se bem à segunda safra, oferecendo mais opções de cultivo aos produtores de diferentes estados.

A tecnologia transgênica contribui para práticas mais sustentáveis, reduzindo o uso de defensivos e protegendo as lavouras de perdas causadas por doenças e pragas.

Existem variedades voltadas ao mercado de luxo que oferecem proteção contra pragas, oferecendo alternativas seguras e eficientes para produtores brasileiros.
Existem variedades voltadas ao mercado de luxo que oferecem proteção contra pragas, oferecendo alternativas seguras e eficientes para produtores brasileiros. (Foto: Embrapa)

Assim, o produtor consegue manter produtividade sem comprometer o meio ambiente ou a saúde das plantas.

Mercado de algodão em transformação

O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, mas ainda importa fibras especiais para atender o mercado de roupas de luxo. Com a BRS 700FL B3RF, que é algodão com fibra longa, parte dessa demanda poderá ser atendida internamente, agregando valor ao produto nacional.

Ao mesmo tempo, a BRS 800 B3RF fortalece a sustentabilidade da cotonicultura. Produtores em regiões onde doenças e pragas comprometiam a rentabilidade podem agora contar com uma cultivar resistente, com menor necessidade de defensivos e maior segurança econômica.

As sementes dessas novas cultivares estão disponíveis pela Lyntera, empresa licenciada para multiplicação e comercialização.

Assim, o produtor brasileiro tem acesso a variedades modernas, adaptadas às necessidades locais, capazes de atender tanto o mercado de luxo quanto os desafios de produção em áreas afetadas por doenças.

O lançamento das novas cultivares representa uma oportunidade para o Brasil avançar em qualidade, produtividade e sustentabilidade na cotonicultura, oferecendo aos produtores mais alternativas para garantir rentabilidade e atender a demanda interna e externa de algodão.

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Rodrigo Souza

Jornalista formado em 2006 pelo UNI-BH e com mais de 15 anos de experiência na produção de conteúdo otimizado para sites e blogs. Sou apaixonado pela escrita e sempre prezo pela credibilidade. Ao longo da minha carreira, já prestei serviço para diversos portais de notícias e agências de marketing digital na produção de matérias jornalísticas e artigos SEO.

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