Relatório mostra que menos de 7% dos veículos vendidos em 2024 foram elétricos e aponta caminhos urgentes para superar barreiras técnicas, regulatórias e ambientais
Um levantamento publicado em julho de 2025 pela Thymos Energia, uma das principais consultorias do setor elétrico nacional, trouxe à tona os obstáculos que o Brasil enfrenta para avançar na mobilidade elétrica. Apesar do crescimento, apenas 7% dos veículos licenciados em 2024 eram elétricos, segundo dados oficiais compilados pelo estudo.
O relatório intitulado Mobilidade Elétrica: experiência internacional e condições de contorno para sua difusão no Brasil mostrou que a eletromobilidade exige adaptações profundas na infraestrutura. Também exige políticas regulatórias modernas e investimentos coordenados.
Gargalos estruturais do setor elétrico
De acordo com a pesquisa, a eletrificação da frota demanda modernização das redes elétricas. Também exige descentralização da geração e digitalização completa do sistema.
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Para Luiz Vianna, COO da Thymos Energia, o país precisa investir em carregamento inteligente e no intercâmbio de energia entre veículos e a rede. Ele reforça que a transição só avança com o envolvimento conjunto de governo, indústria automotiva, setor de energia e consumidores.
O especialista destaca que o modelo tarifário brasileiro, em vigor em 2024, não atende às novas exigências. Será necessário criar tarifas específicas baseadas em horários de recarga e autonomia dos veículos. Ele também aponta a importância de mecanismos regulatórios que garantam eficiência e incentivem a adesão.
Avanço tímido, mas com forte potencial
Embora ainda tenha baixa representatividade, a eletromobilidade cresceu 85% nas vendas em 2024 em comparação com 2023, conforme o estudo.
No transporte coletivo, o cenário ainda é limitado. Apenas 1.000 ônibus elétricos circulavam em 18 municípios brasileiros em 2024, menos de 1% da frota nacional.
Para alterar essa realidade, o Governo Federal lançou em 2024 o Plano Nacional de Incentivo à Eletromobilidade no Transporte Coletivo, em parceria com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Capitais como São Paulo, Curitiba e Brasília iniciaram projetos-piloto. São Paulo avalia inclusive a criação de Zonas de Baixa Emissão (ZBE), que restringem veículos a combustão em áreas centrais.
Desafios ambientais e reciclagem de baterias
O estudo também abordou os impactos ambientais. O descarte de baterias de íon-lítio traz riscos para o país sem uma cadeia nacional de reciclagem.
A proposta é a criação de centros de processamento e reaproveitamento. Essa medida pode reduzir passivos ambientais, diminuir a exportação de resíduos e fomentar a economia circular. Além disso, pode gerar empregos e incentivar a inovação tecnológica.
Cenário global em ritmo acelerado
Enquanto o Brasil avança lentamente, as vendas globais de veículos elétricos alcançaram 14 milhões em 2023 e 17 milhões em 2024, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA).
A China respondeu por 60% das vendas em 2024 e concentrou 76% do mercado global até outubro daquele ano. O país também lidera em infraestrutura de recarga, produção de baterias e eletrificação de frotas pesadas.
Na Europa, a Alemanha consolidou políticas de incentivo, como subsídios e isenção de impostos. Além disso, possui infraestrutura pública densa e interoperável. Na América Latina, o Chile lidera com 2.600 ônibus elétricos em circulação em 2024. Logo atrás, a Colômbia conta com 1.700 veículos, números bem superiores aos brasileiros.
A mobilidade elétrica como parte da transição energética
Para Victor Ribeiro, consultor estratégico da Thymos Energia, a mobilidade elétrica não é apenas tendência. Ela integra a transição energética global e deve ser conduzida com planejamento, regulação moderna e foco em sustentabilidade.
Ele ressalta que o setor elétrico brasileiro precisa agir com rapidez para acompanhar a transformação.
A eletromobilidade no Brasil cresce, mas ainda enfrenta barreiras regulatórias, ambientais e estruturais que limitam seu avanço. O potencial é inegável, mas o país está preparado para transformar esse cenário em uma realidade sustentável e competitiva?