Historicamente, o uso do sistema ferroviário é antigo no Brasil, data do início do século XIX. No entanto, diversas políticas públicas sucatearam o setor ao longo dos anos e, hoje, o cenário das ferrovias brasileiras não é dos mais favoráveis. Independente disso, vamos te mostrar como surgiram as ferrovias no Brasil!
Um levantamento da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) apontou que, nos últimos 25 anos, o setor ferroviário cresceu 186% no volume de cargas no Brasil. Neste sentido, mesmo que os dados se mostrem promissores, o segmento continua sendo negligenciado pelo governo federal e outras políticas públicas.
Normalmente, isso acontece porque, historicamente, os investimentos no setor rodoviário foram o foco dos governos por muitos anos. Sendo assim, vamos te mostrar um pouco sobre a história do setor ferroviário brasileiro, e como surgiram as primeiras ferrovias no país.
Como surgiu o sistema ferroviário brasileiro?
O primeiro incentivo à construção do sistema ferroviário no Brasil ocorreu em 1828, quando o governo imperial promulgou a primeira carta de lei de incentivo às estradas em geral.
Sendo assim, a primeira tentativa de implantação de uma estrada de ferro no Brasil, ocorreu com a criação de uma empresa anglo-brasileira no Rio de Janeiro, em 1832, que planejava ligar a cidade de Porto Feliz ao porto de Santos.
Essa ferrovia tinha como missão transportar cargas do interior para o porto, a fim de diminuir os custos de exportação. No entanto, o governo imperial não apoiou o projeto que, consequentemente, não foi levado adiante.
Em 1835, o regente Diogo Antônio Feijó promulgou a Lei Imperial nº101, que incentiva a implantação das ferrovias brasileiras, concedendo privilégios por 40 anos a que desenvolvesse e explorar estradas de ferro ligando o Rio de Janeiro as capitais da Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
A garantia oferecida apontou que nenhuma outra ferrovia poderia ser construída numa faixa de 30 quilômetros de ambos os lados da linha autorizada. Contudo, embora os incentivos fossem interessantes, nenhum investidor se arriscou, pois as garantias eram escassas, não garantindo que haveria um lucro substancial.
Como surgiu a primeira ferrovia no Brasil?
Em 1852, ocorreu a construção da primeira ferrovia do Brasil, pelas mãos de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. O trecho saia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e seguia em direção à cidade de Petrópolis, também no estado do Rio de Janeiro. Ela possui 14,5 quilômetros de extensão, sendo inaugurada no dia 30 de abril de 1854 por Dom Pedro II.
Na época, ela marcou a primeira operação intermodal do Brasil, pois garantia a integração do transporte hidroviário e ferroviário. Em 1907, houve o processo de arrendamento das ferrovias brasileiras, baseado em uma declaração do então presidente Campos Sales.
Sendo assim, durante os anos da República Velha, a expansão das ferrovias foi grande no Brasil, chegando a 29 mil km. Assim, saiu dos então 9,5 mil km existentes no fim do Império.
Na época, a maior expansão ocorreu no estado de São Paulo, que chegou a ter 18 ferrovias, sendo as maiores a E.F. Sorocabana (2 mil km), Mogiana (1,9 mil km), a E.F. Noroeste do Brasil (1,5 km) e, por fim, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, com 1,533 km. Além disso, havia também a São Paulo Railway, que detinha a ligação com o Porto de Santos. Em suma, essas ferrovias permitiram o crescimento do estado, tanto no setor agrícola quanto industrial.
Por fim, a implantação desse modelo ferroviário, durante o segundo reinado, baseado em uma tecnologia inadequada e arcaica para os padrões de velocidade atuais, além da lógica de implantação de ferrovias baseada no modelo primário-exportador, deixaram algumas características presentes até hoje no sistema ferroviário brasileiro.