Relatório global expõe disparidade extrema nas emissões e cobra cortes drásticos entre os mais ricos até 2030
A desigualdade climática atinge níveis alarmantes, segundo o relatório “Saque Climático: como poucos poderosos estão levando o planeta ao colapso”, publicado pela Oxfam Internacional em 29 de outubro de 2024.
O estudo revela que o 0,1% mais rico da população mundial emite 800 kg de CO₂ equivalente por pessoa a cada dia, enquanto a metade mais pobre libera apenas 2 kg diários.
Essa diferença mostra como o estilo de vida de uma pequena elite intensifica o aquecimento global e aprofundam a crise ambiental mundial.
Ricos ampliam participação nas emissões globais
Entre 1990 e 2024, os mais ricos aumentaram em 32% sua participação nas emissões globais, enquanto os mais pobres reduziram em 3%.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 1990, o planeta tinha um limite de 1.149 gigatoneladas de CO₂ equivalente para conter o aquecimento global a 1,5 °C, conforme o Acordo de Paris.
No entanto, 89% desse limite já foi consumido, e o mundo se aproxima de um ponto crítico. Manter a temperatura dentro da meta exigirá mudanças rápidas e profundas em todos os setores.
Estilo de vida e responsabilidade climática
A diretora-executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, destaca que o relatório reforça o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que deve nortear as ações globais.
Para ela, os hábitos de consumo e a forma de geração de riqueza dos mais ricos estão diretamente ligados às emissões desproporcionais.
Se toda a população mundial vivesse como o topo da pirâmide econômica, o limite de emissões aceitável para evitar o colapso climático seria atingido em menos de três semanas, alerta Santiago.
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Cortes drásticos e urgência até 2030
Para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C, o estudo aponta que o 0,1% mais rico deve reduzir suas emissões individuais em 99% até 2030. Essa meta é vital para garantir que o Acordo de Paris continue viável.
A desigualdade nas emissões, além de ampliar os efeitos da crise ambiental, reforça injustiças históricas, pois os países e populações menos responsáveis pelos impactos climáticos são os que mais sofrem com suas consequências.
Investimentos e influência política ampliam o impacto global
O poder financeiro dessa elite também influencia diretamente as emissões. Conforme o relatório, 60% dos investimentos dos bilionários estão aplicados em setores altamente poluentes, como petróleo, gás e mineração.
Um bilionário médio chega a gerar 1,9 milhão de toneladas de CO₂ equivalente por ano apenas com seus investimentos.
Além disso, a presença de representantes ligados à indústria fóssil em espaços de decisão preocupa especialistas.
Na COP29, realizada em Baku (Azerbaijão), em 2024, 1.773 pessoas relacionadas aos setores de carvão, petróleo e gás participaram do evento, número superior ao total de delegados dos dez países mais vulneráveis ao clima.
Soluções para reduzir a desigualdade climática
A Oxfam recomenda taxar grandes fortunas, limitar a influência política dos super-ricos e redistribuir o orçamento climático global.
Também defende o fortalecimento de comunidades tradicionais e maior participação da sociedade civil nas decisões ambientais.
Para a entidade, a crise climática é, acima de tudo, uma crise de desigualdade, em que os mais ricos financiam e lucram com a destruição ambiental, enquanto a maioria da população paga o preço das consequências.



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