Pesquisadores coreanos criam eletrólito especial que impede dendritos, garante 350 ciclos e abre caminho para carros elétricos com recarga ultrarrápida.
A próxima geração de baterias promete mudar de vez o futuro dos veículos elétricos. Cientistas desenvolveram uma solução química capaz de eliminar uma das limitações mais persistentes: a formação de dendritos. Esse avanço permite recarregar rapidamente baterias e alcançar longas distâncias, algo que sempre foi um desafio para o setor automotivo.
Um novo eletrólito contra os dendritos
As baterias de lítio-metal se diferenciam das tradicionais de íons de lítio por usarem lítio puro no lugar do grafite. Essa troca aumenta a densidade energética, garantindo mais alcance com o mesmo peso.
Porém, o grande obstáculo sempre foi a formação de dendritos, estruturas cristalinas que surgem durante a recarga e comprometem o desempenho.
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A novidade está em um eletrólito líquido que consegue inibir o crescimento dessas estruturas. Ele altera a coesão da superfície do lítio, distribuindo os íons de forma uniforme. Assim, os pontos fracos, onde normalmente os dendritos aparecem, deixam de se formar.
Os testes de laboratório mostraram resultados expressivos, com carregamento ultrarrápido e maior durabilidade.
Em um experimento, a bateria atingiu de 5% a 70% de carga em apenas 12 minutos. Isso representa 800 km de autonomia e mais de 350 ciclos.
Outra versão alcançou 80% em 17 minutos, consolidando a robustez da tecnologia. Esses números aproximam a experiência de recarga elétrica ao tempo gasto para encher um tanque de combustível.
Pesquisas e impacto no setor
O estudo foi publicado na revista Nature Energy e conduzido pelo Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia.
Para o professor Hee Tak Kim, a descoberta abre caminho para a adoção em massa de veículos elétricos. Segundo ele, a tecnologia resolve uma barreira que há anos impede o uso comercial das baterias de lítio-metal.
Se esse sistema chegar ao mercado, a realidade dos motoristas pode mudar radicalmente.
Viagens de longa distância se tornariam viáveis com poucas paradas, além de reduzir a ansiedade por autonomia, um dos maiores medos de quem considera a troca para carros elétricos.
O problema dos dendritos
Os dendritos se assemelham a pequenos galhos que crescem dentro da bateria. Eles perfuram separadores internos, provocam curtos-circuitos e reduzem a vida útil.
O fenômeno ocorre por causa da deposição irregular de íons de lítio, principalmente em cargas rápidas. Como o ânodo das baterias de lítio-metal é feito de lítio puro, ele sofre mais com essa irregularidade.
Para contornar o problema, cientistas já testaram aditivos no eletrólito e modificações nos eletrodos. O novo método, porém, se destaca por promover uma deposição homogênea e evitar diretamente o surgimento dos pontos de concentração.
A importância da densidade energética
Outro fator central é a densidade energética, que mede a energia armazenada por unidade de peso ou volume. As baterias de íons de lítio tradicionais ficam entre 150 e 250 Wh/kg. Já as de lítio-metal podem alcançar entre 300 e 500 Wh/kg. Essa diferença significa mais capacidade em um mesmo espaço ou redução significativa de peso.
O uso do lítio-metal, portanto, garante eficiência, mas exige soluções químicas e de engenharia para controlar a estabilidade. O novo eletrólito surge exatamente para equilibrar desempenho e segurança.
Esse avanço representa um passo decisivo rumo a baterias mais potentes, rápidas e seguras. Se a tecnologia superar a fase de laboratório, os carros elétricos podem finalmente oferecer uma experiência tão prática quanto a dos veículos a combustão.