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Bancos do G7 se unem para criar suas próprias stablecoins lastreadas em moedas oficiais; projeto bilionário ameaça o domínio do dólar digital e pode redefinir o sistema financeiro mundial

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 14/10/2025 às 14:22
Bancos do G7 se unem para criar suas próprias stablecoins lastreadas em moedas oficiais; projeto bilionário ameaça o domínio do dólar digital e pode redefinir o sistema financeiro mundial
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Bancos do G7 se unem para criar stablecoins lastreadas em moedas oficiais. Iniciativa bilionária desafia o domínio do dólar digital e promete redesenhar o sistema financeiro mundial até 2030.

O sistema financeiro global está prestes a atravessar uma das maiores transformações desde a criação do cartão de crédito. Grandes bancos dos países do G7- entre eles o Bank of America, Deutsche Bank, UBS, HSBC e Goldman Sachs, iniciaram uma aliança histórica para criar suas próprias stablecoins, moedas digitais estáveis, cada uma lastreada em sua respectiva moeda nacional (dólar, euro, libra, iene, franco suíço e dólar canadense).

A iniciativa, confirmada em 10 de outubro de 2025 por fontes ligadas ao Financial Stability Board (FSB) e à Reuters, representa o primeiro esforço coordenado entre gigantes financeiros tradicionais para disputar espaço com as criptomoedas privadas e com os dólares digitais (CBDCs) planejados por governos. Mais que uma simples inovação tecnológica, o projeto é um movimento geopolítico e econômico de peso, que ameaça redesenhar o equilíbrio monetário global.

O nascimento das “moedas bancárias digitais”

As novas stablecoins, segundo o consórcio, funcionarão em um sistema padronizado entre bancos de países do G7, com lastro total nas reservas bancárias das moedas correspondentes.

Isso significa que cada unidade emitida será respaldada integralmente por dinheiro mantido em contas supervisionadas por bancos centrais, reduzindo o risco de colapsos ou desvios — um problema comum nas criptomoedas privadas.

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Cada instituição ficará responsável por emitir sua versão da moeda digital:

  • O Bank of America e o Goldman Sachs coordenarão a stablecoin do dólar americano;
  • O Deutsche Bank e o BNP Paribas cuidarão do euro digital bancário;
  • O UBS Group trabalhará com o franco suíço tokenizado;
  • Já o Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) supervisionará o iene digital privado.

Essas moedas poderão circular entre empresas e indivíduos, permitindo transações internacionais instantâneas e com custo praticamente zero, tudo registrado em blockchain própria — uma infraestrutura que promete conciliar a segurança bancária tradicional com a agilidade dos sistemas descentralizados.

A resposta dos bancos à ascensão das criptomoedas

O avanço dessa iniciativa é uma reação direta à hegemonia de stablecoins privadas como Tether (USDT) e USD Coin (USDC), que juntas movimentam mais de US$ 180 bilhões diários em transferências internacionais.

Essas moedas, embora populares, operam fora do alcance regulatório dos bancos centrais, o que sempre causou desconforto entre governos e grandes instituições financeiras.

Agora, os bancos querem “tomar de volta” esse território. O sistema em desenvolvimento será compatível com redes como Ethereum, Avalanche e Hyperledger, mas terá controle regulado, KYC obrigatório e auditoria permanente de reservas — o oposto do modelo anônimo e descentralizado que domina o mercado cripto.

Segundo um relatório do Bank for International Settlements (BIS), esse tipo de tokenização bancária é “inevitável” e deve se tornar o principal meio de liquidação internacional até 2030.

O impacto geopolítico: quem ganha e quem perde

A criação dessas stablecoins oficiais representa um ataque direto ao domínio do dólar digital e às ambições tecnológicas de outras potências.

O governo dos EUA, por exemplo, ainda não definiu um modelo único para sua CBDC e agora vê seus próprios bancos avançarem de forma independente, com apoio de entidades europeias.

A China, por outro lado, observa com preocupação. Seu yuan digital, lançado oficialmente em 2022, já é usado em 25 países da Ásia e da África como meio de pagamento bilateral. O surgimento de stablecoins privadas dos bancos ocidentais pode restringir o alcance global da moeda chinesa e fragmentar a arquitetura monetária internacional.

Analistas do Deutsche Bank Research estimam que, se o consórcio for bem-sucedido, pelo menos 30% das transações internacionais poderão migrar para blockchains bancárias até 2030, reduzindo custos de câmbio, taxas e tempo de compensação. Isso enfraquece intermediários tradicionais, incluindo sistemas como SWIFT e correspondentes bancários, que hoje dominam o trânsito de dinheiro entre fronteiras.

A nova arquitetura das transações globais

Com as stablecoins bancárias, as transações poderão ser feitas em tempo real, 24 horas por dia, eliminando barreiras cambiais e operacionais.

Um cliente em Paris, por exemplo, poderá enviar euros digitais instantaneamente para Nova York, convertendo-os em dólares tokenizados sem intermediários — e tudo isso dentro de uma estrutura supervisionada e auditável.

Além disso, o modelo abre caminho para a tokenização de ativos, permitindo que ações, títulos públicos, commodities e até imóveis passem a circular no mesmo ambiente financeiro digital. Em outras palavras: o dinheiro, os investimentos e as transações passam a coexistir no mesmo ecossistema.

Segundo o analista financeiro Michael Casey, da CoinDesk,

“O que está em jogo é mais do que eficiência: é soberania financeira. Os bancos não querem que o dinheiro do futuro seja controlado por startups de tecnologia, mas por eles mesmos.”

E o Brasil nisso tudo?

O Banco Central do Brasil observa o movimento de perto. O Drex, moeda digital brasileira em desenvolvimento, segue a mesma lógica de infraestrutura pública e interoperabilidade, mas com foco nacional. O avanço do consórcio do G7 deve acelerar os testes do Drex no ambiente internacional, principalmente com parceiros como o BIS e o Banco de Compensações Internacionais.

O economista Gustavo Cunha, especialista em criptoeconomia, avalia que o Brasil pode se beneficiar ao integrar sua moeda digital a essa nova rede de stablecoins:

“O Brasil tem a chance de entrar na mesa das transações globais com moeda digital soberana e interoperável. É uma oportunidade de escapar da dependência cambial e reduzir custos logísticos de exportação.”

Um novo mapa monetário global

O movimento dos bancos do G7 marca o início de uma nova era de convergência entre finanças tradicionais e blockchain. O dinheiro digital está deixando de ser promessa para se tornar estrutura central do comércio internacional.

As stablecoins bancárias têm potencial para:

  • Reduzir o uso do dólar físico no comércio global;
  • Diminuir o poder de gigantes de cripto como Tether e Circle;
  • Criar um novo padrão de transações internacionais mais transparente e imediato.

A disputa agora não é apenas entre governos e empresas de tecnologia — é uma corrida global pelo controle do dinheiro do futuro, onde cada segundo e cada bloco de código contam.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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