A Selic segue em 15% após decisão do Copom. O Banco Central alerta para riscos fiscais e inflação elevada, mantendo juros básicos altos.
O Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (05/11/2025), manter os juros básicos da economia (Selic) em 15% ao ano, nível mais alto em 19 anos.
A decisão, tomada de forma unânime pelo Comitê de Política Monetária (Copom), reflete a estratégia de manter uma postura de cautela diante do aumento das incertezas internas e externas.
Essa é a terceira reunião consecutiva em que a autoridade monetária opta por não alterar a taxa, deixando aberta a possibilidade de um novo aumento caso o cenário inflacionário se deteriore.
-
INSS dá prazo até 20 de novembro para aposentados fazerem biometria e evitar bloqueio de pagamento de aposentadorias, pensões e benefícios do BPC
-
COP30: Noruega confirma US$ 3 bilhões no TFFF
-
90% dos chineses têm imóvel próprio: a política que transformou inquilinos em donos e moldou a estabilidade social da segunda maior economia do mundo
-
Heineken escolhe Minas para investir R$ 2,5 bilhões, cria 13 mil empregos e mira liderança absoluta das cervejas puro malte no Brasil
Segundo o comunicado oficial, o Copom, liderado pelo presidente Gabriel Galípolo, afirmou que a política monetária continuará restritiva por um período “bastante prolongado”, até que haja convergência da inflação para a meta definida pelo governo.
Inflação ainda preocupa e Selic seguirá alta
No texto divulgado após a reunião, o Banco Central destacou que o cenário global ainda apresenta elevada incerteza, especialmente devido à política econômica dos Estados Unidos e à tensão geopolítica internacional.
Esses fatores têm impactado as condições financeiras e exigem cautela na condução dos juros básicos por parte de países emergentes, como o Brasil.
A instituição também chamou atenção para a resiliência do mercado de trabalho e o comportamento dos preços domésticos.
Apesar de uma leve desaceleração, a inflação ainda permanece acima da meta. A projeção para o índice oficial deste ano caiu de 4,8% para 4,6%, enquanto as expectativas para 2026 e 2027 permanecem em 3,6% e 3,3%, respectivamente.
Banco Central mantém política monetária rígida
O Copom reiterou que não hesitará em elevar os juros novamente, caso considere necessário para controlar o avanço da inflação. O comunicado ressalta:
“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.”
Essa postura reforça o compromisso do Banco Central com a estabilidade de preços, mesmo que isso represente uma desaceleração temporária da atividade econômica.
Expectativas e riscos para os próximos meses
De acordo com a autoridade monetária, os riscos inflacionários continuam elevados. Entre os principais fatores de pressão, estão a possível desancoragem das expectativas do mercado, a resistência da inflação de serviços e a influência de políticas fiscais e cambiais que possam elevar os preços internos.
Por outro lado, o Banco Central também reconhece riscos de queda, como uma desaceleração mais acentuada da economia brasileira ou global e a redução nos preços das commodities, o que poderia contribuir para aliviar a inflação.
As expectativas do mercado — medidas pelo boletim Focus — indicam que a inflação deve encerrar 2025 em 4,5% e 2026 em 4,2%, ainda acima do centro da meta oficial de 3%.
Política fiscal e impacto no mercado financeiro
O Copom declarou estar atento às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e aos desdobramentos da política fiscal doméstica, que podem interferir na condução dos juros e nos ativos financeiros.
A combinação entre gasto público elevado e pressões externas pode dificultar o processo de queda sustentada da inflação, justificando a manutenção da Selic em níveis altos.
Diretores mantêm consenso e reforçam vigilância
A decisão de manter os juros básicos em 15% foi assinada pelos nove membros do comitê, entre eles o presidente Gabriel Galípolo, e os diretores Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Astolfi Vivan, Izabela Corrêa, Nilton David, Paulo Picchetti, Renato Brito Gomes e Rodrigo Teixeira.
O consenso dentro do Banco Central demonstra o alinhamento em torno de uma política monetária conservadora, voltada à estabilidade econômica e ao controle da inflação em meio a um cenário político e fiscal desafiador.



Seja o primeiro a reagir!