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Aumento de impostos em energia solar causa reclamação de consumidores no Piauí

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 08/09/2025 às 10:13
Telhados com painéis solares e céu azul com nuvens ao fundo.
Casas com painéis solares instalados nos telhados sob um céu azul com nuvens.
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Entenda como os impostos em energia solar elevaram a conta de consumidores no Piauí e geram reclamações sobre cobrança indevida.

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um crescimento significativo no uso de energia solar. Além disso, a busca por fontes de energia mais limpas e a necessidade de reduzir custos com eletricidade incentivaram esse avanço.

De fato, a energia solar fotovoltaica permite que consumidores gerem sua própria eletricidade por meio de painéis solares, tornando-se, portanto, uma alternativa popular para residências, empresas e propriedades rurais. No entanto, recentes mudanças na legislação do Piauí trouxeram à tona uma questão delicada: a cobrança de impostos em energia solar, que, consequentemente, gerou insatisfação entre os consumidores.

Historicamente, o incentivo à energia solar no Brasil começou a se consolidar na década de 2010. Por exemplo, programas governamentais e políticas públicas voltadas para promover fontes renováveis contribuíram para a expansão do setor.

Além disso, o país, privilegiado pela abundância de sol, enxergou na energia solar uma oportunidade de diversificação energética e redução da dependência de combustíveis fósseis. Até então, os consumidores que investiam em sistemas fotovoltaicos pagavam taxas mínimas pelo uso da rede elétrica da concessionária. Eles podiam, ao mesmo tempo, injetar o excedente na rede de distribuição, gerando créditos que compensavam o consumo.

Além disso, o crescimento da energia solar no Brasil também esteve atrelado a políticas de incentivo fiscal, como a isenção do ICMS em alguns estados e a redução de tarifas de importação de equipamentos. Essas medidas, portanto, tornaram a energia solar mais acessível, especialmente para residências de médio porte e pequenas empresas.

No entanto, a recente mudança no Piauí demonstra como alterações legislativas podem afetar rapidamente o planejamento financeiro dos consumidores e, consequentemente, desestimular novos investimentos.

Mudanças na legislação do Piauí e impacto nas contas

No Piauí, a realidade começou a mudar em 2024, quando a Assembleia Legislativa aprovou uma lei que alterou a forma de cobrança sobre a energia solar. Assim, os consumidores passaram a pagar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre a eletricidade que geram.

Essa medida, juntamente com a criação de uma taxa pelo uso da rede e da infraestrutura da concessionária Equatorial Piauí, elevou, portanto, de forma considerável o valor das faturas mensais de energia.

Antes da aprovação da lei, os consumidores pagavam apenas uma taxa mínima de manutenção da rede elétrica. Para sistemas monofásicos, o valor girava em torno de R$ 30, enquanto para sistemas trifásicos ultrapassava R$ 100.

Com a nova legislação, além dessa taxa de utilização, o ICMS passou a incidir sobre a energia solar, duplicando, assim, o custo da conta de muitos consumidores.

Por outro lado, as concessionárias e especialistas do setor justificam que, mesmo com a autoprodução de energia, a rede elétrica continua transportando o excedente de eletricidade para outros consumidores.

Marco Melo, presidente da Apisolar, explica: “Mesmo com a geração própria, há custos operacionais, manutenção da rede e uso da infraestrutura que justificam a cobrança de taxas pelo uso do sistema”.

No entanto, muitos consumidores se surpreenderam com o valor adicional e não estavam preparados para arcar com ele.

Além disso, para especialistas, essa mudança representa um desafio para a transição energética, visto que a previsibilidade e estabilidade de custos são essenciais para estimular a instalação de novos sistemas fotovoltaicos.

Além do impacto financeiro imediato, a medida pode influenciar o comportamento do mercado e a decisão de consumidores que ainda consideram adotar a energia solar.

Legalidade da cobrança e precedentes em outros estados

A introdução do ICMS sobre a energia solar gerou discussões sobre a legalidade da cobrança. Por exemplo, em outros estados brasileiros, como Goiás, Maranhão e Alagoas, a tentativa de tributar a autoprodução de energia também gerou polêmica.

Em alguns casos, a Justiça suspendeu a cobrança, considerando-a indevida. De fato, o exemplo de Goiás é emblemático: o governador solicitou que o partido do qual faz parte, o MDB, entrasse com uma ação de inconstitucionalidade. Isso resultou em liminares que devolveram os valores pagos pelos consumidores.

No Piauí, a expectativa é que ocorram situações semelhantes. Assim, consumidores que recorreram à Justiça têm obtido decisões favoráveis em caráter individual, suspendendo, portanto, o pagamento do ICMS em suas residências.

O advogado Cleano Jales, que atua em diversos casos no estado, já garantiu liminares que impedem a cobrança do imposto. Ele acredita que, em breve, haverá uma decisão coletiva, beneficiando todos os consumidores afetados.

Além disso, o debate legal mostra a necessidade de harmonizar leis estaduais e políticas nacionais de incentivo à energia limpa. Enquanto alguns estados buscam arrecadar recursos com impostos sobre autoprodução, outros continuam a oferecer incentivos que estimulam a adoção de tecnologias renováveis.

Dessa forma, cria-se um cenário desigual para investidores e consumidores em diferentes regiões do país.

Impostos em energia solar: Debate nacional e percepção dos consumidores

O debate sobre tributação da energia solar não se limita ao Piauí. De fato, especialistas discutem a necessidade de equilibrar a arrecadação do Estado com o incentivo ao consumo sustentável de energia.

O ICMS, por ser um imposto estadual, constitui uma ferramenta importante para os governos locais, mas sua aplicação sobre a autoprodução de energia tem se mostrado uma barreira ao crescimento das fontes renováveis. Assim, o caso do Piauí reflete um dilema mais amplo: como compatibilizar a arrecadação tributária com políticas públicas que incentivem a energia limpa.

Além disso, os consumidores relatam que a cobrança adicional gerou surpresa e frustração. Ao investir em energia solar, esperavam reduzir seus gastos com eletricidade e, ao mesmo tempo, contribuir para a preservação ambiental.

Para Helder Jales, secretário-geral da Apisolar, a cobrança carece de respaldo legal, e experiências em outros estados mostram que a Justiça pode agir em favor dos consumidores. Portanto, esse cenário evidencia a importância de regulamentações claras e de diálogo entre concessionárias, governo e sociedade, para garantir que políticas energéticas avancem sem penalizar quem investe em sustentabilidade.

A transparência na cobrança e o esclarecimento sobre os custos operacionais da rede elétrica são essenciais. Além disso, os consumidores querem entender exatamente pelo que pagam e evitar surpresas financeiras.

Assim, a falta de comunicação clara sobre mudanças na legislação e a introdução de novos impostos pode prejudicar a confiança do público e reduzir a adesão à energia solar.

Integração da energia solar à rede elétrica

A situação do Piauí também mostra a complexidade de integrar a energia solar à rede elétrica convencional. Quando os consumidores produzem mais energia do que consomem, eles transferem o excedente para a rede da concessionária, garantindo que outros usuários se beneficiem.

É nesse ponto que surgem os custos de operação e manutenção, que as concessionárias argumentam como justificativas para taxas adicionais. No entanto, o valor e a forma dessa cobrança devem ser transparentes e proporcionais, evitando, portanto, que o incentivo à produção própria de energia seja prejudicado.

Outro desafio envolve políticas de compensação que incentivem a geração distribuída sem comprometer a arrecadação estadual. Sistemas de crédito de energia, acordos de net metering e incentivos fiscais têm se mostrado instrumentos importantes em outros países.

Por isso, sua adaptação ao contexto brasileiro pode equilibrar interesses de consumidores, concessionárias e governo.

Em síntese, o aumento de impostos em energia solar no Piauí evidencia um momento de transição e adaptação no setor energético brasileiro. Enquanto a energia solar continua a crescer como alternativa viável e sustentável, a legislação precisa equilibrar arrecadação tributária e incentivo à produção de energia limpa.

Assim, o caso do Piauí serve como alerta para outros estados e para o país: a tributação sobre a autoprodução de energia deve considerar o impacto financeiro dos consumidores e os objetivos de longo prazo relacionados à sustentabilidade e à redução da dependência de fontes fósseis.

Enquanto isso, o diálogo entre governo, concessionárias e sociedade civil é essencial para que a expansão da energia renovável continue equilibrada. Isso garante que os investimentos em tecnologia limpa não sejam desestimulados por cobranças inesperadas.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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