O avanço das energias renováveis trouxe um desafio inesperado: o desmatamento causado pela instalação de grandes usinas solares. Enquanto alguns países derrubam hectares de florestas para abrir espaço aos painéis, pesquisadores trabalham em soluções capazes de equilibrar a produção de eletricidade e a preservação ambiental. Uma dessas alternativas ganhou destaque em estudo recente realizado na Coreia do Sul: as árvores solares.
A energia solar tem potencial para suprir toda a demanda mundial de eletricidade. Mesmo assim, esse cenário ainda está distante. Governos estabelecem metas ambiciosas porque querem reduzir a dependência de carvão e combustíveis fósseis. Nesse contexto, os painéis solares aparecem como protagonistas.
Mas existe um problema. Em várias regiões, a instalação de grandes estruturas exige o corte de áreas inteiras de floresta. Isso gera um impacto ambiental contraditório.
Na Coreia do Sul, os números mostram a dimensão: 529 hectares de floresta foram derrubados em 2016, 1.435 em 2017 e 2.443 em 2018.
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Nem toda instalação causa desmatamento. Algumas ficam em desertos ou em áreas sem árvores. Porém, quando há corte de vegetação, o efeito negativo é grave porque elimina sumidouros de carbono e prejudica a biodiversidade. Além disso, aumenta a erosão e destrói habitats naturais.
A promessa das árvores solares
Isso não significa que a energia solar deixou de ser essencial. Pelo contrário, ela continua sendo central para a transição energética. A diferença é que agora surgem soluções para contornar o desmatamento. Uma delas é a árvore solar.
Essas estruturas são projetadas como árvores artificiais. Os painéis ocupam os galhos e as folhas, posicionados na copa superior. Dessa forma, permitem a passagem da luz até a vegetação no solo.
Até pouco tempo atrás, pesquisas analisavam apenas o desempenho de árvores solares isoladas. Mas um estudo recente mudou a perspectiva ao simular uma instalação em grande escala. A pesquisa foi conduzida pelo cientista Dan-Bi Um e publicada na revista Scientific Reports.
O estudo em Goseong
A simulação aconteceu em uma região costeira do Condado de Goseong, na Coreia do Sul. O pesquisador comparou duas situações: uma instalação já existente de painéis solares planos e um cenário com árvores solares.
No projeto real, aproximadamente 98% da área florestal foi convertida em painéis. Segundo Um, essa mudança alterou o ambiente visual e causou perturbações ecológicas. Entre os efeitos, ele citou a perda de vegetação nativa, a fragmentação de habitats e a redução da biodiversidade.
Já na simulação, as árvores solares preservaram 99% da floresta. Elas foram distribuídas em fileiras lineares, espaçadas a cada 20 metros, acompanhando trilhas e limites de terreno.
Mesmo com essa preservação, atingiram a mesma capacidade de energia que a instalação de painéis planos.
Resultados e implicações
O dado mais impressionante está na equivalência de geração. Sessenta e três árvores solares, equipadas com painéis de alta eficiência, produziram a mesma energia que uma usina de painéis planos de 1 MW. Além disso, ocuparam uma área muito menor, reduzindo custos com terrenos.
Esse resultado indica que árvores solares podem equilibrar metas de energia renovável com preservação ambiental. Portanto, surgem como alternativa viável em locais onde o corte de florestas seria inevitável.
Próximos passos
Apesar do potencial, a tecnologia ainda precisa de mais testes. É necessário avaliar o desempenho em diferentes tipos de paisagem e verificar a durabilidade dos materiais.
Pesquisadores ressaltam que só assim será possível garantir que as árvores solares funcionem em escala global.
Ainda assim, a ideia já aponta para um caminho claro. A geração de energia renovável pode crescer sem comprometer ecossistemas valiosos. Árvores solares representam, portanto, um passo importante para atingir a transição energética de forma mais sustentável.