Estudo revela que árvores grandes cresceram cerca de 3% por década nos últimos 30 anos, um aparente efeito positivo das mudanças climáticas que pode não durar para sempre
A Amazônia, conhecida como os “pulmões do planeta” por sua capacidade de absorver enormes quantidades de dióxido de carbono (CO₂), é peça central na luta contra o aquecimento global.
Responsável por capturar até um quarto do CO₂ absorvido por toda a vegetação terrestre, ela continua sendo uma linha de defesa vital contra o avanço das mudanças climáticas.
Ainda assim, as notícias sobre a região costumam ser negativas. Nos últimos 40 anos, a floresta perdeu mais de 121 milhões de acres de cobertura vegetal, uma área equivalente ao território da Espanha.
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Mas um novo estudo publicado na revista A Amazônia, conhecida como os “pulmões do planeta” por sua capacidade de absorver enormes quantidades de dióxido de carbono (CO₂), é peça central na luta contra o aquecimento global.
Responsável por capturar até um quarto do CO₂ absorvido por toda a vegetação terrestre, ela continua sendo uma linha de defesa vital contra o avanço das mudanças climáticas. Ainda assim, as notícias sobre a região costumam ser negativas.
Nos últimos 40 anos, a floresta perdeu mais de 121 milhões de acres de cobertura vegetal, uma área equivalente ao território da Espanha.
Mas um novo estudo publicado na revista Nature Plants traz uma descoberta surpreendente. Segundo uma equipe internacional de cientistas, liderada pela ecóloga Adriane Esquivel-Muelbert, da Universidade de Cambridge, as árvores maiores da Amazônia estão crescendo mais rápido do que o esperado. O levantamento mostra que, nas últimas três décadas, essas árvores aumentaram seu tamanho em cerca de 3,3% por década.
O efeito inesperado do excesso de CO₂
A pesquisa analisou 188 parcelas permanentes na floresta amazônica e constatou que a elevação dos níveis de CO₂ na atmosfera vem estimulando o crescimento das árvores.
Embora o efeito seja observado em espécies de todos os tamanhos, os resultados foram mais expressivos nas árvores grandes. O crescimento foi medido pela área basal, a seção transversal do tronco na altura do peito, e revelou que esses “gigantes” estão conseguindo aproveitar a maior disponibilidade de carbono para crescer.
Esse achado vai contra a chamada “hipótese da perda das árvores grandes”, que sugeria que exemplares mais robustos seriam mais vulneráveis a secas intensas e ventanias. Pelo contrário, ao menos por enquanto, elas estão mostrando uma notável resiliência.
“Árvores grandes são fundamentais para absorver CO₂ da atmosfera e este estudo confirma isso”, disse Esquivel-Muelbert em comunicado. “Apesar das preocupações de que as mudanças climáticas possam prejudicar a Amazônia, o efeito fertilizador do CO₂ ainda está presente. Isso mostra a resiliência impressionante da floresta, ao menos por enquanto.”
Crescimento rápido, futuro incerto
A Amazônia não é a única floresta a apresentar alterações ligadas ao clima. Uma pesquisa de 2023 da Universidade de New Brunswick, no Canadá, concluiu que as florestas boreais devem crescer até 20% mais rápido até 2050, impulsionadas pelo aumento das temperaturas e pelas estações de crescimento mais longas.
Apesar disso, os cientistas alertam que esse crescimento não garante um futuro seguro. O aumento de tamanho e a absorção extra de carbono podem ser anulados por outros fatores críticos, como desmatamento, queimadas, surtos de insetos e eventos climáticos extremos. Só em 2024, segundo a Reuters, o mundo registrou uma das maiores perdas de floresta tropical da história.
“O destino das grandes árvores é agora uma questão crucial”, afirmou Oliver Phillips, coautor do estudo e ecólogo da Universidade de Leeds. “Elas só permanecerão saudáveis se o ecossistema amazônico permanecer conectado. O desmatamento multiplica ameaças e, se continuar, acabará matando esses gigantes.”
A missão crítica das florestas
Se a boa notícia é que as árvores amazônicas ainda conseguem resistir e até crescer em meio ao estresse ambiental, o alerta é claro: sua sobrevivência depende de reduzir drasticamente a destruição. Manter a Amazônia de pé é essencial não apenas para o Brasil, mas para o equilíbrio climático do planeta inteiro.
As florestas tropicais, junto às boreais e temperadas, continuarão a desempenhar papel decisivo na absorção de carbono enquanto a humanidade busca uma transição energética verde. Porém, como ressaltam os pesquisadores, isso só será possível se os seres humanos interromperem a devastação e permitirem que a natureza continue a desempenhar seu trabalho vital.