Com destaque internacional, o arroz de Santa Catarina desenvolvido pela Epagri e Embrapa reforça o papel da pesquisa agropecuária na sustentabilidade e segurança alimentar diante das mudanças climáticas
O arroz de Santa Catarina, especialmente a variedade SCSBRS126 Dueto, tem atraído os olhares do mundo ao se tornar símbolo de inovação, resiliência e segurança alimentar em tempos de intensas mudanças climáticas, segundo uma matéria publicada.
Desenvolvido pela Epagri em parceria com a Embrapa, o grão conquistou projeção internacional ao figurar entre os finalistas do GBA Award for Impact and Leadership in Bioeconomy 2025, promovido pela Global Bioeconomy Alliance, na Dinamarca.
O reconhecimento coloca o estado catarinense no centro das discussões sobre sustentabilidade agrícola e bioeconomia global.
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Com 15 anos de pesquisas contínuas, a variedade Dueto alia tecnologia, produtividade e resistência a temperaturas extremas, sendo hoje cultivada em mais da metade das áreas de arroz irrigado do estado.
Inovação tecnológica no campo e adaptação às mudanças climáticas
A trajetória do arroz de Santa Catarina traduz o compromisso entre ciência e prática agrícola. A variedade Dueto, lançada comercialmente em 2023, é resultado da colaboração entre Epagri, Embrapa e Udesc/CAV, com apoio de instituições como CNPq, Fapesc, Finep e Capes.
O projeto “Melhoramento de Arroz para Temperaturas Extremas no Enfrentamento das Mudanças Climáticas” foi coordenado pelo pesquisador Rubens Marschalek, da Estação Experimental de Itajaí.
O diferencial da cultivar é sua impressionante tolerância genética a variações de temperatura. Enquanto outras variedades reduzem sua produtividade quando o termômetro cai abaixo de 17°C ou ultrapassa 38°C, a Dueto mantém estabilidade e rendimento.
Isso garante colheitas seguras mesmo em cenários de estresse térmico, contribuindo diretamente para a segurança alimentar global.
Segundo Marschalek, o mérito da variedade está em unir ciência e adaptação climática, tornando-se um modelo de agricultura inteligente e sustentável.
Além do desempenho em campo, o desenvolvimento gerou 18 publicações técnicas, sete artigos jornalísticos, oito vídeos, duas dissertações e uma tese de doutorado.
Esses resultados reforçam o impacto científico e tecnológico do projeto, fortalecendo o papel da pesquisa pública no avanço da orizicultura brasileira.
Parcerias científicas e fortalecimento da bioeconomia sustentável
A consolidação do arroz de Santa Catarina como referência mundial só foi possível graças à sólida cooperação institucional.
O nome “Dueto” simboliza não apenas a parceria entre Epagri e Embrapa, mas também a dupla resistência ao frio e ao calor, características essenciais em um contexto de aquecimento global.
Essa sinergia entre pesquisa e campo impulsiona a transição para uma bioeconomia sustentável, conceito promovido pelo prêmio da Global Bioeconomy Alliance.
Durante a conferência anual realizada em Copenhague, entre 29 de setembro e 3 de outubro de 2025, o projeto catarinense destacou-se entre as cinco melhores iniciativas globais.
O prêmio reconhece ações que estimulam a inovação, o impacto social e o uso racional de recursos naturais.
Para o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Epagri, Reney Dorow, o feito reafirma o protagonismo da pesquisa pública na busca por soluções sustentáveis que unem produtividade e preservação ambiental.

Desenvolvimento rural e impacto econômico no agronegócio catarinense
A relevância do arroz de Santa Catarina vai além do campo científico.
De acordo com o presidente da Epagri, Dirceu Leite, o estado responde por 9% da área nacional de cultivo, com produção distribuída em 86 municípios e sustentada por cerca de seis mil produtores, a maioria agricultores familiares.
Essa estrutura reforça a importância social do cereal na economia regional. Os resultados econômicos comprovam o avanço: segundo dados da Epagri/Cepa, a produtividade média saltou de 1,8 tonelada por hectare na década de 1970 para expressivas 8,73 toneladas por hectare em 2025.
O desempenho está diretamente ligado à aplicação de tecnologias desenvolvidas localmente e à integração entre pesquisa, extensão e produtores.
O sucesso da Dueto simboliza essa transformação, mostrando que ciência e campo podem caminhar lado a lado na busca por sustentabilidade e competitividade.
Com o selo da Global Bioeconomy Alliance, a variedade SCSBRS126 Dueto reforça o papel da Epagri como agente estratégico na construção de um futuro agropecuário mais equilibrado.
Em meio às incertezas climáticas, o arroz de Santa Catarina consolida-se como exemplo de inovação e resiliência, um legado de ciência aplicada que inspira o Brasil e o mundo.



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