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Arábia Saudita lança megausina de hidrogênio verde para dominar mercado global

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 29/07/2025 às 11:21
hidrogênio
Foto: Reprodução
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A Arábia Saudita anunciou um novo megaprojeto de hidrogênio verde em Yanbu, com o dobro da capacidade da planta de Neom. A iniciativa reforça a ambição do país em liderar as exportações globais de energia limpa.

A Arábia Saudita deu mais um passo ousado em sua transição energética ao anunciar um novo projeto de hidrogênio verde em larga escala.

Chamado de Yanbu Green Hydrogen Hub, o empreendimento será construído na cidade de Yanbu e terá quase o dobro do tamanho da já ambiciosa planta de Neom.

O projeto será desenvolvido pela ACWA Power em parceria com a empresa alemã EnBW.

A capacidade total de eletrólise da instalação será de 4 gigawatts, o que permitirá a produção de até 400 mil toneladas de hidrogênio verde por ano.

Eletrolisador gigante e foco na exportação

O hidrogênio produzido será convertido em amônia verde, facilitando sua exportação para mercados internacionais.

Para isso, o projeto também contará com um terminal de exportação dedicado, além de sistemas de dessalinização de água para abastecer o processo de eletrólise.

Essa estrutura de suporte é essencial, porque a eletrólise requer grandes volumes de água purificada.

A ACWA Power encomendou o estudo de engenharia inicial (FEED) ao consórcio formado pela espanhola Técnicas Reunidas e pela chinesa Sinopec.

O contrato FEED marca o início do planejamento detalhado do projeto e deve durar 10 meses.

Após essa fase, os parceiros apresentarão uma proposta de engenharia, aquisição e construção (EPC), avaliada em vários bilhões de euros.

Energia renovável será essencial para viabilizar o plano

Apesar do porte do projeto, a geração de energia solar e eólica ainda não faz parte do contrato atual.

No entanto, essas fontes serão indispensáveis para garantir que o hidrogênio seja, de fato, verde e sem emissões de carbono.

Portanto, espera-se que a eletricidade usada na planta venha de parques renováveis que serão integrados em fases futuras.

Isso significa que o sucesso do projeto está diretamente ligado ao avanço paralelo de infraestrutura de energia limpa no país.

Técnicas Reunidas reforça presença no Oriente Médio

A espanhola Técnicas Reunidas vem ampliando sua atuação nos projetos de energia limpa da Arábia Saudita. Só em 2024 e 2025, a empresa já fechou mais de 2 bilhões de dólares em contratos.

Entre esses contratos, estão projetos que unem tecnologias de hidrogênio com captura de carbono.

A empresa também está envolvida na construção de uma das maiores plantas de e-metanol da Europa, localizada em La Robla, na Espanha.

Lá, a captura biogênica de carbono está sendo integrada ao projeto, alinhando-se às metas de descarbonização futuras.

Disputa pela liderança global em hidrogênio verde

O mais importante é que a Arábia Saudita não está sozinha nessa corrida.

O país já declarou a intenção de investir até US$ 270 bilhões em energia até 2030 e busca responder por 10% das exportações globais de hidrogênio.

O novo centro em Yanbu se torna estratégico nessa meta, especialmente por facilitar o fornecimento de amônia verde para uso industrial e geração elétrica no exterior.

Outros países da região também estão investindo pesado. Os Emirados Árabes Unidos já comprometeram mais de € 10 bilhões em sua estratégia nacional de hidrogênio.

Marrocos, por sua vez, aposta em um plano de US$ 32 bilhões para se tornar um dos principais fornecedores da Europa.

Segundo Pierre-Etienne Franc, CEO da Hy24, “a região é o próximo grande lugar para o hidrogênio”. Essa visão é apoiada pelo ritmo de investimento e pela infraestrutura em construção no Oriente Médio e no Norte da África.

Riscos e incertezas do mercado ainda persistem

Mesmo com esses avanços, ainda há incertezas. Muitos projetos na região aguardam decisões finais de investimento. Isso mostra que, embora a ambição seja grande, os riscos também são consideráveis.

Além disso, o mercado global ainda enfrenta desafios. A tecnologia dos eletrolisadores continua em desenvolvimento e as cadeias de suprimentos sentem pressão para acompanhar a demanda crescente.

Por isso, o sucesso do centro de Yanbu dependerá de mais do que a construção de um grande eletrolisador. Será necessário integrar geração renovável, reduzir custos, manter competitividade internacional e seguir alinhado com a estratégia nacional de transição energética.

A aposta da Arábia Saudita é clara: investir em grande escala e sair na frente na corrida mundial pelo hidrogênio verde.

O projeto de Yanbu pode se tornar peça-chave nessa disputa. Mas, como todo grande plano, ainda há muitos desafios pela frente.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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