A Arábia Saudita anunciou um novo megaprojeto de hidrogênio verde em Yanbu, com o dobro da capacidade da planta de Neom. A iniciativa reforça a ambição do país em liderar as exportações globais de energia limpa.
A Arábia Saudita deu mais um passo ousado em sua transição energética ao anunciar um novo projeto de hidrogênio verde em larga escala.
Chamado de Yanbu Green Hydrogen Hub, o empreendimento será construído na cidade de Yanbu e terá quase o dobro do tamanho da já ambiciosa planta de Neom.
O projeto será desenvolvido pela ACWA Power em parceria com a empresa alemã EnBW.
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A capacidade total de eletrólise da instalação será de 4 gigawatts, o que permitirá a produção de até 400 mil toneladas de hidrogênio verde por ano.
Eletrolisador gigante e foco na exportação
O hidrogênio produzido será convertido em amônia verde, facilitando sua exportação para mercados internacionais.
Para isso, o projeto também contará com um terminal de exportação dedicado, além de sistemas de dessalinização de água para abastecer o processo de eletrólise.
Essa estrutura de suporte é essencial, porque a eletrólise requer grandes volumes de água purificada.
A ACWA Power encomendou o estudo de engenharia inicial (FEED) ao consórcio formado pela espanhola Técnicas Reunidas e pela chinesa Sinopec.
O contrato FEED marca o início do planejamento detalhado do projeto e deve durar 10 meses.
Após essa fase, os parceiros apresentarão uma proposta de engenharia, aquisição e construção (EPC), avaliada em vários bilhões de euros.
Energia renovável será essencial para viabilizar o plano
Apesar do porte do projeto, a geração de energia solar e eólica ainda não faz parte do contrato atual.
No entanto, essas fontes serão indispensáveis para garantir que o hidrogênio seja, de fato, verde e sem emissões de carbono.
Portanto, espera-se que a eletricidade usada na planta venha de parques renováveis que serão integrados em fases futuras.
Isso significa que o sucesso do projeto está diretamente ligado ao avanço paralelo de infraestrutura de energia limpa no país.
Técnicas Reunidas reforça presença no Oriente Médio
A espanhola Técnicas Reunidas vem ampliando sua atuação nos projetos de energia limpa da Arábia Saudita. Só em 2024 e 2025, a empresa já fechou mais de 2 bilhões de dólares em contratos.
Entre esses contratos, estão projetos que unem tecnologias de hidrogênio com captura de carbono.
A empresa também está envolvida na construção de uma das maiores plantas de e-metanol da Europa, localizada em La Robla, na Espanha.
Lá, a captura biogênica de carbono está sendo integrada ao projeto, alinhando-se às metas de descarbonização futuras.
Disputa pela liderança global em hidrogênio verde
O mais importante é que a Arábia Saudita não está sozinha nessa corrida.
O país já declarou a intenção de investir até US$ 270 bilhões em energia até 2030 e busca responder por 10% das exportações globais de hidrogênio.
O novo centro em Yanbu se torna estratégico nessa meta, especialmente por facilitar o fornecimento de amônia verde para uso industrial e geração elétrica no exterior.
Outros países da região também estão investindo pesado. Os Emirados Árabes Unidos já comprometeram mais de € 10 bilhões em sua estratégia nacional de hidrogênio.
Marrocos, por sua vez, aposta em um plano de US$ 32 bilhões para se tornar um dos principais fornecedores da Europa.
Segundo Pierre-Etienne Franc, CEO da Hy24, “a região é o próximo grande lugar para o hidrogênio”. Essa visão é apoiada pelo ritmo de investimento e pela infraestrutura em construção no Oriente Médio e no Norte da África.
Riscos e incertezas do mercado ainda persistem
Mesmo com esses avanços, ainda há incertezas. Muitos projetos na região aguardam decisões finais de investimento. Isso mostra que, embora a ambição seja grande, os riscos também são consideráveis.
Além disso, o mercado global ainda enfrenta desafios. A tecnologia dos eletrolisadores continua em desenvolvimento e as cadeias de suprimentos sentem pressão para acompanhar a demanda crescente.
Por isso, o sucesso do centro de Yanbu dependerá de mais do que a construção de um grande eletrolisador. Será necessário integrar geração renovável, reduzir custos, manter competitividade internacional e seguir alinhado com a estratégia nacional de transição energética.
A aposta da Arábia Saudita é clara: investir em grande escala e sair na frente na corrida mundial pelo hidrogênio verde.
O projeto de Yanbu pode se tornar peça-chave nessa disputa. Mas, como todo grande plano, ainda há muitos desafios pela frente.