Em agosto, o preço médio do café torrado e moído nos EUA chegou a US$ 8,872 por libra, enquanto o roubo de cargas de café se espalha nas rotas entre portos e torrefações; a Associação Nacional do Café (NCA) lançou um guia com protocolos de segurança.
O mercado americano de café vive uma pressão dupla com preços recordes ao consumidor e aumento de furtos de cargas nas rodovias. A combinação encarece operações e eleva o risco para importadores e torrefadores.
Segundo a série oficial do Bureau of Labor Statistics (divulgada no FRED), o valor médio do produto no supermercado atingiu US$ 8,872 por libra em agosto de 2025, o maior da série. O patamar reforça a escalada dos últimos meses.
A alta de custos ocorre em meio a clima adverso nos grandes produtores e a novas tarifas impostas pelos EUA sobre o café do Brasil, o que afeta o abastecimento e pressiona os preços. Grandes redes tentam amortecer o impacto, mas o repasse é inevitável quando o choque persiste.
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Na outra ponta, quadrilhas especializadas intensificaram fraudes e desvios de caminhões com grãos verdes e produto acabado, ampliando perdas na cadeia. As empresas reagiram com novos protocolos de segurança e rastreamento.
Preço do café nos EUA bate recorde e pressiona supermercados
Os dados do BLS/FRED confirmam o pico de US$ 8,872 por libra em agosto de 2025. É um sinal claro de aperto no varejo e nos contratos de reposição de estoques. Consumidores sentem a alta nas gôndolas.
A imprensa financeira aponta duas forças por trás da escalada: quebras e incertezas em Brasil e Vietnã e uma tarifa de 50% aplicada pelos EUA ao café brasileiro a partir de julho de 2025. O efeito combinado reduziu oferta e elevou custos de importação.
Reportagem recente da Reuters cita também a corrida dos fundos em contratos de arábica na ICE, o que amplia a volatilidade e dificulta a cobertura de torrefadores menores. Para o consumidor, isso se traduz em etiquetas mais caras ao longo do segundo semestre.
Varejistas tentam segurar parte do repasse para não perder tráfego, mas a margem é limitada quando o custo de reposição sobe em sequência. O consenso é que os preços seguirão sensíveis a clima, tarifas e câmbio.
Roubo de cargas de café cresce e adota fraudes de identidade
Relatórios de segurança indicam alta consistente nos furtos de carga em 2025. No 2º trimestre, a Overhaul registrou 525 ocorrências nos EUA, 33% acima do ano anterior, com alimentos e bebidas entre os alvos líderes.
A Reuters relata “dezenas” de casos envolvendo grãos verdes, discutidos na conferência anual da NCA em Houston. A tática recorrente é a coleta falsa: criminosos se passam por transportadoras legítimas, retiram o contêiner e somem com a carga.
O valor unitário eleva o apetite do crime. Um caminhão com 20 toneladas de café pode superar US$ 180 mil, tornando o produto atraente frente a outras mercadorias. Empresas passaram a instalar rastreadores dentro dos sacos e nos pallets.
Órgãos como o NICB alertam para novos picos de incidentes até o fim de 2025, reforçando a necessidade de coordenação entre seguradoras, transportadoras e polícias estaduais nas áreas de maior risco.
Guia anti-roubo da NCA conta com protocolos mínimos para reduzir perdas
Em resposta, a NCA publicou o guia “Combating Fraud & Coffee Theft” com boas práticas para o trade. O material recomenda homologação rigorosa de parceiros, monitoramento por satélite, lacres reforçados e tolerância zero a desvios de rota.
Casos compartilhados por empresas americanas, como o relato da Desert Sun Coffee, no Colorado — servem de alerta. O gestor descreveu passo a passo de um hijack de caminhão e incentivou concorrentes a revisar contratos, seguros e auditorias de pátio.
Especialistas destacam verificação em múltiplos fatores para motoristas e coletas, geofencing em TMS e integração de dados com marketplaces de frete para bloquear coletas fraudulentas. O objetivo é aumentar o custo e a probabilidade de captura.
Para importadores e torrefadores, a mensagem é direta: não espere o desastre. Treinamento contínuo, testes de resposta a incidentes e KPIs de segurança viram rotina em períodos de preço alto.
Tarifas de 50% sobre o café brasileiro ajudam a proteger a indústria local ou apenas penalizam o consumidor sem reduzir o crime nas estradas? Comente abaixo se você acha que o guia da NCA e o rastreio por satélite bastam ou se é hora de endurecer a fiscalização e rever a política tarifária.