Açougueiros, padeiros, repositores e operadores de caixa estão cada vez mais escassos no mercado, e empresas relatam dificuldades crescentes para contratar em áreas que sempre foram consideradas indispensáveis.
Recrutadores e gestores de recursos humanos vêm soando o alarme: o Brasil vive um apagão de mão de obra em profissões essenciais do dia a dia. Cargos historicamente vistos como portas de entrada para o mercado de trabalho, como açougueiro, padeiro, repositor de supermercado e operador de caixa, estão cada vez mais difíceis de preencher.
Essa escassez de profissionais, segundo especialistas, não se deve apenas à falta de vagas, mas sim à falta de interesse dos trabalhadores em assumir funções que exigem longas jornadas, oferecem salários pouco atrativos e enfrentam alta rotatividade.
Profissões indispensáveis, mas pouco valorizadas
As funções em crise são justamente aquelas que mantêm a engrenagem da vida urbana funcionando. Sem padeiros, falta pão nas padarias; sem açougueiros, os cortes de carne não chegam à mesa; sem repositores e operadores de caixa, supermercados e lojas travam.
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No entanto, essas ocupações sofrem com a falta de valorização, o que leva muitos jovens a buscar alternativas em setores como tecnologia, comércio digital ou serviços de entrega por aplicativos, que prometem maior autonomia e ganhos mais rápidos.
Por que ninguém quer mais trabalhar nelas?
Especialistas em recrutamento apontam três principais razões para esse “apagão”:
- Baixos salários – em muitos casos, próximos ao piso mínimo, sem benefícios adicionais relevantes;
- Jornadas longas e pouco flexíveis – plantões noturnos, fins de semana e feriados fazem parte da rotina;
- Falta de perspectivas de crescimento – muitos trabalhadores veem essas funções apenas como temporárias, não como carreiras a longo prazo.
Esse cenário faz com que empresas disputem profissionais qualificados, oferecendo bonificações, treinamentos rápidos e até contratação imediata para quem aceita entrar.
Impactos diretos para empresas e consumidores
A escassez de mão de obra já começa a trazer impactos práticos. Supermercados relatam falta de profissionais para manter setores organizados, enquanto padarias enfrentam filas maiores pela dificuldade em manter turnos completos de padeiros.
Além disso, quando empresas conseguem contratar, muitas vezes precisam lidar com alta rotatividade: trabalhadores ficam pouco tempo no cargo antes de trocar de emprego, o que gera custos extras de treinamento e adaptação.
Para o consumidor, isso pode significar aumento nos preços e queda na qualidade do atendimento, já que menos funcionários precisam dar conta de mais demandas.
O que dizem os especialistas
De acordo com consultorias de RH, o problema não é apenas brasileiro. Em diversos países, funções ligadas ao comércio varejista e à produção básica enfrentam falta de profissionais.
No entanto, no Brasil, a questão se agrava pela baixa atratividade salarial e pela percepção social de que são profissões de “pouco futuro”. Para reverter esse quadro, especialistas defendem programas de valorização, qualificação e modernização dessas áreas, além de melhorias salariais que tornem as vagas mais competitivas.
Caminhos para reverter a crise
Algumas empresas já começaram a adotar medidas para evitar o apagão total de mão de obra. Entre elas estão:
- Oferecer treinamentos rápidos e gratuitos para iniciantes;
- Aumentar benefícios, como vale-alimentação, plano de saúde e bonificações por produtividade.
- Flexibilizar horários, permitindo escalas menos exaustivas;
- Investir em tecnologia, para automatizar parte do trabalho e aliviar a carga dos funcionários.
Essas soluções, porém, ainda são pontuais e não resolvem o problema estrutural da desvalorização histórica dessas profissões.
O apagão de mão de obra em profissões essenciais mostra que o Brasil enfrenta um desafio silencioso, mas de grande impacto para o cotidiano da população. Se açougueiros, padeiros, repositores e operadores de caixa estão cada vez mais raros, é porque o mercado não conseguiu tornar essas funções atrativas em meio a novas possibilidades de trabalho.
A crise deixa claro que valorizar quem sustenta a base da economia do dia a dia é urgente. Sem isso, o risco é que prateleiras fiquem vazias, filas aumentem e serviços essenciais deixem de funcionar, afetando diretamente milhões de brasileiros.
Trabalhava em Supermercado em Londrina das 12h às 21h10 de segunda a sábado, domingos alternados das 8h30 às 18h30 e uma goleada semanal com 1h10 intervalo na semana e 1h30 no domingo. O domingo que não trabalhava ficava devendo horas.
No mês de segunda a sábado faria 176h. O domingo trabalhado eram $60,00 cada num cartão vinculado a eles, sem poder usar em outro lugar. Transformaram este cartão em Alimentação de 200,0o somente se não tivesse 1m de atraso, atestado, etc. No primeiro mês apenas 5% dos colaboradores conseguiram receber. Os domingos de folga ficávamos devendo horas, e éramos obrigados a fazer HE para pagar.
Eu trabalhava no caixa, como Fiscal de Caixa, na Padaria, reposição entre outros.
Os Feriados não ganhávamos folga nem 100% pago. Eram usados para pagar as horas ” NEGATIVAS DOS DOMINGOS “.
E agora imagino que entendam porque Falta Mão de Obra.
Pedi demissão, não tinha como ficar.
176h mensais ***
Trabalhei em um Supermercado em Londrina. Meu turno era das 12h às 21h20, com 1h10min de intervalo. Fazia 176h mensais de segunda à sábado. Um folga fixa na semana e 2 domingos alternados.
O domingo que não trabalhava ficava como DEVEDOR. O domingo trabalhado eram R$60,00 cada no cartao deles para gastarmos só lá. Transformaram isso no valor de R$200,00 neste mesmo cartão, como vale alimentação vinculado a não ter um minuto de atraso, sem atestados, etc….no final 5% dos funcionários recebiam.
Ou seja ninguém mais ganhava o domingo trabalhado e ficava DEVENDO HORAS o mês todo, tendo que fazer horas extras pra pagar. Trabalhava no caixa, reposição, recolhimento de festas e carrinhos, na padaria, etc.
Aí reclamam que não tem funcionários. Como trabalhar assim?
Fui obrigada a pedir demissão.