1. Início
  2. / Energia Solar
  3. / Aneel se reúne para discutir o excesso de energia solar para prevenir o risco de apagão
Tempo de leitura 6 min de leitura Comentários 0 comentários

Aneel se reúne para discutir o excesso de energia solar para prevenir o risco de apagão

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 16/09/2025 às 09:04
Técnico instala painéis solares em telhado sob céu ensolarado.
Profissional realiza a instalação de energia solar para uso sustentável.
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

Entenda como o excesso de energia solar no sistema elétrico preocupa Aneel e exige ações para evitar apagões e manter a segurança do fornecimento.

O crescimento da energia solar no Brasil, sem dúvida, trouxe inúmeros benefícios. Entretanto, também gerou desafios significativos para o sistema elétrico nacional.

Por isso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) marcou recentemente uma reunião para debater o excesso de energia solar no sistema elétrico. Uma questão que começou a se tornar crítica à medida que a geração distribuída (GD) se expandiu rapidamente.

Assim, o encontro visa encontrar alternativas para prevenir riscos de apagão e garantir a segurança energética do país.

A geração distribuída (GD) surgiu com o objetivo de democratizar o acesso à energia limpa. Permitindo que consumidores residenciais, pequenos comércios, fazendas e até indústrias produzam parte da própria eletricidade.

Inicialmente, a ideia era atender demandas locais e reduzir a pressão sobre as grandes distribuidoras. No entanto, com o avanço tecnológico, a queda nos custos dos equipamentos fotovoltaicos e incentivos fiscais, o setor experimentou uma expansão acelerada.

Hoje, a maior parte da GD é solar fotovoltaica, e estima-se que mais de 43 gigawatts (GW) dessa modalidade estejam em operação no Brasil. Com aproximadamente 95% proveniente de energia solar.

Nos últimos anos, o Brasil consolidou-se como um dos países com maior crescimento em energia solar distribuída no mundo.

Essa expansão resultou, principalmente, de políticas de incentivo, linhas de financiamento acessíveis e da popularização da tecnologia.

No entanto, esse crescimento rápido trouxe à tona questões que antes não chamavam atenção. Como a capacidade de integrar a energia solar no sistema elétrico nacional sem comprometer a confiabilidade do fornecimento.

Portanto, fica claro que novas estratégias são necessárias para equilibrar o sistema.

Histórico da geração distribuída e desafios para o sistema elétrico

Historicamente, o setor elétrico brasileiro estruturou-se para lidar com grandes usinas centralizadas, como hidrelétricas, termelétricas e, mais recentemente, parques eólicos.

Além disso, o sistema foi planejado de forma que o Operador Nacional do Sistema (ONS) controlasse e equilibrasse a oferta e a demanda de energia de maneira eficiente.

No entanto, a expansão da energia solar distribuída trouxe um novo desafio: grande parte da produção de energia não se encontra centralizada nem sob o controle direto do ONS.

Consequentemente, em certos horários do dia, especialmente ao meio-dia, quando o sol atinge seu pico, a produção solar pode representar quase metade da energia consumida no país. Criando picos de oferta que desestabilizam o sistema.

Os riscos do excesso de energia solar no sistema elétrico tornaram-se evidentes em situações críticas. Como em maio e agosto, quando o sistema passou por momentos de alta tensão devido à sobrecarga de produção solar.

Por exemplo, no Dia dos Pais, quase 40% da geração do país veio de painéis solares distribuídos, exigindo operação emergencial para evitar apagões.

Esses episódios mostram, portanto, que, embora a energia solar seja limpa e renovável, sua integração ao sistema elétrico precisa de planejamento e monitoramento constantes.

Portanto, surge uma preocupação com justiça social e concentração de benefícios, já que grande parte dos investidores da GD são consumidores de maior poder aquisitivo, enquanto a população mais pobre arca com os custos indiretos.

Impactos econômicos e operacionais do excesso de energia solar

O conceito de curtailment, ou corte forçado de produção, evidencia os impactos do excesso de energia solar.

Quando a produção excede a demanda, outras usinas precisam reduzir temporariamente sua geração para evitar sobrecarga e apagões.

Esse processo provoca oscilações de preço, perdas financeiras para empresas e acionamento de termelétricas quando o sol não está disponível, aumentando os custos e a emissão de carbono.

Portanto, o excesso de energia solar no sistema elétrico, apesar de sustentável, gera desafios concretos de operação, economia e meio ambiente.

Para lidar com essa situação, a Aneel convocou representantes do setor elétrico, incluindo associações de geração, distribuição e consumidores, para discutir soluções emergenciais e políticas de longo prazo.

Entre as entidades envolvidas estão a Abeeólica, que representa a energia eólica; a Abradee, das distribuidoras; a Abrage, de geradores; a Apine, dos produtores independentes; além de associações de consumidores, como Anace e Abrace.

Assim, a reunião busca criar estratégias para equilibrar a oferta de energia, reduzir riscos de apagão e garantir que a expansão da GD seja sustentável.

Historicamente, o Brasil sempre buscou equilibrar crescimento econômico com segurança energética.

A introdução da GD representa uma transformação na forma como a energia se produz e consome, exigindo novas regulamentações e controles.

Em 2022, o Congresso aprovou uma lei para reduzir gradualmente os subsídios à geração distribuída, buscando tornar o setor mais sustentável e menos dependente de incentivos.

No entanto, há pressão constante para flexibilizar essas regras, o que reforça, portanto, a importância de debates como o promovido pela Aneel.

Tecnologias e soluções para integrar a energia solar

O excesso de energia solar no sistema elétrico não representa apenas um desafio técnico ou econômico, mas também um ponto de reflexão sobre o modelo de transição energética no país.

Ele mostra a necessidade de planejamento integrado, investimento em tecnologias de controle e armazenamento de energia, e regulamentação que alinhe os interesses de investidores, consumidores e do sistema como um todo.

Portanto, a integração de fontes renováveis deve maximizar os benefícios ambientais e sociais sem comprometer a estabilidade e a confiabilidade do fornecimento.

Outro aspecto relevante é a evolução tecnológica.

O avanço em sistemas de armazenamento de energia, como baterias e soluções de hidrogênio, pode mitigar os efeitos do excesso de energia solar, permitindo que a energia gerada em horários de pico seja utilizada posteriormente.

Além disso, a digitalização da rede elétrica e o uso de smart grids permitem que operadores gerenciem melhor a oferta e a demanda, tornando o sistema mais resiliente e capaz de absorver grandes volumes de energia distribuída.

Além disso, novas tecnologias de previsão de geração solar ajudam consideravelmente.

Sistemas avançados de inteligência artificial e análise de dados meteorológicos antecipam picos de produção e ajustam automaticamente o funcionamento de outras usinas, reduzindo riscos de apagões e melhorando a eficiência do sistema.

A discussão sobre o excesso de energia solar no sistema elétrico também envolve sustentabilidade e redução das emissões de carbono.

A energia solar é limpa, abundante e renovável, mas sua integração inadequada pode levar ao uso emergencial de termelétricas fósseis, o que contraria os objetivos ambientais.

Portanto, equilibrar produção distribuída, controle do sistema e incentivos econômicos é essencial para que a expansão da energia solar contribua efetivamente para a descarbonização do setor elétrico brasileiro.

Caminhos para um sistema elétrico seguro e sustentável

Em síntese, a reunião da Aneel marca a tentativa de harmonizar o crescimento da geração distribuída com a segurança do sistema elétrico nacional.

O excesso de energia solar no sistema elétrico apresenta desafios operacionais, econômicos e sociais que exigem atenção imediata.

Ao discutir políticas, subsídios, cortes estratégicos e tecnologias de armazenamento, o país busca garantir que a transição energética seja ao mesmo tempo sustentável, segura e justa.

A energia solar distribuída representa o futuro da matriz elétrica brasileira.

No entanto, apenas com planejamento, regulação e inovação tecnológica será possível aproveitar todo o seu potencial sem colocar em risco a estabilidade do fornecimento.

Assim, observar sinais de alerta, manter o diálogo entre todos os atores do setor e implementar soluções inteligentes é fundamental para que a expansão da GD continue beneficiando consumidores, investidores e a sociedade como um todo, evitando apagões e fortalecendo o sistema elétrico para as próximas décadas.

YouTube Video
Como é que é? | Por que o excesso de energia renovável é ruim para o sistema elétrico? | Folha de S.Paulo

Aplicativo CPG Click Petroleo e Gas
Menos Anúncios, interação com usuários, Noticias/Vagas Personalizadas, Sorteios e muitos mais!
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x