Um grupo de amigos perdeu o bilhete da +Milionária, refez a aposta com os mesmos números e ganhou duas vezes — faturando R$ 173 milhões em um caso raríssimo no Espírito Santo.
O que parecia um golpe de azar acabou se transformando em uma das histórias mais improváveis da loteria brasileira. Um grupo de 24 amigos de Santa Maria de Jetibá (ES) perdeu o bilhete da aposta que haviam feito na +Milionária, mas decidiu refazer o jogo com os mesmos números — e acabou ganhando duas vezes. O episódio, confirmado pela Caixa Econômica Federal e divulgado pela Folha Vitória, chamou atenção do país não apenas pelo valor do prêmio, mas pela coincidência que dobrou a sorte dos participantes.
O bilhete perdido que virou o prêmio em dobro
Segundo a lotérica onde o jogo foi registrado, os amigos sempre apostavam juntos. Naquele sorteio, combinaram os números 04, 21, 29, 33, 39 e 42, que consideravam “de sorte”.
No entanto, o bilhete original se perdeu antes do sorteio — e, para não ficarem de fora, decidiram refazer a aposta, com as mesmas dezenas e na mesma casa lotérica.
O resultado surpreendeu até os funcionários do local: ambas as apostas foram premiadas.
Cada uma delas valia R$ 86 milhões, o que totalizou cerca de R$ 173 milhões — o dobro do prêmio previsto para um único bilhete.
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Com 24 cotas, cada participante receberá aproximadamente R$ 7 milhões, um dos maiores prêmios já registrados em um bolão no Espírito Santo.
Sorte duas vezes e uma coincidência estatística raríssima
Especialistas em estatística consideram praticamente impossível o que aconteceu. As chances de ganhar uma única vez na +Milionária já são extremamente baixas: 1 em 238 milhões.
Ganhar duas vezes com a mesma aposta — mesmo repetida — é algo que dificilmente volta a ocorrer.
O matemático Daniel Moreira, ouvido por veículos locais, explicou que o caso “só foi possível porque os participantes fizeram a mesma combinação duas vezes”. Ou seja, não foi um segundo sorteio, mas a duplicação da aposta vencedora, o que fez o sistema reconhecer os dois bilhetes como premiados.
Alegria na cidade e corrida às lotéricas
Em Santa Maria de Jetibá, cidade de pouco mais de 40 mil habitantes, a notícia causou euforia. A lotérica onde as apostas foram feitas ficou lotada de curiosos e apostadores querendo “seguir os passos do bolão”. Com a repercussão, o município passou a receber visitantes de cidades vizinhas só para jogar no mesmo lugar.
Funcionários relataram que os vencedores costumam fazer bolões há anos e sempre apostam nas mesmas dezenas. “Eles são organizados, fazem tudo juntos e sempre registram no mesmo ponto. Desta vez, a coincidência ultrapassou qualquer previsão”, contou um atendente.
O valor milionário e o que acontece agora
O prêmio total de R$ 173 milhões já foi confirmado pela Caixa Econômica Federal. Segundo as regras da +Milionária, como os dois bilhetes foram validados separadamente, cada um é tratado como vencedor individual. Ou seja, o grupo receberá duas vezes o valor correspondente à faixa principal.
Os participantes ainda não tiveram seus nomes divulgados oficialmente — prática comum em prêmios altos para preservar a segurança dos ganhadores. Fontes locais dizem que o grupo é formado por comerciantes, agricultores e profissionais liberais da região.
O fenômeno dos bolões
Os bolões representam uma parte significativa das apostas da +Milionária e da Mega-Sena. Segundo a Caixa, cerca de 40% dos bilhetes premiados são de jogos coletivos.
A razão é simples: a divisão de custos permite apostar com mais combinações, aumentando a probabilidade de acerto — embora o prêmio precise ser dividido.
No caso do grupo capixaba, o valor individual ainda é considerado altíssimo: cada um deve receber em torno de R$ 7,2 milhões líquidos, já descontados os tributos obrigatórios.
Aposta repetida: erro, superstição ou sorte calculada?
A decisão de repetir a aposta foi tomada no impulso, segundo relatos de moradores.
Um dos participantes teria sugerido refazer o bilhete “para não dar azar”, já que os números tinham sido escolhidos em grupo.
Sem imaginar o que viria a seguir, refizeram a aposta minutos depois — um gesto que, em retrospecto, mudou a vida de todos.
Para especialistas em comportamento, histórias como essa ajudam a alimentar a mística da sorte e o fascínio popular pelas loterias. Mesmo diante das probabilidades quase impossíveis, a esperança e a superstição continuam motivando milhões de apostas diárias.
O Brasil e o fascínio pelos sorteios milionários
Casos como o de Santa Maria de Jetibá reforçam a tradição brasileira de apostar coletivamente.
Desde os anos 1980, bolões organizados em empresas, famílias e cidades pequenas transformam o ato de jogar em um evento social.
A +Milionária, criada em 2022, é hoje a loteria com o maior valor de prêmio e as menores chances de acerto da Caixa. Mesmo assim, o volume de apostas continua crescendo, especialmente quando há prêmios acumulados.
Duas vezes sorte, uma vez lição
O caso do bolão capixaba virou exemplo de persistência — e de coincidência improvável.
O grupo que perdeu o bilhete e decidiu tentar de novo mostra que, na loteria, sorte e teimosia podem andar lado a lado.
Na pequena cidade do interior do Espírito Santo, os amigos agora dividem mais do que um prêmio: dividem a história de uma vitória dupla que entrou para o folclore das apostas no Brasil.