1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Alerta dos cientistas! Essa região do Nordeste pode se tornar o primeiro DESERTO do Brasil
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 1 comentários

Alerta dos cientistas! Essa região do Nordeste pode se tornar o primeiro DESERTO do Brasil

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/01/2025 às 07:53
DESERTO, nordeste
Foto: Reprodução

Especialistas apontam que mudanças climáticas podem transformar uma área do Nordeste no primeiro deserto brasileiro. Saiba mais!

Ao longo das últimas décadas, os moradores de Juazeiro, Bahia, presenciaram uma transformação que impacta a vida milhões de moradores da região. Os moradores afirmam que a região está parecendo um deserto, ficando cada vez mais quente e com menos chuvas.

Os locais vivem um fenômeno alarmante: a primeira região árida do Brasil, identificada em cinco municípios do nordeste da Bahia, ocupa uma área de 5,7 mil km² e representa uma mudança climática sem precedentes no país.

A transformação da paisagem local é evidente, com solos cada vez mais secos e uma vegetação que luta para sobreviver ao clima mais extremo.

Segundo informações do jornal DW, regiões que antes eram cobertas por plantas nativas da Caatinga agora exibem grandes extensões de terra rachada.

A população enfrenta desafios diários, como a dificuldade de encontrar água potável e a necessidade de migrar para áreas urbanas em busca de condições de vida melhores.

Essa migração acaba gerando um aumento na população de cidades próximas, sobrecarregando infraestruturas que já são precárias.

Nordeste, deserto
índice de aridez – Será que o Nordeste terá o primeiro deserto do Brasil?

O achado inédito e seus impactos

Em novembro de 2023, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) publicou um estudo que avaliou 60 anos de dados climáticos no Brasil.

A pesquisa revelou que a região, anteriormente classificada como semiárida, passou para o padrão de clima árido. Essa mudança significa uma redução do índice de chuvas de 800 mm para 500 mm anuais em média, o que gera um déficit hídrico incapaz de repor a água perdida pela evapotranspiração.

Os pesquisadores previam um avanço do semiárido para outras regiões, mas não imaginavam a formação de uma região árida no país. A alta nas temperaturas, especialmente desde os anos 60, acelerou drasticamente nos últimos anos.

Essa transição climática também trouxe implicações para a biodiversidade da região. Espécies de plantas e animais adaptadas ao semiárido enfrentam maiores dificuldades de sobrevivência, comprometendo a sustentabilidade dos ecossistemas locais.

Os impactos econômicos também são significativos. Pequenos agricultores, que dependem de culturas como mandioca, milho e feijão, sofrem com a perda de safras e a necessidade de recorrer a atividades alternativas para gerar renda. Aumenta-se, assim, a vulnerabilidade das famílias e o ciclo de pobreza na região.

Mais calor, menos chuva

O aquecimento global tem sido um dos principais motores dessa mudança. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura da superfície terrestre aumentou em 1,1ºC entre 2011 e 2020, comparado ao período pré-industrial.

No Brasil, o aumento foi ainda mais intenso: 1,5°C em média, chegando a 3°C em algumas regiões, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Esse cenário agravou as condições no semiárido nordestino, que já enfrentou a última grande estiagem entre 2012 e 2017. As temperaturas elevadas aceleram a evaporação, agravando o déficit hídrico e intensificando as secas.

Para a população, os impactos incluem dificuldade na agricultura, perdas econômicas e insegurança alimentar.

As crianças e idosos são os mais vulneráveis, sofrendo com doenças relacionadas ao calor excessivo e à falta de acesso à água limpa.

Desertificação e êxodo rural – Ainda não é considerado um deserto

Embora a região árida não seja classificada como deserto, o processo de desertificação avança rapidamente.

Segundo o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), 85% da região semiárida estão em degradação. Esse processo leva à perda de fertilidade do solo e da biodiversidade, além de impulsionar o êxodo rural.

A área semiárida, que cobre 12% do território nacional, está se expandindo para o oeste do Nordeste e partes do norte de Minas Gerais, em um ritmo de 75 mil km² por década.

Além disso, o estudo do Cemaden aponta que o semiárido também avança sobre o clima subúmido seco na Amazônia e no Centro-Oeste, que encolhem 12 mil km² por década. Esse cenário destaca a necessidade de medidas urgentes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Esse avanço não afeta apenas o solo, mas também os corpos hídricos da região. Pequenos riachos e reservatórios estão desaparecendo, prejudicando comunidades que dependem dessas fontes para o abastecimento.

A desertificação também intensifica os problemas de abastecimento elétrico, já que a redução de água nos reservatórios afeta a geração de energia hidrelétrica.

Soluções de adaptação

Os pesquisadores afiram que as soluções existem e são acessíveis. Não é necessário criar algo novo, mas adaptar tecnologias existentes para um uso mais eficiente dos recursos hídricos.

No ano passado, o Ministério do Meio Ambiente lançou um novo plano de combate à desertificação e mitigação da seca. O plano inclui:

  • Soluções tecnológicas: Implementação de tecnologias modernas para otimizar o uso da água e o cultivo em áreas suscetíveis à desertificação.
  • Capacitação local: Treinamento de comunidades para lidar com desafios climáticos e adotar práticas agrícolas sustentáveis.
  • Incentivos financeiros: Apoio econômico aos agricultores que implementarem medidas de conservação e sustentabilidade.
  • Parcerias estratégicas: Colaboração com instituições de pesquisa e ONGs para fortalecer ações de combate à desertificação.
  • Conscientização pública: Educação da população para uso racional da água e preservação de recursos naturais.

O plano busca integrar esforços e promover uma abordagem sustentável para as regiões afetadas pela seca. Caso deseje um detalhamento específico de alguma dessas ações ou mais contexto, posso buscar informações complementares.

O avanço da aridez no Brasil é um reflexo claro das mudanças climáticas globais e de suas implicações locais.

As soluções para mitigar os impactos já estão ao nosso alcance, mas dependem de um esforço conjunto entre governos, cientistas e populações afetadas. Além de medidas de adaptação, é fundamental reduzir as emissões de gases de efeito estufa para evitar o agravamento da situação.

Com informações de DW e Cemaden.

Seja o primeiro a reagir!
Reagir ao artigo
Inscreva-se
Notificar de
guest
1 Comentário
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Maurício
Maurício
28/01/2025 09:11

O povo é sempre o primeiro a sofrer consequências. O Brasil está cheio de mineradoras destruindo matas, nascentes, usando bilhões de litros de água 24 horas por dia e não se fala em uma política para ao menos amenizar isso. Chega de tanta hipocrisia.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x