Saiba por que o quadrimotor Airbus A340, famoso pelo alto consumo de combustível, saiu de cena nas grandes companhias aéreas. Entenda a história do A340 e como bimotores modernos como o A350 mudaram o setor.
O Airbus A340, conhecido por seus quatro motores e por operar rotas intercontinentais de longo alcance, se tornou sinônimo de robustez e autonomia. No entanto, o que era uma vantagem nos anos 1990 se transformou em um problema logístico e financeiro nas décadas seguintes. Com um consumo de até 9 toneladas de combustível por hora, o modelo foi gradualmente substituído por aviões mais eficientes, como o Boeing 787 Dreamliner e o Airbus A350 XWB. Este artigo analisa a história do A340, seu desempenho, os motivos que levaram ao seu declínio e como ele representa um marco na evolução da aviação comercial de longo curso.
O fim de uma era: por que o Airbus A340 foi aposentado
Projetado para dominar os céus em rotas de longa distância, o Airbus A340 teve seu primeiro voo em 1991. Era a aposta da fabricante europeia para competir com o Boeing 747 em um mercado onde o alcance e a capacidade de passageiros eram prioridades.
Com versões que podiam voar mais de 14 mil quilômetros sem escalas e transportar até 440 passageiros, o A340 parecia pronto para o sucesso. Mas o tempo mostrou que sua maior característica — os quatro motores — seria também seu calcanhar de Aquiles.
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Na era atual da aviação, marcada por preocupações ambientais, custos operacionais e eficiência, o quadrimotor Airbus A340 se tornou um modelo financeiramente inviável. Seu altíssimo consumo de combustível, que pode chegar a 9 toneladas por hora em cruzeiro, tornou-se um peso insustentável para companhias aéreas que buscam operar com margens cada vez mais apertadas.
História do A340: um projeto ambicioso da Airbus
A história do A340 começa nos anos 1980, quando a Airbus planejava expandir sua família de aeronaves de fuselagem larga. O modelo foi desenvolvido em paralelo ao A330, com o qual compartilhava fuselagem e componentes estruturais.
No entanto, ao contrário do A330, que usa dois motores, o A340 foi equipado com quatro motores turbofan CFM International CFM56-5C para atender às exigências de rotas transoceânicas sem as limitações do ETOPS (Extended-range Twin-engine Operational Performance Standards), que, na época, restringia a operação de bimotores em rotas distantes de aeroportos alternativos.
A primeira versão, o A340-200, foi seguida pelas variantes A340-300, A340-500 e A340-600. Esta última foi a mais longa aeronave de passageiros do mundo até a chegada do Boeing 747-8, em 2012, medindo 75,3 metros de comprimento.
Apesar da inovação e do alcance excepcional — o A340-500 podia voar mais de 16.600 km — o alto custo de operação logo se tornou uma desvantagem.
O desempenho do quadrimotor Airbus A340 e seus números
O Airbus A340 se destacou em vários quesitos, especialmente em alcance e capacidade de carga. Entre os números mais relevantes:
- Comprimento: até 75,3 metros (A340-600)
- Capacidade: de 261 a 440 passageiros, dependendo da configuração
- Alcance máximo: até 16.670 km (A340-500)
- Consumo médio de combustível: entre 7 e 9 toneladas por hora
- Motores: 4 x CFM56-5C ou Rolls-Royce Trent 500 (nas versões -500 e -600)
- Velocidade de cruzeiro: Mach 0.82 (cerca de 871 km/h)
Esses dados destacam o potencial do avião, especialmente em missões de longo alcance, como voos sem escalas entre cidades distantes como Nova York e Cingapura. No entanto, o custo de operação, principalmente o gasto com combustível e manutenção de quatro motores, foi um fator crítico em sua desvalorização frente aos bimotores modernos.
O custo ambiental e operacional de um avião que consome 9 toneladas de combustível por hora
O Airbus A340 — avião que consome 9 toneladas de combustível por hora — tornou-se símbolo de uma era menos preocupada com eficiência energética. Em tempos de petróleo barato e menor pressão ambiental, o alto consumo podia ser justificado pelo alcance e capacidade. Mas o cenário mudou radicalmente.
O preço médio do querosene de aviação (Jet-A) atingiu picos de US$ 120 por barril em alguns períodos da década de 2010. Isso tornou inviável manter aeronaves que consomem, em média, 72 toneladas de combustível em um voo de 8 horas — valor superior ao peso total de muitos jatos regionais.
Além disso, as exigências de redução de emissões de CO₂ e a pressão por uma aviação mais sustentável colocaram o A340 em desvantagem. Com quatro motores, o modelo gerava significativamente mais emissões do que os bimotores concorrentes.
A concorrência dos bimotores: 787 e A350 mudaram o jogo
O início do fim para o Airbus A340 foi decretado com o avanço dos bimotores de nova geração. O Boeing 787 Dreamliner, lançado em 2011, trouxe ao mercado uma aeronave capaz de voar mais de 14 mil km com dois motores eficientes e consumo até 20% menor que o de quadrimotores tradicionais.
Pouco depois, o próprio A350 da Airbus confirmou a tendência. Com versões que chegam a 16 mil km de alcance, motores Rolls-Royce Trent XWB e fuselagem construída com materiais compostos, o A350 uniu alcance, conforto e eficiência. Ironicamente, o sucesso do A350 selou o destino do A340 dentro da própria Airbus.
A introdução do ETOPS 330 — permitindo que bimotores voem por até 330 minutos de qualquer aeroporto alternativo — eliminou a principal justificativa técnica para o uso de quadrimotores.
Companhias aéreas que aposentaram o Airbus A340
Até 2024, quase todas as grandes companhias já haviam retirado o A340 de suas frotas. Entre os exemplos:
- Lufthansa, um dos maiores operadores, aposentou grande parte de sua frota, mantendo apenas algumas unidades como reserva.
- Air France, Iberia, South African Airways e Swiss também encerraram suas operações com o modelo.
- A Hi Fly, empresa portuguesa de wet lease, operava unidades A340-300 e A340-500, mas também aposentou parte significativa da frota devido aos altos custos.
Atualmente, poucos A340 ainda estão em operação regular, sendo mais utilizados por forças aéreas, voos fretados VIP ou operações especiais de transporte de carga em voos de longa duração.
Airbus A340: legado de um gigante que marcou a aviação
Apesar de seu fim prematuro em relação ao que muitos esperavam, o Airbus A340 deixou um legado importante. Ele representou um salto tecnológico na aviação europeia, permitiu rotas inéditas e mostrou que a Airbus era capaz de competir globalmente no segmento de aeronaves intercontinentais.
O A340 também foi precursor em design modular, compartilhando sistemas com o A330 e ajudando a consolidar a estratégia de família da Airbus. Seu cockpit comum facilitava o treinamento cruzado de tripulações, reduzindo custos operacionais — uma filosofia mantida nos modelos seguintes.
O quadrimotor Airbus A340 é um ícone da aviação moderna que encontrou dificuldades em um cenário onde eficiência é tudo. Embora tenha sido essencial para expandir as fronteiras do transporte aéreo de longo curso, seu alto consumo de combustível o transformou em um fardo para companhias aéreas que buscam economia e sustentabilidade.
Com o avanço tecnológico de bimotores como o Boeing 787 e o Airbus A350, o modelo perdeu espaço e foi aposentado pela maioria das companhias. Ainda assim, a história do A340 continua relevante, seja para entender os desafios da indústria aeronáutica, seja como marco de uma era onde potência e alcance eram prioridades acima de tudo.