Mesmo com as fortes chuvas do começo de novembro, a agricultura paranaense mostra resiliência com replantio de lavouras, preços estáveis no milho, valorização dos suínos e aumento nas exportações de erva-mate
A agricultura paranaense iniciou novembro sob o desafio das chuvas intensas, ventos fortes e episódios de granizo registrados nas regiões Centro-Oeste e Norte do Estado, segundo uma matéria publicada.
Apesar das dificuldades climáticas, o setor demonstra capacidade de adaptação, replanejando semeaduras e preservando boa parte das lavouras de soja, milho e feijão.
De acordo com o Boletim Conjuntural do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a reação rápida dos produtores e a janela ideal de plantio garantem a possibilidade de replantio e recuperação das áreas mais prejudicadas.
-
Futuro do agronegócio: certificação de agricultura regenerativa em Minas promove sustentabilidade e recuperação de solos degradados
-
Safra de arroz 2025: Conab anuncia compra de até 137 mil toneladas para garantir preço mínimo e reforçar segurança alimentar nacional
-
Produção leiteira no Brasil ganha novo impulso com grupo de trabalho do MDA para fortalecer a sustentabilidade da agricultura familiar
-
Agricultor tem 150 toneladas de batatas roubadas após postagem nas redes sociais alegando que ele as estava distribuindo de graça
As lavouras de soja foram as mais atingidas. O levantamento do Deral indica que, embora 93% das áreas, cerca de 4,3 milhões de hectares, ainda estejam em boas condições, aproximadamente 31 mil hectares apresentaram prejuízos devido ao excesso de chuvas.
O percentual de áreas classificadas como “ruins” subiu para 1%, enquanto as condições médias aumentaram de 3% para 6%.
Mesmo assim, a cultura segue dentro do período ideal de semeadura, permitindo ajustes e replantios estratégicos que podem amenizar as perdas da primeira quinzena do mês.
Replantio de soja e estabilidade no milho fortalecem a produção regional
Nas áreas mais afetadas, o produtor precisará redefinir estratégias, seja acionando o seguro rural, seja optando pelo replantio, o que exigirá ajustes no calendário da segunda safra.
O plantio de milho da primeira safra, por sua vez, apresenta quadro estável, com 99% da área já semeada, desempenho superior aos 98% registrados no mesmo período de 2024.
A boa evolução do milho demonstra que a agricultura paranaense mantém a eficiência produtiva mesmo sob adversidades.
No caso do feijão, 77% das lavouras estão em boas condições e 91% da área prevista de 104 mil hectares já foi plantada.
As lavouras do Sul, menos afetadas pelas tempestades, devem iniciar a colheita ainda neste mês, com estimativa de continuidade até fevereiro de 2026.
Apesar da umidade excessiva e da baixa luminosidade de outubro, o Deral acredita que a produtividade será preservada nas áreas onde as plantas conseguiram se desenvolver de forma regular.
Valorização dos suínos e alta na carne bovina impulsionam o mercado agroindustrial
Além das lavouras, a pecuária paranaense mantém resultados positivos. A suinocultura apresenta preços estáveis e elevados, após a expressiva valorização de 2024.
O preço médio de R$ 22,36 por quilo representa alta de 27,5% em relação ao ano anterior, impulsionada pela forte demanda interna e externa.
Entre os cortes pesquisados pelo Deral, a paleta com osso subiu 28,5%, passando de R$ 14,16/kg para R$ 18,20/kg.
O lombo sem osso e o pernil com osso também tiveram aumentos expressivos, de 27,5% e 25,2%, respectivamente.
O segmento de bovinos, monitorado pelo Cepea, indica que a relação de troca entre arroba de boi gordo e bezerro cresceu 41% em comparação ao mesmo mês de 2024.
Em algumas praças, o produtor precisa vender até 13,6 arrobas para adquirir um bezerro. Apesar disso, o mercado mantém otimismo, com tendência de estabilidade nos preços até o fim do ano.
No varejo, cortes como carne moída tiveram queda de quase 10% em outubro, mas, em 12 meses, todos os principais cortes acumularam aumento, variando entre 10% (coxão mole) e 21% (patinho sem osso).
Crescimento da erva-mate e expansão da fruticultura reforçam a sustentabilidade da agricultura paranaense
A diversificação da agricultura paranaense tem sido um diferencial frente aos desafios climáticos. A erva-mate, por exemplo, registrou crescimento expressivo em 2024, com exportações 50% superiores à média nacional, somando 5,2 mil toneladas enviadas ao exterior.
O Paraná se mantém como segundo maior exportador do País, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com destaque para os mercados do Uruguai, Argentina e Alemanha.
A fruticultura também segue em expansão. Dados do Deral mostram que 392 dos 399 municípios paranaenses possuem cultivos comerciais.
Paranavaí, Carlópolis, Alto Paraná, Guaratuba e Cerro Azul lideram a produção, totalizando 15,7 mil hectares plantados e colheita estimada em 500,3 mil toneladas de frutas.
O Valor Bruto da Produção (VBP) atinge R$ 1 bilhão, destacando a importância econômica do setor.
Esses números confirmam que, mesmo diante das adversidades climáticas do início de novembro, o campo paranaense mantém sua resiliência, sustentado por uma base produtiva diversificada, gestão eficiente e constante adaptação tecnológica.
Com replantio nas lavouras, estabilidade nas criações e bons resultados nas exportações, a agricultura paranaense reafirma seu papel como um dos pilares da economia do sul do Brasil.



Seja o primeiro a reagir!