Abates de bovinos no Brasil devem chegar a 40,8 milhões de cabeças em 2025, segundo a Datagro. O aumento de quase 3% é puxado pelas exportações, mas 2026 já traz projeção de queda. O consumo interno perde força, e pecuaristas precisam avaliar impactos
Os abates de bovinos no Brasil estão ganhando destaque nas projeções para os próximos anos e prometem movimentar muito a pecuária e o mercado de carnes. Segundo a consultoria Datagro, 2025 deve marcar um número histórico de animais abatidos no país.
Esse crescimento vem principalmente da procura internacional, já que a carne brasileira continua sendo muito procurada lá fora. Mas a mesma previsão também traz um alerta: o ciclo pode mudar logo depois, com queda no ano seguinte, segundo uma matéria publicada no Portal do Agronegócio.
Essa dinâmica mostra como o setor funciona em ondas, onde a oferta de animais, o ritmo das exportações e o consumo dentro do país precisam andar em equilíbrio.
-
CNH sem autoescola? Entenda o que já está previsto: curso gratuito da Senatran, aulas práticas sob demanda, uso de carro automático e nova função da Uber
-
Jogada de mestre da Petrobras: estatal se junta à WEG para iniciar a operação da maior turbina eólica do Brasil, com 220 metros de altura e 1830 toneladas
-
Atestado digital do Mapa transforma o agro em 2025 com inovação, transparência e sustentabilidade e prepara o Brasil para a COP 30 com tecnologia inteligente
-
Nova autorização: bovinos e bubalinos vivos do Brasil serão comprados por país africano e Porto de Lomé deve facilitar logística
Quem acompanha o mercado ou simplesmente se interessa por entender como os alimentos chegam à mesa encontra aí uma história de altos e baixos que merece atenção.
Exportações puxam os recordes
Os abates de bovinos no Brasil devem ultrapassar a marca de 40,8 milhões de cabeças em 2025. Isso significa um crescimento de 2,9% em comparação com 2024, de acordo com as estimativas da Datagro.
Esse avanço não acontece por acaso: ele é puxado pela força das exportações, que seguem em ritmo acelerado.
O analista Guilherme Jank, da própria consultoria, explicou que esse movimento tem ligação direta com o aumento do abate de fêmeas. Esse detalhe importa porque, ao reduzir a presença de matrizes, a produção futura pode ficar comprometida.
Ainda assim, os embarques internacionais devem ser recordes em 2025, refletindo a confiança dos compradores externos na carne brasileira.
A projeção mostra que as exportações podem crescer 7,7% no próximo ano em comparação com 2024. Com isso, quase 37,1% da carne produzida no Brasil deve seguir para fora, contra os 34,6% que já são esperados em 2024.
Esse peso do mercado externo reforça o papel do Brasil como um dos maiores fornecedores de proteína animal do planeta.
O que esperar de 2026
Apesar do resultado animador de 2025, os abates de bovinos no Brasil devem mudar de direção logo em seguida. A mesma Datagro prevê uma retração de mais de 9% em 2026, o que levaria o total para cerca de 37,1 milhões de cabeças.
Esse recuo vem depois de uma fase de crescimento forte, que já vinha acontecendo desde 2023.
Entre 2023 e 2024, por exemplo, os abates avançaram 16,4%, chegando a quase 39,7 milhões de animais. Essa escalada mostra que o setor passou por um período de grande atividade, mas como todo ciclo, chega o momento de ajuste.
A redução esperada para 2026 está ligada justamente à menor disponibilidade de animais, consequência do ritmo mais acelerado no uso de fêmeas no ano anterior.
Esse movimento não é apenas um número: ele afeta diretamente os pecuaristas, que precisam se preparar para lidar com menos oferta no futuro. Isso envolve planejamento, tanto para manter a produção quanto para garantir sustentabilidade dentro da atividade pecuária.
Consumo interno em queda
Outro ponto importante nas previsões é o comportamento do consumo dentro do país. Mesmo com os recordes de 2025, os abates de bovinos no Brasil não estão acompanhados de uma alta no consumo interno. Pelo contrário, a expectativa é de retração.
De acordo com a Datagro, o consumo doméstico deve cair 3,9% em 2025, quando comparado a 2024. A projeção é de que a queda continue em 2026, chegando a 9,4%.
Essa diminuição mostra que, enquanto o mercado internacional ganha força, o brasileiro tende a reduzir a participação no total produzido.
Isso tem reflexos diretos. Menos consumo interno significa que uma parte maior da produção depende de compradores de fora, o que pode deixar o setor mais exposto às variações da economia mundial e às negociações com países importadores.
Além disso, a queda no consumo pode estar ligada a preços mais altos, já que a oferta para o mercado interno fica mais limitada.
Impactos para os pecuaristas
Os números projetados mostram que os abates de bovinos no Brasil não trazem apenas oportunidades, mas também desafios para os pecuaristas. A forte demanda externa ajuda a manter o ritmo dos embarques e pode gerar bons resultados para quem está no setor.
Por outro lado, o aumento do abate de fêmeas pode criar dificuldades mais à frente, com menos animais disponíveis para reposição.
Essa combinação de fatores exige planejamento. Para os produtores, significa pensar além do curto prazo, equilibrando ganhos imediatos com a necessidade de garantir continuidade na produção.
Para o mercado, o desafio é manter um fluxo que atenda tanto à exportação quanto ao consumo interno, sem que um lado acabe sendo prejudicado em excesso.
Ao mesmo tempo, a Datagro destaca que o movimento dos próximos anos reforça a importância da pecuária brasileira no cenário global. Mesmo diante da retração esperada em 2026, o país mantém posição de destaque e segue como um dos grandes fornecedores de carne bovina no mundo.