A Via Láctea e milhares de galáxias vizinhas estão sendo atraídas a altíssima velocidade para uma região conhecida como Grande Atrator, um ponto massivo e invisível cuja natureza ainda intriga os cientistas e desafia a compreensão sobre o cosmos
A Via Láctea não está parada no espaço. Ela se desloca a cerca de 600 quilômetros por segundo, o equivalente a 2,16 milhões de quilômetros por hora, em direção a uma região enigmática do universo chamada Grande Atrator, localizada na direção da constelação de Centauro. Essa força gravitacional colossal atrai não apenas nossa galáxia, mas também centenas de milhares de outras dentro de um raio de 500 milhões de anos-luz.
O mistério está no fato de que o Grande Atrator é invisível. Ele está escondido atrás da densa camada de poeira e gás da própria Via Láctea, em uma área conhecida pelos astrônomos como “zona de evasão”. Mesmo assim, seus efeitos gravitacionais são inegáveis e detectáveis pela forma como galáxias próximas alteram sua velocidade e trajetória.
O que é o Grande Atrator e onde ele está localizado
O Grande Atrator é uma anomalia gravitacional massiva, descoberta nos anos 1980, que exerce uma força de atração poderosa sobre o Superaglomerado de Laniakea, estrutura cósmica que engloba a Via Láctea e cerca de 100 mil galáxias.
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Ele está a uma distância estimada entre 150 e 250 milhões de anos-luz da Terra e ocupa uma vasta região que os telescópios ópticos convencionais não conseguem observar diretamente.
Embora invisível, sua presença foi identificada pelo desvio no movimento das galáxias e pela análise da radiação cósmica de fundo, que revelou pequenas variações de temperatura associadas à velocidade da Via Láctea em relação ao restante do universo.
Por que o Grande Atrator é invisível
O motivo de o Grande Atrator não ser visível não é a ausência de matéria, mas sim sua localização.
Ele está atrás do plano da Via Láctea, em uma região densamente coberta por gás interestelar, poeira cósmica e nuvens moleculares, que bloqueiam a observação direta por luz visível.
Para contornar essa barreira, os astrônomos utilizam observações em infravermelho e ondas de rádio, capazes de atravessar essas camadas.
Mesmo assim, a composição exata da estrutura ainda é incerta.
A hipótese mais aceita é que o Grande Atrator não seja um objeto único, mas uma superestrutura complexa formada por aglomerados de galáxias, matéria escura e gás intergaláctico.
A força que puxa a Via Láctea e galáxias vizinhas
Estudos indicam que a Via Láctea e o Grupo Local, que inclui Andrômeda e dezenas de galáxias menores, estão se movendo em direção ao Grande Atrator a 600 km/s, contrariando a expansão uniforme do universo prevista pela teoria do Big Bang.
Esse deslocamento é conhecido como movimento peculiar, uma velocidade adicional gerada por forças gravitacionais externas.
Os astrônomos estimam que a massa do Grande Atrator seja de cerca de 10¹⁵ vezes a do Sol, o que equivale a mil trilhões de massas solares.
Essa força é suficiente para desviar o movimento natural de grandes aglomerados galácticos, alterando inclusive o fluxo de expansão cósmica ao redor da Terra.
Uma atração ainda maior: o Superaglomerado de Shapley
Com o avanço das observações, os cientistas descobriram que o Grande Atrator também está sendo atraído por uma estrutura ainda mais colossal, conhecida como Superaglomerado de Shapley.
Localizado a cerca de 650 milhões de anos-luz de distância, ele contém dezenas de milhares de galáxias massivas e representa uma das maiores concentrações de matéria do universo observável.
Essa relação em cadeia, em que estruturas menores são puxadas por maiores, sugere que o universo é governado por camadas sucessivas de gravidade e movimento, tornando o mapa cósmico uma teia dinâmica e em constante transformação.
O papel da matéria escura no enigma
Parte do enigma do Grande Atrator está ligada à matéria escura, que representa cerca de 85% de toda a matéria do universo, mas não emite luz nem energia detectável.
Ela é identificada apenas por seus efeitos gravitacionais.
Os cientistas acreditam que grande parte da massa do Grande Atrator seja composta por essa substância invisível, combinada com aglomerados de galáxias densamente interligadas, como o Aglomerado de Norma.
Essa combinação explicaria por que a força gravitacional é tão intensa, mesmo sem uma concentração visível de matéria.
O que o movimento da Via Láctea revela sobre o cosmos
A descoberta do movimento da Via Láctea em direção ao Grande Atrator desafia a ideia de que o universo se expande de forma totalmente uniforme.
Em vez disso, revela regiões de atração e repulsão gravitacional, conhecidas como fluxos cósmicos.
Esses fluxos são essenciais para entender a distribuição de matéria no universo, ajudando a mapear estruturas gigantescas que conectam galáxias em escalas inimagináveis, como os filamentos cósmicos, verdadeiras pontes de matéria que unem superaglomerados e vazios cósmicos.