Primeira rede social de milhões de brasileiros, o Orkut foi um fenômeno cultural que transformou a forma de se relacionar online, criando laços, debates e lembranças que resistem ao tempo
O Orkut foi a primeira rede social de milhões de brasileiros. Durante dez anos, ele fez parte do cotidiano de quem usava a internet para fazer amizades, postar recados e participar de comunidades.
Mas, em 30 de setembro de 2014, o Google decidiu encerrar oficialmente a plataforma. Era o fim de uma era que começou em 2004 e deixou marcas profundas na memória digital do país.
Um projeto que virou fenômeno
Criado por Orkut Büyükkökten, um engenheiro do Google, o site surgiu como um projeto experimental dentro da empresa. Na época, os funcionários podiam usar parte de seu expediente para desenvolver ideias próprias.
-
4 funções do smartwatch que quase ninguém usa no dia a dia
-
TV 3.0 chega ao Brasil: prepare-se para imagens em 8K, som de cinema e até compras pelo controle
-
5 aparelhos eletrônicos que mais consomem energia sem você perceber
-
Novo iPhone dobrável da Apple terá sistema com quatro câmeras avançadas, zoom óptico profissional e tela expansiva, previsto para lançamento oficial em 2026
A proposta cresceu rápido. Brasil e Índia tornaram-se os países com maior número de usuários, fazendo do Orkut um fenômeno em escala mundial.
Comunidades, recados e depoimentos
O funcionamento da plataforma era simples e cativante. O usuário criava um perfil, adicionava fotos, gostos pessoais e fazia parte de comunidades.
Essas comunidades iam de fãs de bandas e times de futebol até títulos inusitados e engraçados, como “Queria sorvete, mas era feijão” ou “Nos EUA, até pobre fala inglês”. Elas eram uma forma de mostrar personalidade e interesses de forma leve, divertida e até crítica.
As interações também se destacavam. Era possível deixar recados — os famosos scraps — ou depoimentos no perfil dos amigos.
Esse ambiente colaborativo gerava engajamento e fazia com que o Orkut se tornasse uma rede social ativa, cheia de movimento e com cara própria. Os tópicos dentro das comunidades permitiam longas discussões, geralmente bem organizadas, com regras e moderação.
Problemas e primeiros sinais de queda
Mas, nem tudo foram flores. Com o crescimento, vieram problemas. Em 2008, a rede foi alvo de polêmicas envolvendo a disseminação de pornografia infantil.
Como resposta, o Google firmou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público Federal, prometendo colaborar com investigações e ajudar a rastrear criminosos.
A queda do Orkut começou a se desenhar em 2011. Naquele ano, o Facebook já tinha 600 milhões de usuários globais e começava a dominar o mercado.
No Brasil, uma pesquisa do Ibope mostrou que a rede de Mark Zuckerberg havia ultrapassado o Orkut em número de usuários. A migração foi rápida e muitos usuários deixaram o antigo perfil de lado em busca das novas ferramentas e interfaces oferecidas pelo concorrente.
O fim e a mensagem do Google
O próprio Google admitiu que suas outras plataformas ajudaram no fim do Orkut. Ferramentas como YouTube, Blogger e o Google+ ocuparam o espaço da rede social. Com isso, a empresa decidiu que não fazia mais sentido manter o site ativo.
No anúncio oficial de encerramento, Paulo Golgher, diretor de engenharia do Google, publicou um texto dizendo: “Foram dez anos inesquecíveis. Pedimos desculpas para aqueles que ainda utilizam o Orkut regularmente.”
Orkut: Legado de interações e memória digital
Durante seus dez anos de existência, o Orkut acumulou números impressionantes. Foram 51 milhões de comunidades, 120 milhões de tópicos e mais de 1 bilhão de interações. O site chegou a disponibilizar um “museu virtual” com as principais comunidades, como “Eu Odeio Acordar Cedo” e “Eu amo minha MÃE!”.
Mesmo após uma década do fim, o Orkut segue vivo na lembrança de quem viveu a fase inicial das redes sociais. E para muitos, ele continua sendo sinônimo de uma internet mais inocente e divertida.
Com informações de UOL.