A União Europeia usa o acordo com o Mercosul como resposta direta às tarifas de 15% impostas por Donald Trump, mas enfrenta forte resistência de França, Itália e Polônia, que ameaçam barrar a ratificação no Parlamento Europeu.
No dia 3 de setembro de 2025, a Comissão Europeia apresentou oficialmente o acordo com o Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O tratado, negociado por mais de 25 anos e concluído em dezembro de 2024, é considerado o maior acordo de livre comércio já assinado pela União Europeia.
A proposta, no entanto, precisa superar duas etapas decisivas: aprovação no Parlamento Europeu e a validação por maioria qualificada dos governos nacionais — pelo menos 15 dos 27 membros, representando 65% da população da UE.
Segundo Reuters e G1, a pressa em avançar com o acordo é explicada pela escalada comercial com os Estados Unidos.
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Desde a reeleição de Donald Trump, em novembro de 2024, Washington impôs uma tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, obrigando Bruxelas a buscar novos parceiros estratégicos para equilibrar as perdas.
O peso estratégico do acordo com o Mercosul
Para países como Alemanha e Espanha, o acordo representa mais do que acesso a mercados.
Trata-se de uma alternativa à dependência econômica da China, sobretudo em relação a minerais críticos como o lítio, indispensável para baterias e a transição energética europeia.
Além disso, o tratado eliminaria tarifas em setores estratégicos.
A União Europeia abriria espaço para exportações de carros, máquinas, produtos químicos, queijos, vinhos e presuntos, enquanto o Mercosul ganharia maior acesso para suas commodities agrícolas.
Na prática, seria a maior redução tarifária da história do bloco europeu, movimentando bilhões em comércio bilateral.
A oposição francesa e o risco de veto
Apesar do potencial econômico, a resistência é intensa. A França, maior produtora de carne bovina da UE, já classificou o acordo como “inaceitável”.
O governo francês alega que a entrada de carne sul-americana mais barata colocaria agricultores locais em desvantagem e não cumpriria os rigorosos padrões ambientais e sanitários europeus.
Itália e Polônia sinalizaram apoio a Paris, fortalecendo a possibilidade de formar um bloco de países capaz de barrar a maioria qualificada necessária para a aprovação.
Esse movimento reflete o peso do setor agrícola no debate, especialmente em países que historicamente subsidiam sua produção interna.
Pressão social e política dentro da Europa
A disputa não se limita a governos. Agricultores europeus têm organizado protestos contra o acordo, argumentando que perderiam competitividade frente à produção sul-americana.
Já organizações ambientais, como a Friends of the Earth, afirmam que o tratado estimularia o desmatamento e chamaram o texto de “destruidor do clima”.
No Parlamento Europeu, a situação também é delicada.
Partidos dos Verdes rejeitam o acordo por questões ambientais, enquanto a extrema-direita se opõe em nome da proteção do mercado agrícola interno.
Esse cenário amplia a incerteza sobre a aprovação final, mesmo com o apoio de grandes economias como Alemanha e Espanha.
Em meio ao cenário de tarifas impostas por Trump e à disputa geopolítica com a China, o acordo com o Mercosul é visto por Bruxelas como peça-chave de sua política comercial.
No entanto, a resistência de países agrícolas e de setores ambientalistas coloca em xeque a capacidade da União Europeia de agir como bloco unificado.
E você, acredita que a União Europeia conseguirá aprovar o acordo com o Mercosul mesmo diante da oposição liderada pela França? Esse tratado traria mais benefícios ou riscos para os dois blocos? Deixe sua opinião nos comentários — seu ponto de vista pode enriquecer o debate.