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A turbina a gás de um navio de guerra, um motor derivado de um Boeing 747 com 100.000 cv que permite ao destróier acelerar de 0 a 55 km/h em segundos

Publicado em 22/06/2025 às 18:36
Coração de jato": como a turbina a gás de um navio de guerra dá agilidade a um destróier?
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Descubra como o motor General Electric LM2500, derivado da aviação, permite que navios de 9.000 toneladas, como o Arleigh Burke, atinjam 55 km/h em segundos

Imagine um motor com a alma de um Boeing 747 instalado no coração de um navio de combate. Essa é a realidade da turbina a gás de um navio de guerra moderno. O modelo mais famoso, a General Electric LM2500, é a força por trás da impressionante agilidade dos destróieres da classe Arleigh Burke, da Marinha dos EUA, e de dezenas de outras marinhas aliadas.

Essa tecnologia transforma gigantes de aço em predadores ágeis. Com uma potência combinada que chega a 100.000 cavalos, um destróier consegue acelerar de zero a mais de 55 km/h em menos de 90 segundos. Essa capacidade de “sprint” não é apenas para exibição: no combate moderno, agilidade é sinônimo de sobrevivência.

Do Boeing 747 para o combate naval, a origem da GE LM2500

A história da turbina LM2500 começa nos céus. Ela é uma versão naval, ou “aeroderivada”, do famoso motor a jato GE CF6, que impulsionou gigantes da aviação comercial como o Boeing 747 e o Airbus A300. A GE adaptou essa tecnologia comprovada, que já acumulava milhões de horas de voo, para as necessidades militares. O processo, conhecido como “marinização”, foi um grande desafio de engenharia.

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Os engenheiros precisaram modificar o motor para resistir ao ambiente corrosivo do mar, que destrói metais comuns. Foram desenvolvidas ligas metálicas e revestimentos especiais para proteger os componentes internos do sal e do enxofre do combustível naval. Além disso, o motor foi montado em uma estrutura com amortecedores para suportar o choque de explosões subaquáticas, uma exigência crítica para um navio de guerra. A primeira utilização naval da tecnologia ocorreu em 1969, e desde então ela tem sido continuamente aprimorada.

A engenharia por trás dos 100.000 cavalos de potência

A turbina a gás de um navio de guerra, um motor derivado de um Boeing 747 com 100.000 cv que permite ao destróier acelerar de 0 a 55 km/h em segundos

Para alcançar um desempenho tão extremo, um destróier da classe Arleigh Burke não usa uma, mas quatro turbinas LM2500. Elas operam em uma configuração chamada COGAG (Combined Gas And Gas), onde podem ser acionadas em pares para navegação em velocidade de cruzeiro ou todas juntas para potência máxima. Essa combinação resulta nos impressionantes 100.000 cavalos de potência transferidos para os eixos das hélices.

Porém, a potência bruta seria inútil sem um controle preciso. É aqui que entram as hélices de passo controlável. Diferente de uma hélice comum, elas podem alterar o ângulo de suas pás enquanto giram. Isso permite que o navio mude de direção ou inverta o empuxo de forma quase instantânea, sem precisar parar e reverter a rotação dos motores, o que seria um processo muito mais lento.

Aceleração brutal, movendo 9.000 toneladas em segundos

A sinergia entre as turbinas de resposta rápida e as hélices de passo controlável resulta em uma performance espantosa. Dados oficiais confirmam que um destróier da classe Arleigh Burke, mesmo pesando mais de 9.000 toneladas, pode acelerar da imobilidade total até a sua velocidade máxima, superior a 55 km/h (30 nós), em menos de 90 segundos.

Essa agilidade é uma arma. No combate naval, onde mísseis e torpedos viajam a altas velocidades, a capacidade de acelerar e mudar de curso rapidamente pode ser a diferença entre a sobrevivência e um impacto direto. A manobrabilidade superior permite que o navio se posicione melhor para atacar e, crucialmente, para se defender, desviando de ameaças que foram calculadas para atingir sua posição anterior.

Por que a LM2500 se tornou o padrão para as marinhas da OTAN?

O sucesso da turbina a gás de um navio de guerra como a LM2500 vai além da potência. A sua confiabilidade, comprovada em mais de 99% do tempo, é um legado direto da sua origem na aviação. Além disso, seu design modular e uma carcaça que se abre horizontalmente permitem que manutenções complexas sejam feitas a bordo, em poucos dias, em vez de exigir a remoção do motor, o que poderia deixar o navio parado por meses.

Esses fatores, combinados com seu desempenho, fizeram da LM2500 a escolha de 39 marinhas ao redor do mundo, incluindo as principais nações da OTAN. Essa padronização cria uma vantagem estratégica imensa. Em uma operação de coalizão, navios de diferentes países podem compartilhar peças, técnicos e instalações de reparo, aumentando a resiliência e a prontidão de toda a frota aliada.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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