Criada nos anos 1960 e inspirada em um modelo japonês de palha de arroz, a sandália mais famosa do Brasil conquistou o mundo, virou item de moda internacional e chega a custar até R$ 1.000 em versões de luxo vendidas no exterior.
A sandália mais famosa do Brasil foi criada em 1962 pela Alpargatas e teve sua inspiração em um calçado japonês tradicional, chamado zori. O modelo original era feito de palha de arroz, e esse detalhe influenciou diretamente o design brasileiro. A textura da palmilha, que imita grãos de arroz, é uma homenagem à sua origem oriental.
O primeiro modelo, conhecido como Havaianas Tradicional, tinha solado branco e tiras azuis, sendo vendido principalmente em mercados populares. Em pouco tempo, o chinelo se espalhou por todas as regiões do país, tornando-se um símbolo de simplicidade, conforto e acessibilidade.
Da simplicidade à moda global
Durante décadas, as Havaianas foram vistas como um produto básico, associado ao uso cotidiano e a camadas populares.
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No entanto, a virada começou nos anos 1990, quando a marca decidiu reposicionar o produto como ícone de estilo.
O movimento começou quase por acaso: um erro de produção gerou pares com solas invertidas e tiras coloridas, o que inspirou o lançamento de novos modelos.
Celebridades, surfistas e influenciadores da época passaram a usar o chinelo, e o que antes era um item doméstico se transformou em símbolo de moda e autenticidade.
As campanhas publicitárias focaram no humor e na diversidade, e a marca passou a ser associada à brasilidade leve, criativa e democrática.
O salto para o mercado internacional
Nos anos 2000, a Alpargatas intensificou a estratégia de exportação e consolidou as Havaianas como produto de desejo global.
Hoje, a marca está presente em mais de 100 países, com lojas em locais como Paris, Nova York, Tóquio e Sydney.
As exportações representam cerca de 10% das vendas anuais, e o nome Havaianas se tornou sinônimo de estilo de vida tropical.
Em 2023, foram vendidos mais de 226 milhões de pares, sendo 22 milhões no mercado internacional.
Desde o lançamento, já foram mais de 3,5 bilhões de pares comercializados em todo o mundo.
O sucesso da sandália ajudou a fortalecer a imagem do Brasil como país criativo e inovador na moda acessível.
O luxo e as versões exclusivas
A ascensão global permitiu que a marca criasse edições especiais e colaborações de luxo.
Em Londres, modelos decorados com cristais e metais chegaram a ser vendidos por 100 libras esterlinas (quase R$ 500).
Mais recentemente, colaborações com grifes como Dolce & Gabbana lançaram versões avaliadas em até €120 (R$ 700).
Apesar dos preços elevados no exterior, as Havaianas mantêm seu perfil duplo: um produto popular no Brasil e um item fashion premium no mundo.
Essa dualidade reforça a força cultural da marca e sua capacidade de dialogar com públicos de diferentes classes e continentes.
Economia, cultura e identidade brasileira
Além de ser um fenômeno comercial, as Havaianas representam uma síntese da identidade nacional.
Conforto, cor, diversidade e humor estão presentes em cada detalhe do produto e de suas campanhas.
A marca também é um pilar econômico relevante: movimenta bilhões de reais anualmente, sustenta milhares de empregos e responde por cerca de 80% do mercado brasileiro de chinelos de borracha.
Atualmente, mais de 200 milhões de pares são produzidos por ano na fábrica de Campina Grande (PB), com um ritmo de seis pares por segundo.
O desempenho da marca impulsiona diretamente o faturamento da Alpargatas, que registrou R$ 1,1 bilhão em receita líquida no segundo trimestre de 2024, consolidando sua liderança global no segmento.
Comparações e concorrência internacional
A força das Havaianas é tamanha que suas principais concorrentes, como Ipanema, Kenner e Crocs — assumem estratégias distintas para ocupar nichos específicos.
A Ipanema, por exemplo, foca em design moderno e preço acessível, enquanto a Kenner aposta em durabilidade e posicionamento premium.
Já a Crocs transformou o conforto em tendência mundial, mas ainda enfrenta o desafio de equilibrar moda e funcionalidade.
Mesmo diante da concorrência, as Havaianas mantêm posição dominante. Nenhuma outra marca brasileira alcançou tamanho reconhecimento internacional mantendo a essência nacional.
Essa combinação de tradição e inovação é o que sustenta o status do chinelo como um dos produtos mais emblemáticos do país.