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A Rússia colocou 75 ratos e mil moscas em um foguete e lançou uma missão no espaço — e já sabemos o motivo

Publicado em 22/08/2025 às 22:07
Soyuz-2.1b, Foguete, Ratos, Moscas
Crédito da imagem: Mil.ru / Ministério da Defesa da Federação Russa (CC BY 4.0)
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Missão Bion-M nº 2 leva 75 camundongos e milhares de organismos vivos ao espaço para estudar microgravidade e radiação cósmica durante 30 dias

O Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, foi palco de um novo marco científico. De lá partiu o foguete Soyuz-2.1b, levando para o espaço a missão Bion-M nº 2. O projeto da Roscosmos busca investigar os efeitos da microgravidade e da radiação cósmica sobre organismos vivos.

Não há astronautas a bordo, mas um conjunto diversificado de seres vivos, incluindo moscas e camundongos.

Uma tripulação variada em órbita

Assim como uma pequena versão da Arca de Noé, a nave transporta 75 camundongos, mais de 1.000 moscas-das-frutas, microrganismos, culturas de células e sementes de plantas.

Durante 30 dias, esses “bionautas” orbitarão a Terra de polo a polo. A trajetória escolhida exporá os organismos a níveis de radiação bem maiores do que os registrados na Estação Espacial Internacional.

O mini-hotel dos roedores

As verdadeiras estrelas da missão são os 75 camundongos. Eles viajam em cabines projetadas como um “mini-hotel” espacial.

Cada espaço conta com sistemas de alimentação, iluminação, ventilação e descarte de resíduos. Além disso, alguns roedores possuem chips implantados para monitoramento em tempo real de sinais vitais.

Os cientistas dividiram os camundongos em três grupos. O primeiro permanece na Terra, em condições normais.

O segundo vive em laboratório terrestre, usando o mesmo equipamento do satélite. O terceiro grupo é o que viaja no espaço.

Portanto, será possível comparar resultados e isolar os efeitos específicos do voo espacial.

Por que os camundongos?

O uso dos camundongos em pesquisas biomédicas é uma prática comum. A semelhança genética com os humanos, o ciclo de vida curto e o baixo custo de manutenção explicam essa escolha.

Além disso, para esta missão, um detalhe é fundamental: os ratos são altamente sensíveis à radiação, o que os torna perfeitos para estudos de seus efeitos.

Impactos para astronautas e para a Terra

O objetivo central é entender como a radiação cósmica afeta astronautas em futuras viagens à Lua e a Marte.

A exposição prolongada pode danificar o DNA e aumentar o risco de câncer. Os experimentos devem quantificar esses danos e testar contramedidas, como blindagem e medicamentos.

Mas as aplicações não param por aí. Os dados também podem ajudar em pesquisas médicas na Terra. A rápida perda de massa óssea e muscular dos astronautas é comparável à osteoporose e à sarcopenia.

Portanto, os resultados podem gerar novos tratamentos para essas doenças que afetam milhões de pessoas.

Pesquisas além dos camundongos

A missão também leva 16 tubos de ensaio com poeira e rochas lunares simuladas. A parceria com o Instituto Vernadsky busca entender como a radiação e o vácuo espacial afetam esses materiais.

A pesquisa é vista como um passo importante para futuros projetos de construção de bases lunares.

Outros experimentos vão explorar a suscetibilidade de diferentes organismos à radiação, desenvolver novos sistemas de suporte à vida e avaliar possíveis benefícios médicos resultantes da biologia espacial.

O legado do Bion-M nº 1

Esta missão dá continuidade ao trabalho iniciado pelo Bion-M nº 1, lançado em 2013. Assim como sua antecessora, ela deve permanecer 30 dias em órbita.

No entanto, a diferença está na inclinação da trajetória: agora, 97 graus. Essa escolha aumenta ainda mais a exposição à radiação cósmica e amplia os dados coletados.

Pesquisas que já têm história

Não é a primeira vez que o espaço serve como laboratório para a vida. Em outras ocasiões, cientistas estudaram riscos relacionados à fertilidade em camundongos.

Pesquisadores japoneses chegaram até a investigar se a reprodução seria possível em condições espaciais, usando embriões desses animais.

O Bion-M nº 2, portanto, soma-se a uma longa tradição de missões científicas. Seu foco é claro: transformar a órbita terrestre em um campo de testes para entender como a vida reage a ambientes extremos e preparar a humanidade para voos ainda mais ambiciosos.

Com informações de Xataka.

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Romário Pereira de Carvalho

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