Com uma festa que atrai 30 mil pessoas e produtos inovadores, pequeno município gaúcho transforma fruta exótica em uma economia milionária e vira modelo nacional.
No coração do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, a pequena cidade de Sério, com menos de dois mil habitantes, reescreveu seu destino econômico. O que antes era um município focado na agricultura tradicional, como bovinocultura de leite e avicultura, hoje é o polo nacional de uma fruta exótica: a pitaya. A aposta em uma única cultura não só deu uma nova identidade à cidade, mas também forjou uma economia milionária, impulsionada por inovação industrial e um evento turístico de proporções gigantescas.
Esta transformação é resultado de uma estratégia meticulosamente planejada que une poder público, produtores rurais e academia. Ao invés de apenas vender a fruta in natura, a cidade investiu na criação de produtos de alto valor agregado e consolidou sua marca como a “Terra da Pitaya”. O sucesso é celebrado anualmente em uma festa que atrai um público quinze vezes maior que sua população, provando que o planejamento estratégico pode converter um produto de nicho em um motor de desenvolvimento regional completo.
A origem de um polo: como Sério se tornou a “Terra da Pitaya”
Até poucos anos atrás, a economia de Sério era sólida, mas sem grandes diferenciais, com 95% de sua atividade concentrada na agricultura convencional. A virada começou por volta de 2017, quando a administração municipal, em uma iniciativa visionária, incentivou o cultivo da pitaya. De acordo com informações do portal Grupo A Hora, um grupo inicial de sete famílias de agricultores abraçou a ideia, apostando em uma fruta até então praticamente desconhecida na região. O risco calculado mostrou-se um acerto monumental.
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A consolidação da nova identidade veio em 2021, com a aprovação de uma lei que oficializou Sério como “A Terra da Pitaya”. Conforme detalhado pelo Grupo A Hora, essa não foi uma medida simbólica, mas a base legal que permitiu justificar investimentos públicos e unir a comunidade em torno de um objetivo comum. A marca fortaleceu a imagem da cidade e abriu caminho para a criação de um evento que se tornaria a principal vitrine do município, solidificando sua posição como referência na produção da fruta.
Da safra à indústria: a estratégia de valor agregado
A base da economia milionária de Sério começa no campo, mas seu grande diferencial está na indústria. Hoje, a cidade conta com cerca de 10 produtores que cultivam mais de 10.000 pés da fruta em uma área de 6 hectares. A produção anual, segundo o Grupo A Hora, chega a 90 toneladas, o que representa um valor bruto de aproximadamente R$ 900.000,00 apenas com a venda da fruta fresca. No entanto, os líderes locais entenderam que o verdadeiro potencial estava em não depender apenas da matéria-prima.
A estratégia de agregar valor foi impulsionada por uma parceria decisiva com o Instituto Tecnológico em Alimentos para Saúde (itt Nutrifor) da Unisinos. O site da universidade confirma que essa colaboração foi fundamental para o desenvolvimento de produtos inovadores que colocaram Sério em destaque nacional. O resultado mais notável foi o lançamento do primeiro refrigerante de pitaya do Brasil, além da criação de vinho e espumante da fruta. Paralelamente, agroindústrias familiares desenvolveram chopes, geleias e pães, diversificando a oferta e garantindo que uma fatia maior do lucro permaneça na economia local.
A festa que multiplica a economia e o orgulho local
O ápice do modelo de Sério é a Feira da Pitaya, um evento que transcendeu as fronteiras municipais e se tornou um fenômeno regional. Com uma programação que inclui shows de artistas de renome nacional, exposições e encontros de negócios, a feira é o motor que impulsiona o turismo e a visibilidade da cidade. A organização, uma parceria entre a prefeitura e a associação comercial, transformou a celebração da colheita em uma poderosa ferramenta de desenvolvimento.
O impacto do evento é impressionante. Segundo dados do portal Vale Mais RS, a segunda edição da feira, em março de 2024, atraiu mais de 30.000 visitantes. Esse número não apenas injeta um capital significativo no comércio local, mas também funciona como uma plataforma de lançamento para novos produtos e um amplificador da marca “Terra da Pitaya”. A festa é, portanto, mais do que um resultado do sucesso agrícola; é seu principal catalisador, criando um ciclo virtuoso onde turismo, inovação e orgulho comunitário se retroalimentam.
O modelo de Sério, que une agricultura, inovação e turismo, pode ser um caminho para outras pequenas cidades? Acredita que focar em um único produto é uma estratégia de risco ou uma aposta genial? Compartilhe sua opinião nos comentários, queremos saber o que você pensa!