Obra estratégica no Ceará conecta o Projeto São Francisco ao Castanhão, com parque de automação, túneis e aquedutos entrega prevista para 2027 e capacidade de atender milhões de pessoas.
No sertão do Ceará, onde cada estiagem cobra seu preço histórico, avança a construção do Ramal do Salgado uma infraestrutura hídrica de grande porte que promete levar água, segurança e previsibilidade para 54 municípios. Mais de R$ 600 milhões estão mobilizados em uma solução que une canais, túneis em rocha, aquedutos elevados e controle operacional em tempo real.
A ligação, derivada do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), tem como função reforçar o abastecimento do açude Castanhão e encurtar o caminho da água em relação às derivações tradicionais. Se entregue no prazo, em 2027, o sistema poderá beneficiar diretamente até 4,7 milhões de pessoas no Ceará, reduzindo o risco de colapso hídrico em áreas urbanas e rurais.
O que é o Ramal do Salgado e onde passa
O Ramal do Salgado é um braço do PISF, concebido para encurtar em cerca de 150 km o trajeto da água rumo ao Castanhão, principal reservatório do estado.
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Ele se deriva no reservatório Jati (conexão com o Eixo Norte) e percorre regiões críticas no sul do estado, como Lavras da Mangabeira e Ipueiras/Palmeirim*, até se integrar ao Cinturão das Águas do Ceará (CAC/CAQ), que redistribui os volumes pelo território.
A obra tem extensão total próxima de 36 km, sendo aprox. 34 km de percurso hídrico efetivo. A função é estrutural: criar redundância de segurança hídrica para o Ceará, diminuir perdas de percurso e elevar a confiabilidade do sistema de abastecimento em períodos de seca severa.
Quanto custa e quem está por trás
Com investimento estimado acima de R$ 600 milhões, o projeto reúne recursos federais (Novo PAC) e execução em parceria com estruturas estaduais de recursos hídricos.
O canteiro principal próximo a Lavras da Mangabeira funciona como hub logístico para cimento, aço, agregados e aditivos, garantindo abastecimento constante às frentes simultâneas.
Mais de 1.000 trabalhadores e centenas de equipamentos atuam no traçado. O modelo de fiscalização é rigoroso, com auditorias e controles periódicos, padronização de métodos e cláusulas de desempenho para os consórcios, buscando qualidade de execução e transparência ao longo do ciclo da obra.
Como a engenharia faz a água chegar
A solução combina canais a céu aberto, túneis escavados em rocha cristalina, sifões invertidos para travessia de vales e cursos d’água intermitentes, além de aquedutos elevados que vencem desníveis com treliças e pilares de até 20 m. É engenharia de precisão: cada trecho exige compatibilização fina entre geologia, hidráulica e estruturas.
O controle operacional integra comportas metálicas, telemetria e automação, permitindo monitoramento de vazões, níveis e pressões em tempo real. Tudo converge ao SECOI, o centro de controle integrado que orquestra a operação no Ceará.
O objetivo é oferecer resposta rápida a eventos climáticos e flexibilidade na distribuição, reduzindo riscos de desabastecimento.
Cronograma, avanço físico e marcos já entregues
Até o momento, não há consenso sobre o percentual de avanço: estimativas federais falam em patamar superior a 20%, enquanto métricas estaduais apontam cerca de 10,45% ambas convergem ao diagnóstico de fase inicial. A previsão de entrega é junho de 2027, condicionada a clima, geologia e manutenção do ritmo de obras.
Entre os marcos de execução, já há escavações relevantes de túneis, pilares de aquedutos montados e concretagens em trechos de canal a céu aberto.
A estratégia de construção segmentada, com frentes independentes e padrões construtivos unificados, busca reduzir atrasos num terreno de baixa previsibilidade e variabilidade geotécnica.
O impacto esperado para o Ceará
Ao encurtar o caminho da água e reforçar o Castanhão, o Ramal do Salgado tende a estabilizar o abastecimento em municípios urbanos e áreas rurais do Ceará. Segurança hídrica gera previsibilidade para agroindústria, cadeias produtivas e serviços essenciais, abrindo janela para novos investimentos e tração econômica no semiárido.
Para a população, o efeito mais imediato é reduzir o risco de racionamentos e dar resiliência ao sistema em anos de seca forte.
No médio prazo, a água contínua pode alavancar renda agrícola, diversificar atividades locais e melhorar indicadores sociais um salto qualitativo quando a água não apenas chega, mas permanece.
Desafios técnicos e de governança
Os trechos em rocha cristalina demandam perfuração com explosivos e revestimentos de alta durabilidade, enquanto as travessias por sifões exigem montagens milimétricas em concreto armado. Ventania, amplitude térmica e cheias eventuais impõem soluções robustas em pilares, fixações e juntas dos aquedutos.
No plano institucional, a complexidade contratual e o volume de recursos exigem fiscalização contínua e ajustes de cronograma.
Metas claras, indicadores de desempenho e comunicação transparente com os municípios beneficiados são essenciais para entregar 2027 com funcionalidade plena e operar o sistema com eficiência no Ceará.
O que muda na vida real
Se o cronograma for cumprido com qualidade, o Ceará ganha um duto de estabilidade: menos caminhões-pipa, menos improviso, mais confiabilidade.
Para quem vive no semiárido, isso significa planejar safras, evitar perdas, manter escolas e postos de saúde funcionando sem sobressaltos o tipo de transformação silenciosa que fixa famílias e oportunidades no território.
A obra, por sua escala e desenho, passa a integrar o mapa hídrico nacional com alto impacto social por real investido. A engenharia é o começo; a gestão operacional e territorial é o que converte infraestrutura em qualidade de vida.
O Ramal do Salgado sintetiza uma política de segurança hídrica pensada para o longo prazo no Ceará: trajeto mais curto, controle automatizado e redundância estratégica para o Castanhão. Entregar no prazo e com desempenho é o que separa a promessa da mudança concreta na rotina de milhões.
Você concorda com essa mudança? Acha que isso impacta o mercado? Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem vive isso na prática.