Com prejuízos ao crime organizado que superam os R$ 345 milhões e a apreensão de 33 aeronaves e 123 dragas, a nova corrida pelo ouro na Amazônia, embora diferente, já supera em alguns aspectos a escala do garimpo dos anos 80.
A imagem de Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto da história, ainda assombra a memória do Brasil. Nos anos 80, dezenas de milhares de homens cavaram uma cratera colossal no Pará em busca do sonho da riqueza. Hoje, a Amazônia vive uma nova febre do ouro, levantando a questão: estaria a região testemunhando o surgimento de uma nova Serra Pelada?
A comparação entre os dois fenômenos revela um cenário complexo. Se por um lado a Serra Pelada original foi um espetáculo de força humana concentrada, a corrida atual pelo ouro é marcada pela tecnologia, logística avançada e uma escala de operação difusa, mas igualmente impactante, medida em números de operações policiais e prejuízos milionários ao crime.
Serra Pelada (anos 80): relembrando a escala da extração manual e do “formigueiro humano”
A Serra Pelada original, que atingiu seu auge na década de 1980, tornou-se um mito mundial. As fotos de Sebastião Salgado imortalizaram a imagem das “formigas humanas”, dezenas de milhares de garimpeiros que, de forma quase que totalmente manual, escavaram e moveram milhões de toneladas de terra em busca de ouro.
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O trabalho era rudimentar, baseado na força bruta, com homens carregando sacos pesados de minério em escadas de madeira improvisadas, conhecidas como “adeus mamãe”.
A escala era visual e humana: uma única e gigantesca cratera que crescia a cada dia pela ação de milhares de indivíduos, um testemunho da ambição e da resistência física em condições extremas.
A corrida pelo ouro hoje: a nova escala com dragas, tratores e logística avançada
Diferente do garimpo manual de décadas atrás, a exploração de ouro na Amazônia hoje é mecanizada e tecnologicamente equipada.
O garimpo ilegal utiliza um arsenal de dragas, tratores e escavadeiras para revolver o leito dos rios e o solo da floresta, causando um impacto ambiental muito mais rápido e extenso.
A logística também evoluiu drasticamente. A operação moderna conta com pistas de pouso clandestinas, redes de comunicação via satélite e uma complexa cadeia de abastecimento para levar combustível e suprimentos às áreas remotas.
Esse avanço tecnológico permite que a extração ocorra em locais antes inacessíveis, ampliando o alcance da devastação.
O confronto em números: prejuízo de R$ 345 milhões ao crime e toneladas de equipamentos apreendidos
A resposta do Estado à nova Serra Pelada revela a magnitude da operação criminosa. A Operação Catrimani II, realizada entre abril de 2024 e abril de 2025 na Terra Indígena Yanomami, oferece um panorama da escala do garimpo moderno:
Prejuízo ao crime: mais de R$ 345 milhões em perdas para as organizações criminosas.
Aeronaves: 33 aeronaves que davam suporte à logística do garimpo foram apreendidas.
Maquinário pesado: 123 balsas e dragas foram apreendidas ou inutilizadas.
Infraestrutura: 508 acampamentos ilegais e 53 pistas de pouso clandestinas foram destruídos.
Insumos e minério: mais de 186 mil litros de combustível, 34 kg de ouro e 158 toneladas de cassiterita foram apreendidos.
Esses números mostram uma operação industrial, muito distante da imagem do garimpeiro individual de Serra Pelada.
Uma cratera colossal no Pará contra uma devastação difusa na Amazônia
A maior diferença entre os dois fenômenos está em sua distribuição geográfica. Serra Pelada era um ponto único e concentrado, uma cratera visível do espaço.
A exploração atual, por outro lado, é um problema difuso. Não há uma única “nova Serra Pelada”, mas sim milhares de pontos de garimpo espalhados por vastas áreas da Amazônia.
Somente na Terra Indígena Yanomami, por exemplo, foram abertos 50 hectares de novas áreas de garimpo entre julho e setembro de 2024.
A destruição hoje é menos concentrada em um único ponto, mas o somatório de suas áreas pode representar um impacto territorial muito maior, como um câncer que se espalha pela floresta.
É uma nova Serra Pelada? As diferenças na organização e no impacto econômico da exploração moderna
Embora a busca pelo ouro seja a mesma, a organização por trás da exploração mudou radicalmente. O garimpo moderno é frequentemente financiado e protegido por facções do crime organizado, que usam a atividade para lavar dinheiro e expandir sua influência.
A escala econômica também é diferente. Na Serra Pelada original, a riqueza, embora volátil, circulava de forma mais direta entre os garimpeiros.
Hoje, o lucro principal da atividade ilegal tende a se concentrar nas mãos dos financiadores e líderes das redes criminosas, que operam com uma lógica empresarial.
Portanto, embora o termo nova Serra Pelada evoque o passado, o fenômeno atual é mais complexo, tecnificado e perigosamente integrado a estruturas criminosas de grande porte.
Só é divulgado as quadrilhas de dentro do Brasil , mas esquecem das milhares quadrilhas disfarçadas de ONGs de enchem os bolsos dos políticos corruptos .
Eu gostaria de saber, quais as empresas à que estão destinadas a extração desse minérios nesse local?
O Brasil esta dominado por quadrilhas: quadrilhas de agiotas, quadrilhas de **** e quadrilhas do crime organizado.
Todas elas estão com as garras cravadas nas entranhas do pais, e vão corroendo por dentro o combalido Brasil.
O baixo nível moral dos dirigentes levaram o pais ao estado deplorável em que se encontra.