Com um crescimento econômico que superou os 43% em 2024, a pequena nação sul-americana virou um gigante do petróleo com a descoberta de 11 bilhões de barris de petróleo, mas a riqueza recém-descoberta reacendeu uma disputa territorial que ameaça a estabilidade da fronteira norte do Brasil.
A Guiana, uma pequena nação na costa nordeste da América do Sul, tornou-se o centro das atenções no cenário energético global. A descoberta de 11 bilhões de barris de petróleo em suas águas, principalmente no Bloco Stabroek, está transformando a economia do país em um ritmo sem precedentes. Liderada pela gigante americana ExxonMobil, a exploração transformou a Guiana no país com o maior crescimento do mundo.
No entanto, essa nova riqueza trouxe à tona uma antiga e perigosa disputa territorial. A vizinha Venezuela intensificou sua reivindicação sobre a região do Essequibo, área que corresponde a dois terços do território da Guiana e onde se encontram os ricos campos de petróleo. A escalada da tensão militar na fronteira tem gerado preocupação e uma resposta direta do Brasil, que busca garantir a estabilidade na região.
O tesouro do Bloco Stabroek: como a ExxonMobil encontrou as reservas de 11 bilhões de barris desde 2015
A história da ascensão da Guiana como potência petrolífera começou em maio de 2015, com a primeira grande descoberta da ExxonMobil, em consórcio com a Hess e a CNOOC, no poço Liza-1. Desde então, os sucessos exploratórios no Bloco Stabroek, uma área offshore de 26.800 km², não pararam.
-
Mansão deixada por Preta Gil impressiona com vista panorâmica para o mar e vira alvo de rumores de venda por cerca de R$ 15 milhões
-
Maior fazenda da América Latina fica no Brasil: tem 6.000 m², 52 quartos, 12 salões e 365 janelas — construída entre 1760 e 1780, possui capela e cachoeira próprias
-
Ilha secreta com água doce e sombra em São Paulo custa R$ 25 para visitar e parece uma praia no meio da cidade
-
Com 70 metros de altura e 140 de extensão, ponte mais perigosa do mundo desafia até os mais corajosos com sua travessia instável e vista impressionante
Até março de 2024, já haviam sido confirmadas mais de 30 descobertas de petróleo no bloco, incluindo os campos de Payara (janeiro de 2017), Turbot (outubro de 2017) e Hammerhead (agosto de 2018). As reservas totais recuperáveis no país já ultrapassam os 11 bilhões de barris de óleo equivalente, um volume que colocou a Guiana definitivamente no mapa mundial de energia.
A escalada da produção: os 668.000 barris por dia em abril de 2025 e a chegada do navio ONE GUYANA
A produção de petróleo na Guiana, que era zero antes de 2019, cresce em um ritmo impressionante. Em abril de 2025, a produção diária já alcançava uma média de 668.000 barris por dia, distribuída entre os projetos Liza Fase 1, Liza Fase 2 e Payara.
A expansão continua acelerada. Também em abril de 2025, chegou ao país o navio-plataforma (FPSO) ONE GUYANA, destinado ao projeto Yellowtail. A
expectativa é que este novo projeto comece a produzir no terceiro trimestre de 2025, adicionando mais 250.000 barris por dia à capacidade do país e elevando a produção total para perto de 900.000 barris diários.
O boom econômico: o crescimento de 43,6% do PIB em 2024 e o fundo de US$ 3,3 bilhões
O impacto da descoberta de 11 bilhões de barris de petróleo na economia da Guiana tem sido extraordinário. Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o país teve a maior taxa de crescimento do mundo nos últimos anos. Em 2024, o PIB real do país cresceu 43,6%.
As receitas do petróleo são gerenciadas pelo Fundo de Recursos Naturais (NRF) do país. No final de 2024, o fundo já acumulava US$ 3,1 bilhões.
Em março de 2025, o saldo já havia subido para US$ 3,3 bilhões. Essa riqueza repentina, no entanto, traz o desafio de evitar a chamada “maldição dos recursos” e garantir que os benefícios cheguem a toda a população.
A disputa pelo Essequibo: a crise militar que começou em 2023 e a resposta do Brasil
A riqueza do subsolo reacendeu a centenária disputa territorial com a Venezuela pela região do Essequibo. Em dezembro de 2023, o governo venezuelano realizou um referendo para anexar a área e, desde então, tem aumentado sua presença militar na fronteira. Em março de 2025, um navio de guerra venezuelano chegou a se aproximar de uma plataforma da ExxonMobil em águas guianenses.
A situação levou a uma resposta firme do Brasil. Desde o final de 2023, o Exército Brasileiro tem reforçado sua presença na fronteira norte, em Roraima, com o envio de veículos blindados e o aumento do efetivo na região para cerca de 600 soldados.
O objetivo é evitar que o conflito transborde para o território nacional e garantir a estabilidade na América do Sul. A Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinou em maio de 2025 que a Venezuela se abstenha de qualquer ação que mude o status da região, mas a tensão continua.
Guiana no mapa do petróleo: a descoberta de 11 bilhões de barris de petróleo e o que isso significa para o mercado global
A ascensão da Guiana está mudando o cenário energético. Com uma população de apenas 800.000 habitantes, o país possui uma das maiores reservas de petróleo per capita do mundo, superando nações como a Arábia Saudita nesse quesito. Estima-se que, até 2027, a Guiana produzirá mais petróleo por pessoa que o Kuwait.
Como um produtor não-membro da OPEP, a Guiana adiciona uma nova fonte de oferta ao mercado, o que contribui para a diversificação e a segurança energética global.
Os Estados Unidos, por exemplo, já se tornaram um importante cliente: em março de 2025, a Guiana exportou 148.000 barris por dia para o mercado americano. A descoberta de 11 bilhões de barris de petróleo não só transformou a Guiana, mas também criou um novo e importante ator no complexo tabuleiro geopolítico da energia.