Com startups imprimindo casas com garrafas PET e universidades criando concreto a partir de resíduos, a impressão 3D na construção avança rapidamente, prometendo revolucionar uma das indústrias mais tradicionais do mundo.
Uma nova revolução está em andamento nos canteiros de obras. A máquina que imprime prédio deixou de ser um conceito de ficção científica para se tornar uma realidade promissora. Em 2025, startups e centros de pesquisa ao redor do mundo, incluindo um notável polo de inovação na Lituânia, estão desenvolvendo tecnologias para construir casas e edifícios de forma mais rápida, barata e, principalmente, mais sustentável, usando resíduos da construção e plástico reciclado como matéria-prima.
Enquanto o mercado global de construção 3D vive um período de crescimento explosivo e, ao mesmo tempo, de uma necessária reorganização, com algumas empresas fechando as portas, outras avançam com projetos impressionantes. A promessa é clara: reduzir o enorme volume de lixo gerado pela construção civil e oferecer uma solução para a crise de moradia, um tijolo (ou melhor, uma camada de impressão) de cada vez.
O segredo da Lituânia: a “máquina” que na verdade é um projeto da Universidade de Kaunas (KTU) para criar concreto com resíduos industriais
A busca por uma “máquina da Lituânia” que imprime prédios com resíduos da construção civil leva a um centro de pesquisa avançada. A Universidade de Tecnologia de Kaunas (KTU) é o epicentro de um ecossistema de inovação focado em desenvolver materiais de construção sustentáveis. O projeto mais importante, chamado TRANSITION e financiado pela União Europeia, busca criar um concreto de alto desempenho usando cinzas de xisto betuminoso, um resíduo de usinas de energia, para substituir o cimento tradicional, que é um grande emissor de CO₂.
-
Fim dos radares: rodovias ficam sem monitoramento e apela para boa vontade dos motoristas
-
Estudante de 17 anos resolveu um problema de matemática que estava sem solução há 45 anos — mundo científico está impressionado com a genialidade da jovem
-
Por que três irmãos idênticos foram adotados por famílias diferentes e filmados por anos sem saberem? O mistério que só será revelado em 2065
-
Uber libera novidade para 100% do Brasil após testes restritos em apenas 34 cidades com maior demanda
A estratégia da Lituânia não é construir a impressora em si, mas sim desenvolver e patentear a “receita” do material. A ideia é criar uma mistura que possa ser usada em diferentes tipos de impressoras 3D, posicionando o país como um fornecedor de tecnologia de materiais para toda a indústria global.
Crescimento explosivo, a crise que levou a demissões na gigante ICON e o sucesso da loja Starbucks impressa em 3D
O ano de 2025 tem sido um teste de realidade para o mercado de construção 3D. As projeções de crescimento são impressionantes, com algumas análises apontando para uma taxa de crescimento anual de mais de 100%. Projetos de alto perfil validam a tecnologia, como a primeira loja Starbucks impressa em 3D, inaugurada em abril de 2025 no Texas, cuja estrutura foi impressa em apenas seis dias.
No entanto, o setor também enfrenta uma crise de amadurecimento. Em fevereiro de 2025, a ICON, empresa mais famosa do setor, demitiu 25% de sua força de trabalho. Outras startups bem financiadas, como a Mighty Buildings e a Diamond Age, anunciaram que estavam buscando compradores ou entrando em liquidação. Isso mostra que, embora a tecnologia funcione, os modelos de negócio ainda estão sendo testados.
As duas tecnologias que disputam o futuro da máquina que imprime prédio
A busca por sustentabilidade na construção 3D segue dois caminhos principais. O primeiro é a evolução do concreto, tornando-o de baixo carbono. A ICON faz isso com seu material CarbonX, e a universidade KTU, com seus estudos sobre resíduos industriais. A ideia é substituir o cimento, grande poluidor, por outros materiais.
O segundo caminho é mais radical: substituir o concreto por completo. A grande pioneira dessa abordagem é a startup americana Azure Printed Homes, que usa plástico reciclado. A escolha entre essas duas tecnologias vai definir o futuro da máquina que imprime prédio e da construção sustentável.
O caso da Azure Homes: a startup que imprime casas com 100.000 garrafas plásticas e já vale US$ 88 milhões em 2025
A Azure Printed Homes é o exemplo mais bem-sucedido da revolução dos materiais. A empresa utiliza um material composto por mais de 60% de plástico reciclado, vindo de garrafas PET e outras embalagens, misturado com fibra de vidro para dar resistência.
O processo é diferente: em vez de imprimir no local, a Azure usa robôs em sua fábrica em Los Angeles para imprimir módulos que depois são montados no terreno. A empresa afirma que cada estúdio de 11 m² reutiliza o plástico de 100.000 garrafas de água. O sucesso é inegável: em abril de 2025, a empresa já tinha US$ 35 milhões em pré-encomendas e, em maio de 2025, foi avaliada em US$ 88 milhões.
Os números que mostram a promessa da impressão 3D na construção civil
A impressão 3D ataca os maiores problemas da construção tradicional. Os benefícios, em números, são claros:
Velocidade: a construção pode ser de 30% a 50% mais rápida. A estrutura de uma casa pode ser impressa em menos de 24 horas.
Custo: a automação pode reduzir os custos de mão de obra em até 80% e os de material em até 60%, pois quase não há desperdício.
Sustentabilidade: a indústria da construção tradicional é um dos maiores geradores de lixo do mundo. Em 2018, os EUA geraram 600 milhões de toneladas de detritos. A impressão 3D reduz drasticamente esse número, além de permitir o uso de materiais reciclados.